Conheça os esportes que estreiam na Olimpíada de Tóquio
Caratê, escalada esportiva, skate e surfe serão disputados pela primeira vez na história dos Jogos
- 1 de 8Gabriel Medina será um dos representantes do surfe brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio
- 2 de 8A brasileira Leticia Bufoni é um dos maiores nomes do skate da atualidade. A atleta representará o Brasil nas Olimpíadas de 2021
- 3 de 8As surfistas Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima, no feminino, garantiram vaga para competir contra países tradicionais no esporte: os EUA, a Austrália e a África do Sul
-
- 4 de 8Depois do judô e do taekwondo, o caratê é o terceiro esporte olímpico que segue o sistema de faixas. Não há representante brasileiro nesta categoria, em Tóquio
- 5 de 8Não há brasileiros classificados para Tóquio 2020, mas será possível assistir a grandes nomes
- 6 de 8Campeonato Brasileiro de Boulder, em 2019, reuniu mais de 100 atletas em Curitiba. Modalidade será disputada pela primeira vez nas Olimpíadas
-
- 7 de 8Dos 80 skatistas classificados para Tóquio 2020, 12 são brasileiros. Entre os destaques, estão Kelvin Hoefler e Letícia Bufoni
- 8 de 8A estreia do esporte no Japão não poderia ser mais conveniente, já que a arte marcial tem origem nas ilhas de Okinawa no século XVII
Os Jogos Olímpicos de Tóquio em julho terão uma série de novidades. Por conta da pandemia de Covid-19, atletas serão testados diariamente, o uso de máscaras será obrigatório e os estádios poderão ser ocupados apenas por residentes no Japão.
Para além dos protocolos sanitários, a Olimpíada também terá estreias nos esportes, somando 33. Caratê, escalada esportiva, skate e surfe são inéditos. Tratam-se de novos frontes por medalhas. Em alguns casos, com brasileiros na dianteira: ao todo, 16 atletas no skate e surfe.
Já beisebol e softbol retornam após um hiato de 13 anos, quando foram disputados pela última vez em 2008. Fecham a lista categorias novas de esportes já consagrados: o basquete 3×3, jogo em trios em meia quadra, e o BMX freestyle, competição de manobras livres de bicicleta. Na Paralimpíada, que ocorre em agosto, badminton e taekwondo são as novidades da edição.
Conheça os esportes, as regras e as promessas brasileiras que estreiam na edição dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Caratê
Os faixa-pretas ganham número na Tóquio 2020. Depois do judô e do taekwondo, o caratê é o terceiro esporte olímpico que segue o sistema de faixas. A estreia no Japão não poderia ser mais conveniente, já que a arte marcial tem origem nas ilhas de Okinawa no século XVII, espalhando-se para o resto do país nos anos 1920, e para o mundo algumas décadas depois.
Na Olimpíada, serão duas categorias. A primeira é o “kata” (forma, em tradução do japonês). Nela, caratecas exibem contra um oponente imaginário uma série de golpes, chutes e socos, dentre 102 formas reconhecidas. Sete juízes avaliam, entre outras coisas, ritmo, velocidade, força e equilíbrio, designando notas para cada performance. Descartam-se as duas piores e duas melhores de cada rodada até se definirem os vencedores.
No “kumite” (lutando com mãos, em tradução literal), dois oponentes lutam dentro de uma área de 8 por 8 metros por três minutos. Cada golpe pontua de um a três pontos. Ganha quem abre uma vantagem de oito pontos ou quem soma mais ao final do tempo. No caso de um empate, ganha quem pontua primeiro ou, sem pontos, o melhor no critério dos juízes. Os atletas são divididos de acordo com o peso entre três subcategorias.
Ao todo, são 82 caratecas, com destaque para os espanhóis, italianos e turcos, além, é claro, dos japoneses. Não há nenhum representante brasileiro. E daqui a 3 anos, pode nem haver chance, já que o Comitê Olímpico definiu que o caratê não será esporte olímpico na Paris 2024. Diversos grupos esperam que uma estreia bem-sucedida em Tóquio possa reverter a decisão, e se mobilizam enviando petições à organização dos Jogos.
Escalada Esportiva
Pó para eliminar o suor nas mãos, sapatilha bem apertada nos pés e, em algumas categorias, cordas de proteção. Basta isso para que escaladores desafiem paredes que podem chegar a mais de 15 metros. A escalada esportiva une força, equilíbrio, flexibilidade, saltos e técnica em quebra-cabeças corporais.
Na Olimpíada, todos os atletas disputam três categorias, cujas notas combinadas definem vencedores gerais. A primeira é o “speed”, ou provas de velocidade na vertical. Dois competidores percorrem lado a lado uma parede de 15 metros de altura com peças, ou também chamadas de agarras, nas mesmas posições. Os homens costumam chegar ao topo entre cinco e seis segundos, e as mulheres entre sete e oito. Após uma série de baterias eliminatórias, o mais rápido vence.
A segunda é o “bouldering”, que simula vias de escalada em rochas pequenas. Nos ginásios, as paredes têm até 4,5 metros, e os escaladores precisam superar baterias de até quatro minutos com agarras dos mais diferentes formatos e posições até o topo. Para isso, vale qualquer parte do corpo: mãos e pés, é claro, mas também calcanhares e pontas dos dedos. Nessa categoria, não se usam cordas, mas há um colchonete para amortecer eventuais quedas. Vence quem completar mais paredes em menos tentativas e menor tempo.
Por fim, o “lead” simula vias de escalada em rochas grandes. As paredes podem ter mais de 15 metros e, em cada bateria, o escalador tem uma única chance em seis minutos para chegar ao topo. Ganha quem chegar mais alto sem cair. O critério de desempate é o menor tempo.
Normalmente, cada escalador é especialista em uma ou duas categorias, o que gerou controvérsia em torno de uma nota combinada das três na Olimpíada. Seria como pedir, por exemplo, a alguém do atletismo se destacar ao mesmo tempo na maratona e nos 100 metros livres para vencer. Quem defende a métrica diz que os próprios mundiais de escalada esportiva organizam uma modalidade combinada.
Polêmicas à parte, não há brasileiros classificados para Tóquio 2020, mas será possível assistir a grandes nomes. Entre os 20 homens e 20 mulheres, vale ficar de olho em Adam Ondra, da República Tcheca, e Janja Garnbret, da Eslovênia. Os japoneses e franceses também são países tradicionais em “apertar agarras”, na língua dos escaladores. Em outras palavras, fazer pressão para conseguir passar à próxima peça.
Skate
Perto da luta greco-romana, que remete à prática disputada na Grécia Antiga, o skate é quase um recém-nascido; mas um de peso. Com menos de um século de existência, o skate chega aos Jogos Olímpicos com uma popularidade crescente. Bastou prender algumas rodinhas na prancha de surfe e nascia um novo esporte, com manobras que se parecem muitas vezes com o que é feito sobre as ondas. Nos anos 1940 e 1950, os primeiros praticantes dos EUA nunca pensaram em competir. Alguns defendem até hoje que não deve haver competição.
Das ruas aos ginásios olímpicos, os skatistas precisaram se adequar a regras e pontuações. Na Tóquio 2020, serão duas categorias. A “street” simula, como a tradução indica, uma rua. São obstáculos formados por rampas, escadas, corrimãos, bancos e paredes. As manobras são avaliadas segundo critérios de velocidade, originalidade, movimentos, entre outros. Somam-se as quatro melhores pontuações de sete tentativas, e os melhores avançam de fases até se definir o vencedor.
A categoria “park” (parque, em tradução literal) é uma pista em formato de piscina que une também alguns elementos do “street”. Nela, os skatistas poderão alcançar uma altura de 3 metros do chão. São três tentativas, valendo a melhor nota, e os melhores avançam de fases até se definir o vencedor.
Cada país pode ter até três atletas para cada categoria, divididas em masculino e feminino. Dos 80 skatistas classificados para Tóquio 2020, 12 são brasileiros. Ou seja, todas as vagas disponíveis foram ocupadas. Entre os destaques, estão Kelvin Hoefler e Letícia Bufoni de uma geração, e Luiz Francisco e Rayssa Leal de uma mais nova. Basta comparar as idades: Letícia, por exemplo, tem 28 anos e Rayssa, 12.
A competitividade é alta, e os brasileiros ainda precisam bater os fortes candidatos dos EUA e Japão. Talento não falta, mas um grande aliado fica para trás: o estilo. Na Olimpíada, cada delegação terá um uniforme padrão, sem a variedade de tecidos e marcas que costumam bombar nas pistas pelo mundo.
Surfe
O “Brazilian Storm” (tempestade brasileira, em tradução literal), como é conhecida a geração de surfistas brasileiros que vem colecionando títulos mundiais na década de 2010, chega ao Japão como promessa de medalhas. Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, no masculino, e Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima, no feminino, garantiram vaga para competir contra países tradicionais no esporte: os EUA, a Austrália e a África do Sul.
Ao todo, serão 20 homens e 20 mulheres, com dois surfistas no máximo por país. As provas levarão quatro dias, com a possibilidade de estender por mais quatro caso faltem ondas. Cada bateria terá 30 minutos, disputadas por quatro ou cinco atletas ao mesmo tempo. Nas rodadas finais, o formato passa a ser de um contra um.
Para avançar nas rodadas, somam-se as pontuações das duas melhores ondas da bateria. As notas são dadas por um júri que avalia, entre outras coisas, a velocidade, dificuldade, progressão e variedade das manobras. Nos Jogos Olímpicos, os competidores usarão shortboards, pranchas menores de até 1,8 metro, que permitem movimentos e técnicas mais dinâmicas.
No Japão, o surfe será disputado em Tsurigasaki, na cidade de Chiba. A praia é conhecida por ondas pequenas, curtas e fracas, o que gerou reação de fãs e competidores. Para muitos, o espetáculo seria maior se as baterias fossem realizadas em piscinas com ondas artificiais. Os que defendem o local costumam lembrar que Chiba é palco de competições japonesas nacionais e parada tradicional do circuito mundial do esporte.
A polêmica acaba em Paris 2024, que sediará as provas de surfe na praia de Teahupo’o, na ilha francesa de Tahiti. Coincidentemente, alguns dos registros mais antigos da prática de surfe são no Tahiti, quando europeus viajaram pela Polinésia no século XVIII. A ilha é conhecida pelas ondas gigantes e paisagens cenográficas. É torcer para que o “Brazilian Storm” siga dando caldo nos mares.
Confira quais são os 10 exemplos de esportes mais praticados no mundo.