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    Comitês científicos da prefeitura e governo do RJ divergem sobre Copa América

    A final da competição pode ser no estádio do Maracanã, na zona norte da capital; quatro estados sediarão o evento

    Ana Lícia Soares, Thayana Araújo e Marcela Monteiro, da CNN, no Rio de Janeiro

    Os comitês científicos para enfrentamento da Covid-19 do estado e da prefeitura do Rio de Janeiro informaram à CNN que não foram consultados sobre o Rio ser um dos estados sedes da Copa América no país.

    Agora, com a decisão oficial de abrigar a competição, membros dos grupos especializados em questões sanitárias dos dois lados divergem. A final pode ser no estádio do Maracanã, na zona norte da capital. 

    Presidente do Comitê Científico do Governo do Estado, o infectologista Edimilson Migowski, disse à CNN que outras competições já acontecem no RJ e se fosse consultado seria a favor: “Não fazer a Copa América para não aglomerar não faz sentido. Seguindo essa linha de raciocínio, você não tem que fazer Libertadores, Copa Sul-americana e Campeonato Brasileiro. Por que critérios diferentes? Se você tiver cerca de mil pessoas num país de dimensões continentais, como o Brasil, é pouco provável que tenha a disseminação do vírus aqui”, afirma. 

    Migowski justificou que se estabelecidos protocolos para orientar as delegações sobre o uso de máscara, distanciamento físico e exigência para as delegações estarem vacinadas com a primeira dose da vacina contra a Covid-19, não haveria problema.

    O presidente do Comitê do estado antecipou à CNN que na próxima terça-feira (8) haverá uma reunião com os demais integrantes e que o tema poderá ser abordado. O governador Claudio Castro segue na mesma sintonia e não enxerga problema de o Rio e janeiro ser estado sede da Copa América. Em agenda pública na última segunda (31), Castro disse ser “futebolisticamente favorável” ao evento no Rio de Janeiro.

    Já os membros do Comitê Científico da Prefeitura do Rio se posicionariam contra a realização da Copa. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo não vê razão, neste momento de pandemia, para o Rio sediar mais uma competição.

    O governador em exercício Cláudio Castro, que assumiu o governo do Rio de Janeir
    Cláudio Castro, governador do Rio
    Foto: Reprodução/CNN (4.set.2020)

    “Eu acho que é um evento com o número grande de pessoas e que tem risco da introdução de uma variante. Tem várias pessoas e de vários lugares do mundo. E fora os jogadores que atuam aqui. Então, tem o risco de uma variante e o risco desses próprios jogadores se infectarem. Gera aglomeração”, disse.

    Rivaldo Venâncio, que acumula o comitê científico da prefeitura do Rio com a Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) resumiu em uma palavra ao ser questionado sobre: “contra”.

    Segundo ele, além das questões epidemiológicas, com evidentes riscos de elevação no número de casos, internações e baixa cobertura vacinal, o estado vive um profundo momento de consternação pelas mortes da Covid-19. “Por isso tudo, não considero adequada a realização de um evento festivo, nesse momento”, pontuou.  

    O prefeito Eduardo Paes não se posicionou oficialmente sobre o evento, mas postou nas redes sociais que a situação epidemiológica da cidade está em risco alto para a transmissão de Covid-19. Paes falou em cautela para a liberação de eventos esportivos de grande porte, com a presença de público em razão do potencial impacto causado pela aglomeração na entrada e saída de pessoas em estádio e finalizou reforçando que por estas razões, fica suspensa a realização de eventos esportivos na capital, com a presença de público em estados e ginásios.             

    O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que espera uma consulta formal para fazer análises quanto à Copa América. “O Rio de Janeiro ainda tem níveis altos de transmissão. Agora, são 1.300 pessoas internadas por Covid na cidade”. Ainda segundo Soranz, a pasta ainda não foi notificada. “A secretaria não foi consultada quanto a isso (Copa), mas nossas regras são muito claras. Temos um decreto que permite jogos, mas impede jogos com público.” 

    Nesta terça-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro confirmou que vai aceitar o pedido da Conmebol e que o Brasil vai sediar a Copa América de 2021. Originalmente, o evento aconteceria na Colômbia, que alegou instabilidades políticas, e na Argentina, que alegou insegurança sanitária em razão da Covid-19.

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