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    Ser delusional, ou “delulu”, é a nova onda do momento; entenda viral do TikTok

    Ato de se "desconectar" da realidade e fingir que é um personagem para conquistar o que quer vem se tornando um fenômeno entre a geração Z; psicóloga alerta para o movimento e ajuda a criar pensamentos positivos de forma saudável

    Nicoly Bastoscolaboração para a CNN , São Paulo

    “Querem saber o que me ajudou a sair do fundo do poço e alcançar a minha melhor versão em pouco menos de um ano?”, questiona a usuária Laryssa Alarcon em vídeo que acumula mais de 200 mil visualizações no TikTok. “Foi ter me tornado uma pessoa completamente delulu”, responde, a própria, em seguida. A influenciadora é uma, das milhares de pessoas que estão usando o aplicativo para falar sobre como ser “delusional” pode ser uma nova (e boa) forma de mentalizar a vida.

    O termo “delulu” começou a ser popularizado no TikTok por usuários de fora do Brasil, mas chegou no país com força nos últimos dois meses. No total, a hashtag do termo conta com mais de 2,6 bilhões de visualizações no aplicativo até o momento e muitas influenciadoras estão falando sobre como a nova linha de pensamento está afetando positivamente suas vidas.

    Mas será que ser “delulu” é uma forma saudável de alcançar seus propósitos?

    O que é ser “delulu”

    A palavra “Delulu” vem de “delusional”, que, por sua vez, significa “delirante”. Já o termo como uma mentalidade de vida, significa manifestar que somente coisas boas acontecem e irão acontecer na sua vida, assim como você irá alcançar tudo o que almejar. É como uma “lei da atração” – combinada com uma confiança extrema – dos seus sonhos e vontades.

    De acordo com Laryssa Alarcon, ser “delulu” nada mais é do que fingir que sua vida é ótima e que você tem tudo o que quer como um meio de fazer isso acontecer de verdade. “É basicamente você ser uma pessoa alheia da realidade. É você criar uma ilusão na sua cabeça e viver como se só ela importasse”, explica ela no vídeo publicado em julho deste ano.

    @laryssaalarcon

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    ♬ original sound – Lala 🌹

    “Depois de ter assistido muitos vídeos no TikTok de meninas que tinham feito essa mudança na mentalidade delas, eu simplesmente acordei e cansei de sofrer pelos motivos que estava sofrendo. Aí decidi que seria como elas, completamente delulu”. Laryssa complementa dizendo que criou um personagem para si e passou a viver como se fosse protagonista de um filme.

    Em vídeo de 900 mil visualizações, a influenciadora ainda afirma que depois de praticar a nova mentalidade de vida, alcançou muitos propósitos, como o corpo ideal, trabalho dos sonhos e amizades melhores. “É um exercício de autoestima, autoconfiança e até de otimismo. Você vai abandonar a ideia de que existem coisas boas e ruins na vida e que tudo o que acontece com você é ao seu favor”.

    @laryssaalarcon

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    O novo modo de pensar defende que até as coisas ruins são apenas sinais de coisas boas que estão por vir. Se o relacionamento amoroso não deu certo, é porque o amor da sua vida ainda está chegando. Se você não conseguiu aquela vaga de emprego, é para dar espaço à oportunidades profissionais melhores.

    Ser “delulu” é saudável?

    Rosângela Casseano, psicóloga especializada em terapia cognitiva-comportamental, explica que o termo “delulu” pode ser substituído na psicologia pelos termos “co-criação”, “programação mental”, ou “visualização criativa”, e que tal hábito de mentalizar acontecimentos bons pode ser sim uma forma de pensamento saudável, desde que ela aconteça sem excessos e que venha acompanhada de ações.

    “O foco é dar à pessoa a sensação de que ela pode sim ressignificar seus objetivos e transformar experiências negativas em possíveis futuros com aprendizados e conquistas”, explica a profissional. “Aprender a conhecer a si mesmo e suas competências de se adaptar e criar mecanismos de perceber, controlar e mudar padrões mentais negativos sempre favorecerá as pessoas em qualquer contexto”, completa.

    De acordo com a psicóloga, o hábito trata-se de “ensinar uma pessoa a usar sua mente para compreender emoções, denominá-las, e em seguida domá-las, a fim de criar novos futuros com ações e pensamentos mais firmes e positivos”.

    No entanto, não basta sonhar, tem que fazer acontecer.

    “A prática pode prejudicar a saúde mental uma vez que a pessoa acredite que basta parar, pensar e esperar que as coisas só aconteçam, sem se esforçar. Não é só desejar ‘quero ser magro’, tem que idealizar um futuro onde se esteja dessa forma, mas a partir desse pensamento desenvolver caminhos para chegar a essa meta. Só repetir frases, criar cartazes e rezar para que isso aconteça pode ajudar, mas a mudança está na ação”, aconselha Rosângela.

    O termo também pode ser associado como uma forma de se proteger de uma mentalidade excessivamente crítica.

    “Todo mecanismo que ofereça serenidade à mente e desenvolva uma maior capacidade de se aceitar, se modificar e ter paciência para os resultados chegarem sempre é benéfico”, explica a profissional. “O grande equivoco é achar que conseguirá fazer isso só mentalizando”, complementa.

    Sendo um “delulu” com moderação

    Rosângela enfatiza que “ser alheio” à realidade, no entanto, para fazer tudo isso acontecer, não é um bom caminho. “Tudo em excesso pode virar patologia. Os exageros e as fantasias não devem se misturar a objetivos alcançáveis”.

    Por fim, você pode aprender a desenvolver autoconfiança e positividade de algumas outras formas. “O primeiro passo sempre será o autoconhecimento. Praticar atividades de meditação ou mindfullnes para ter mais autocontrole das emoções e dos pensamentos, ter mais autocuidado fazendo boas práticas para o bem estar, como melhorar a alimentação e a atividade física, são boas formas de se chegar lá”, ressalta a psicóloga.

    “Um corpo são beneficiará uma mente sã”, finaliza.

     

     

     

     

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