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    ‘Estou aqui para representar’, diz Gwen Berry após erguer o punho nas Olimpíadas

    Ao ser apresentada ao estádio, Berry ergueu o punho cerrado. Mais tarde, ela afirmou que estava protestando contra a injustiça social e racial

    Gwen Berry afirmou que estava protestando contra a injustiça social e racial
    Gwen Berry afirmou que estava protestando contra a injustiça social e racial Foto: Matthias Schrader/AP

    Ben Church, da CNN

    A arremessadora de martelo norte-americana Gwen Berry afirmou que está “pronta para mudar algumas coisas de verdade” depois de levantar o punho antes da final do arremesso de martelo feminino nas Olimpíadas de Tóquio nesta terça-feira (3).

    Ao ser apresentada ao estádio, Berry ergueu o punho cerrado. Mais tarde, ela afirmou que estava protestando contra a injustiça social e racial.

    “Estou aqui apenas para representar, cara”, disse ela a repórteres. “Conheço muitas pessoas como eu, muitos atletas como eu, muitas pessoas têm medo de ter sucesso ou se manifestar. Contanto que eu possa representar essas pessoas, estou bem.”

    Berry falou abertamente sobre questões sociais no passado e tem um histórico de protestos em grandes eventos de atletismo.

    Histórico de protestos

    Depois de se classificar para sua segunda Olimpíada, em junho, a atleta de 32 anos se virou de costas para a bandeira americana enquanto o hino nacional tocava durante a cerimônia de medalha e colocou uma camiseta com as palavras “atleta ativista” acima de sua cabeça.

    Em 2019, ela também perdeu alguns de seus patrocínios depois de levantar o punho em protesto no pódio dos Jogos Pan-americanos do Peru.

    Gewn Berry
    Foto: Matthias Schrader/AP

    Ela recebeu uma punição do Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos pelo ato, que, segundo ela, tinha como objetivo destacar a injustiça social na América.

    Regra contra protestos nas Olimpíadas

    A regra 50 do Comitê Olímpico Internacional proíbe os atletas de protestar em locais olímpicos.

    Após uma revisão de 10 meses da regra que foi concluída em abril, o órgão decidiu mantê-la, mas em julho adicionou uma alteração permitindo que os atletas expressassem suas opiniões em zonas mistas, conferências de imprensa e durante entrevistas, bem como antes do início de competição.

    “Tentamos respeitar as opiniões de todos os atletas; demos a eles mais oportunidades de se expressarem. Criamos possibilidades antes que o esporte comece para se fazer protestos”, disse o porta-voz do COI, Mark Adams, na segunda-feira (2).

    Gwen Berry
    Foto: David J. Phillip/AP

    Berry não descartou um protesto no pódio, mas não conseguiu encontrar sua melhor forma durante a final e terminou fora dos lugares de medalha, em 11ª.

    “Estou me sentindo cansada, cara, estou meio abalada. Sinto que meu corpo simplesmente não funcionava e estava desligando demais”, acrescentou ela, falando sobre sua performance. “Então, quando chegou a hora de agarrar, eu simplesmente não confiei em mim o suficiente para ir. Não estou com raiva de mim mesmo. Venci muitos medos hoje.”

    ‘As pessoas me odeiam quando eu tenho sucesso’

    Berry recebeu muitas críticas por seu protesto nos testes olímpicos no início deste ano, com políticos como o senador republicano Ted Cruz e o deputado Dan Crenshaw entre seus críticos.

    No entanto, em resposta às pessoas nas redes sociais que expressaram alegria depois que ela não conseguiu ganhar uma medalha em Tóquio, Berry não se desculpou.

    Gwen Berry
    Foto: David J. Phillip/AP

    “As pessoas me odeiam quando tenho sucesso. As pessoas me mostram ódio quando não tenho”, escreveu ela em sua conta no Twitter. “De qualquer forma… Minha mensagem ainda permanece. Eu ainda serei uma defensora da MUDANÇA e da JUSTIÇA SOCIAL.”

    Participação em Paris

    Berry não descartou competir nos Jogos de Paris em 2024, mas insistiu que agora quer usar seu tempo para começar a ajudar as pessoas que mais precisam.

    Ela disse anteriormente que seu desejo de se posicionar contra a desigualdade social é mais importante do que o impacto que isso pode ter em sua carreira.

    “A Universidade do Estado do Tennessee ofereceu a mim e ao meu filho uma viagem completa para irmos lá. Vou fazer meu mestrado, estarei treinando. Vou continuar por mais alguns anos, e então estou pronta para começar a trabalhar, cara. Estou pronta para mudar algumas coisas de verdade”, disse a atleta. “Estou cansada de ficar longe da minha família, cansada de me sacrificar por este esporte que não nos paga. Mas vou ajudar meu pessoal, é o que estou fazendo primeiro. Sou mais do que uma atleta. Sou apenas uma pessoa diferente agora.”

    Defesa de Raven Saunders

    Em declarações aos repórteres após a final na terça-feira, Berry também elogiou a arremessadora de peso americana Raven Saunders, que fez um gesto após ganhar a medalha de prata no domingo (1º).

    A atleta de 25 anos levantou as mãos e as cruzou em um X enquanto ela e suas colegas vencedoras de medalhas posavam para fotos.

    Raven Saunders
    Raven Saunders fez gesto no pódio em Tóquio
    Foto: Francisco Seco/AP

    O COI disse que estava analisando o gesto que Saunders fez no pódio, que foi uma potencial violação das regras que proíbem protestos em pódios de medalhas.

    “Acho ridículo que o COI esteja realmente prestando atenção a isso apenas porque ela fez isso no final de tudo”, disse Berry. “Ela literalmente respeitava todo mundo no pódio. Foi um pouco antes de eles subirem no pódio que ela tirou a foto. Por isso, sinto que ela não deve ser punida e espero que fique com a medalha.”

    (Este texto foi traduzido do inglês; leia aqui o original)