Veja a verdadeira história da origem do Natal
Na Bíblia, não há menção a uma data específica do nascimento de Jesus
Jesus nasceu em 25 de dezembro? Milhões de cristãos celebram o Natal neste dia, mas a verdade é que na Bíblia — e especificamente nos Evangelhos, onde são narrados episódios de sua vida — não há menção a uma data específica de seu nascimento.
De fato, as primeiras comunidades cristãs nem sequer celebravam o nascimento de Jesus. Para traçar as menções a esta festividade, é necessário remontar apenas ao século IV depois de Cristo (do ano 300 ao 400).
Os historiadores têm informações precisas de que na época, quando o Império Romano estava se convertendo oficialmente ao cristianismo, tanto os que acreditavam em Jesus quanto os pagãos – que acreditavam em vários deuses – celebravam no mesmo dia: 25 de dezembro.
Por que se comemora o Natal?
Naquela época, os cristãos “começaram a discutir a origem e a humanidade de Jesus, e então começou a ser importante não apenas celebrar a morte e a crucificação, mas também o nascimento”, disse Lorena Pérez Yarza, professora de história em Religiões da Universidade Carlos III e pesquisadora de pós-doutorado.
Já a partir do século anterior, o III, se faziam cálculos para determinar qual teria sido a data do nascimento de Jesus e se cogitavam diferentes alternativas correspondentes aos meses de junho, julho e até novembro, entre outros. Posteriormente, foram definidas duas datas que continuam até hoje: 25 de dezembro, a principal, e a do ramo oriental dos ortodoxos, que é 6 de janeiro.
Então começou a sinalização cruzada entre os cristãos, já que cada parte defendia que sua data estava correta e que o outro ramo havia inventado a sua.
No marco dessa disputa, na Idade Média, armênios e sírios “acusam os católicos e ortodoxos de copiar uma festa pagã, de não celebrar o verdadeiro dia do nascimento de Jesus”, explicou Pérez.
E é por isso que no século 19 os historiadores pensavam que a escolha do dia 25 de dezembro para comemorar o Natal surgiu originalmente de um feriado pagão dos romanos. Mas essa hipótese, no fundo, é fruto de uma disputa entre cristãos que não chegaram a um acordo, explicou Pérez. E a verdade é que, embora seja uma resposta simplificada, hoje os especialistas ainda não têm 100% de certeza na resposta à pergunta.
Mas o que os pagãos vão comemorar nessas datas?
Por volta dessas datas havia vários festivais pagãos, incluindo a Saturnalia, em homenagem a Saturno, que era um dos mais populares do Império Romano. No entanto, o fim daquela celebração dedicada ao deus da agricultura e das colheitas era 23 de dezembro.
Durante esse feriado, como explica a Encyclopedia Britannica, “todo trabalho e negócios foram suspensos. Os escravos tinham liberdade temporária para dizer e fazer o que quisessem e certas restrições morais eram suavizadas”. E também durante essa celebração, explicou Pérez, foram entregues presentes, uma tradição que continuou no Natal cristão.
No dia 25, por sua vez, houve uma importante celebração dedicada ao culto solar, culto que “ganhou popularidade no final do Império Romano como forma de louvar o imperador”, segundo o professor. Esta celebração do Sol Invictus foi de grande majestade, com festas públicas no Circo Romano e corridas.
A verdade é que os símbolos desse culto ao imperador e do culto cristão foram gerados na mesma cultura e as influências são notórias. Exemplo disso são as auréolas dos santos, que vêm do culto ao sol, assim como as coroas dos reis medievais e as alusões à luz que existem na simbologia cristã.