Daniel Alves: ‘todo protesto pacífico é bem-vindo para o ser humano evoluir’
Jogador do São Paulo falou sobre racismo e a onda de manifestações ao redor do mundo contra a morte de George Floyd
O lateral-direito Daniel Alves, do São Paulo, falou à CNN na tarde desta quarta-feira (3) sobre racismo e as manifestações que acontecem nos Estados Unidos devido à morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco durante uma abordagem na cidade de Minneapolis, nos EUA.
Para o jogador, “é importante não generalizar”, pois nem todos os brancos são racistas, mas é preciso focar na punição das pessoas que cometem atitudes racistas.
“Todo protesto pacífico é bem-vindo para o ser humano evoluir e crescer nas lutas. Infelizmente, tivemos que chegar a um extremo para as manifestações serem generalizadas. Acho que temos que ser um pouco mais antecipados a certo tipo de coisa para não termos que chegar a esses extremos”, disse.
Daniel Alves foi alvo de racismo na Europa em 2014, quando jogava pelo Barcelona. Na partida, um torcedor atirou uma banana no atleta, que pegou a fruta, comeu e seguiu jogando. A cena infelizmente não é inédita no futebol.
Sobre o acontecimento, o jogador falou que não desejou se “supermanifestar para não dar a importância ao infrator”.
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O jogador disse ainda que “não se soluciona rancor e ódio com ódio; se combate com amor, perdão e paz. (…) Eu sempre sou a favor da exigência pacífica dos direitos”, afirmou o lateral.
Perguntado sobre o que acha dos atletas e personalidades que ainda não se manifestaram a respeito do movimento antirracista, Daniel Alves disse que o que combate o racismo são ações e não posições nas redes sociais.
Ele citou a atitude de Kellie Chauvin, que pediu o divórcio do policial Derek Chauvin responsável pela morte de Floyd.
“Para mim, a ação da esposa desse infrator ter pedido divórcio é uma grande atitude. Eu não quero estar com racista. Essa é uma atitude valiosa para mim. Senão é muito fácil você colocar uma postagem e achar que seu trabalho está feito. Não, seu trabalho está feito quando você executa”, falou.
Daniel falou também que é importante “que a gente [brasileiros] tome uma posição sem ter que chegar a um extremo de fora [do exterior] ou sem ter vozes de lá [do exterior] para mandar recados para o mundo”.
“A gente também tem que mandar [recados], porque atravessamos isso todos os dias nas favelas, no cotidiano”, disse.
(Edição: André Rigue)