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    Taylor Swift encerra “The Eras Tour”, a turnê que as pessoas precisavam

    Série de shows ocorreu num mundo pós-pandemia em que precisávamos de entretenimento e de apresentações grandiosas

    Alli Rosenbloomda CNN

    A cantora Taylor Swift ainda era uma artista country recém-chegada à cena quando se apresentou no Cowboys, um pequeno bar na área de Colorado Springs, em 2007. No final do show, ela tirou duas pulseiras de contas roxas do pulso e as entregou a uma mulher que estava na frente do palco, cantando suas músicas mais alto do que qualquer outra pessoa.

    Carola Lovering, então estudante universitária e destinatária do gesto carinhoso de Swift, ficou com uma pulseira e deu a outra para sua melhor amiga, Joanie Goldfarb, que estava ao seu lado.

    Lovering, que agora é uma autora estabelecida e mãe de dois filhos, e Goldfarb se reuniram na turnê “The Eras Tour” em outubro deste ano. Embora as pulseiras que Swift lhes havia dado há muito tempo tenham se perdido, elas trocaram novas com outras pessoas no show, participando de uma tradição nascida durante turnê da cantora, cujos três últimos shows começam nesta sexta-feira (6), em Vancouver, no Canadá.

    Desde políticos de alto escalão até o próprio Sir Paul McCartney compareceram para ver Swift se apresentar durante a turnê, que tem três horas de duração com um setlist de 44 músicas de seus maiores sucessos, abrangendo seus 18 anos de carreira.

    Suas apresentações causaram terremotos, criaram um fervor no nível da Beatlemania, impactaram economias locais e trouxeram alegria coletiva a milhões de pessoas ainda abaladas pelos dias sombrios da pandemia. À medida que a turnê chega ao fim após dois anos ao redor do mundo, este não é apenas o fim de um capítulo importante na carreira de Swift, mas também uma conclusão significativa de um capítulo importante na história da música moderna.

    “Acho que, em um nível emocional e cultural, [Taylor Swift] está no mesmo nível de, digamos, Elvis, Michael Jackson, Sinatra, você poderia dizer até Madonna e os Beatles. Por causa desse profundo apego a esses artistas e a loucura em torno deles”, disse Jasen Emmons, curador-chefe e vice-presidente de assuntos curatoriais do Grammy Museum de Los Angeles, em uma entrevista recente à CNN.

    “Quer ela tenha orquestrado ou não, ela criou esse zeitgeist em torno dessa turnê que parece sem precedentes.”

    Abraçando a união

    Assim como muitas outras indústrias, o mundo da música foi abalado após a pandemia global da Covid-19 que fechou restaurantes, teatros, casas de shows e qualquer outro lugar onde as pessoas se reuniam para se divertir. Swift estava pronta para iniciar sua previamente anunciada turnê “Lover Fest” quando foi adiada e, posteriormente, cancelada.

    Um ano depois, ela anunciou a “The Eras Tour”, sua primeira turnê em seis anos. A série de shows começou em março de 2023, justamente quando a vida voltava a ser vista em sua plenitude.

    “Saindo da pandemia, havia uma demanda reprimida por sair e ver algo, especialmente algo que parecesse ‘isso vai ser tão especial que quero fazer parte disso’, porque você percebe ‘faço parte de um evento cultural maior’”, disse Emmons.

    Você poderia dizer que a “Eras Tour” veio em um momento em que as pessoas mais precisavam. O mesmo foi dito sobre os Beatles, que fizeram sua primeira visita aos EUA em fevereiro de 1964, poucos meses após o assassinato do presidente John F. Kennedy.

    Em “Beatles ’64”, Paul McCartney reconheceu que o momento da tragédia e a Beatlemania nos EUA estavam ligados. “Talvez a América precisasse de algo como os Beatles para ser tirada da tristeza”, disse ele.

    Swift reconheceu de forma semelhante esse sentimento em seu livro comemorativo da “Eras Tour”, quando escreveu no prefácio que criou a turnê, em parte, “porque as pessoas precisam de uma fuga de como a vida pode ser brutal”.

    Esse desejo de fazer parte do fervor curativo da Eras Tour ficou evidente desde cedo quando centenas de Swifties sem ingressos se reuniam em estacionamentos ou campos vazios perto de vários locais de shows na noite do show para o que ficou conhecido como “Taylor-gating”, onde trocavam pulseiras e cantavam junto com o show ao vivo que podiam ouvir, mas não ver.

    “Apesar da vastidão do que ela faz a cada noite, digamos, tocando para 80 mil pessoas, ela tem essa capacidade de fazer parecer íntimo”, disse Emmons. “Então as pessoas, quando vão, sentem essa conexão direta com ela.”

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    O preço de uma memória

    A equipe de Taylor Swift não divulgou números oficiaissobre quanto a “Eras Tour” arrecadou, mas estima-se que a turnê tenha faturado mais de US$ 2 bilhões (R$ 12 bilhões), tornando-se a turnê de maior bilheteria da história. O atual recordista é Elton John, cuja turnê “Farewell Yellow Brick Road” arrecadou mais de US$ 900 milhões (R$ 5,42 bilhões).

    É uma façanha considerando que, quando os ingressos foram colocados à venda pela primeira vez, a demanda foi tão alta que o Ticketmaster caiu.

    De acordo com Tom Corbett, chefe global de patrocínio do Barclays no Reino Unido, a “Eras Tour” destacou o crescimento de consumidores que priorizam gastar seu dinheiro em experiências memoráveis ​​em vez de gastar em itens físicos. “A ‘Eras Tour’ tem sido o exemplo perfeito da ‘economia da experiência’ de que falamos”, disse Corbett à CNN em uma entrevista recente. “Estamos vendo uma mudança no comportamento das pessoas e acho que isso vai continuar.”

    Em maio, Barclays estimou que a “Eras Tour” estava pronta para impulsionar os gastos no Reino Unido em cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 7,23 bilhões) em junho, quando sua turnê atingiria cidades na Inglaterra, País de Gales e Escócia. Com base em seus dados, Corbett disse que essas estimativas estavam à altura de suas expectativas.

    “Temos bastante confiança nesse número”, disse ele. “Certamente, a ‘Eras Tour’, a marca de Taylor Swift, gerou mais de um bilhão de libras em gastos com bens e serviços, desde ingressos até contas, refeições e viagens, o que é meio inacreditável quando você diz esse número em voz alta.”

    O Reino Unido não é a única economia afetada pela “Eras Tour”, com várias cidades dos Estados Unidos se beneficiando do impulso econômico local no que ficou conhecido como “Efeito Swift”. Em São Paulo, por exemplo, o levantamento da SPTuris estimou que a apresentação da cantora em três dias movimentaria mais de R$ 240 milhões apenas na capital paulista.

    O preço dos ingressos, no entanto, pesou muito. Se você não conseguiu comprar um ingresso por causa do valor durante a pré-venda, é provável que tenha comprado a um custo inflado no mercado de revenda.

    Foi o que aconteceu com Lovering, que decidiu gastar em um ingresso de outra pessoa com o custou pouco menos de US$ 2 mil (R$ 12 mil) para o show de Miami que ela viu em outubro.

    Parte do atrativo é que o show apresentado durante a primeira etapa nos EUA em 2023 é diferente do show que ela está apresentando em 2024, graças a uma reformulação da lista de músicas no meio da turnê para incluir músicas de seu 11º álbum de estúdio, “The Tortured Poets Department”, lançado em abril.

    “Queremos poder dizer aos nossos filhos que fomos à Eras Tour”, disse Lovering à CNN. “Porque isso nunca mais vai acontecer assim.”

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