Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    #CNNPop

    Sem briga! Saiba como lidar com o ciúme durante o Carnaval

    À CNN, especialistas em saúde mental explicam como lidar com o sentimento de ciúme durante a época da folia, seja em relacionamento aberto ou fechado

    Nicoly Bastosda CNN , São Paulo

    O Carnaval é uma época de muita festa e curtição e, por isso, representa uma oportunidade de interação social mais intensa, que pode vir acompanhada de bastante flerte e beijo na boca. No entanto, para alguns, o ciúme pode ser um grande protagonista da temporada.

    O ciúme pode transformar a folia em casal em um momento de ansiedade e um cenário para brigas, discussões e até rompimentos. E isso não é exclusividade de quem vive relacionamentos monogâmicos (quando o centro da relação é o casal).

    O feriado regado a paquera pode levar a sentimentos de ciúmes e muitas desavenças em alguns relacionamentos. Quando se vive uma relação fechada para interações com outras pessoas, como beijo na boca e outras coisas mais, abrir o relacionamento – ou seja, firmar acordos para ‘liberar’ interações amorosas e/ou sexuais com outras pessoas – poderia ser, então, uma opção?

    De acordo com especialistas na área da psicologia, para conseguir lidar com o ciúme, e não fazer dele um verdadeiro bloquinho de Carnaval próprio, é necessário entender que, sendo uma questão emocional, o ciúme tem a ver com questões internas do indivíduo, como inseguranças, sentimento de posse e etc. Assim é possível você descobrir se o seu ciúme é, na verdade, pura vaidade – como disse Daniela Mercury em “Nobre Vagabundo”.

    Entendendo o ciúme

    Segundo o psicanalista Marcio Renzo, o ciúme é uma emoção complexa e pode ser definido como um sentimento de insegurança, ansiedade ou medo de perder algo valioso. Geralmente, está associado a relacionamentos interpessoais, como amorosos, amizades ou até mesmo profissionais.

    Dentro da psicanálise, o especialista afirma que existem três formas do indivíduo demonstrar esta emoção.

    “O ciúme natural é quando a pessoa vê o seu parceiro sendo admirado por outra pessoa em alguma situação social. Nesta forma de ciúme é considerado normal, pois é causado por uma situação visível e real. Porém, desaparece rapidamente em alguns casos”, explica o profissional.

    Já o ciúme patológico, de acordo com o psicanalista, acaba sendo uma obsessão. “A pessoa que sofre com esta versão de ciúme procura exageradamente coisas um do outro. Vigia o parceiro em todos seus movimentos, podendo segui-lo em certos locais, com o objetivo de encontrar alguma coisa que sustente seu ciúme”, explica.

    Há ainda, segundo Renzo, a forma mais grave do sentimento, que seria o ciúme neurótico. Nesta forma de reação às sensações, o ciúme ocorre sem uma causa real. “As suspeitas e os medos da pessoa sufocam o parceiro. A relação se torna extremamente tóxica, pois são feitas acusações e provocações sobre o parceiro ser infiel”, diz.

    A atenção ao ciúme deve começar a partir dos primeiros sinais de ciúme patológico.

    Como lidar com o ciúmes do parceiro no Carnaval?

    O diálogo aberto, a confiança mútua e o respeito são fundamentais para lidar com questões de ciúmes, principalmente durante períodos como o Carnaval, ressalta a sexóloga Tamara Zanotelli.

    “Para dar certo a relação, mesmo em momentos atípicos, como o Carnaval, é essencial que todos os envolvidos se sintam ouvidos e compreendidos, para que possam expressar suas preocupações e encontrar maneiras saudáveis de lidar com a situação”, aconselha Zanotelli.

    A psicóloga Anne Crunfli afirma que, durante o Carnaval, é importante manter linhas abertas de comunicação com o parceiro ou a parceira. Se algo estiver incomodando, é necessário falar sobre isso de maneira calma e respeitosa.

    “Antes do início das festividades, converse sobre o que ambos estão confortáveis em relação a interações sociais e flertes. Estabelecer expectativas claras pode ajudar a reduzir a ansiedade”, afirma a psicóloga.

    Por fim, é importante ressaltar que se a pessoa tem consciência de ter um ciúme patológico, ela precisará buscar ajuda profissional para sair desse estágio e impedir que comprometa a relação e a saúde mental.

    “Tal sentimento está muito associado à desregulação e à imaturidade emocional. O ciúme pode ser um sentimento natural, ou seja, é como se nossa bússola interna nos alertasse ‘olha, presta atenção, você está com ciúme’, então essa pessoa é importante para você, não é mais uma na multidão’. O problema consiste no ciúmes patológico, quando ele deixa de servir como indicativo de importância de algo/pessoa e passa a remeter mais ao controle, à posse, ao poder, ao domínio, à imaturidade e a falta de autoconhecimento, o que propicia uma dependência emocional do outro”, explica Anne.

    “Geralmente o ciúme patológico está associado ao medo do abandono. A pessoa possui pouca autonomia, ou seja, há uma necessidade de validação constante de afeto, portanto, muita dependência afetiva associada em que há uma constante dúvida sobre a estabilidade e constância do sentimento do outro, associado obviamente a uma baixa autoestima”, afirma a psicóloga.

    Abrir o relacionamento é a solução?

    Segundo explicado pela psicóloga, o ciúme é “inerente” ao ser humano e não tem nada a ver com o tipo de relacionamento, aberto ou fechado, monogâmico ou poligâmico, mas sim, com o amor próprio, a autoestima, o nível de maturidade e a regulação emocional.

    No entanto, abrir o relacionamento pode ser um caminho para lidar com os flertes e beijos na boca do Carnaval de forma acordada, caso haja disposição.

    Anne Crunfli explica que, primeiro de tudo, é necessário entender como o ciúme opera nesta época do ano e que amor e desejo sexual são coisas bastante diferentes.

    “O negócio vira problema quando a pessoa confunde amor com desejo sexual. O Carnaval é um convite para você se expor, se jogar, extrapolar. Culturalmente é associado ao momento em que tudo é permitido: beber, transar, festejar de todas as maneiras e formas. Assim, se a relação é pautada no desejo sexual, raramente irá resistir ao Carnaval. Mas se há amor, há respeito, há cumplicidade e há o curtir junto. Para curtir junto, há o cuidado para com o outro e para com o relacionamento”, explica Anne.

    Para quem desejar abrir o relacionamento, é necessário abraçar a existência da diferença entre o amor e o desejo sexual, além de saber que a comunicação é a principal aliada.

    “É importante que a cumplicidade se faça presente, assim, tem que ficar muito claro o acordo entre às partes. Já atendi um casal que terminou a relação, um foi para Salvador e outro para o Rio e depois do Carnaval voltaram. Deu certo? Sim. Por quê? Porque ambos estavam de comum acordo, ambos eram jovens, namoravam há muito tempo e acharam que deveriam ao menos uma vez se darem o direito de aproveitar a ‘bagunça’. Foi a maneira que identificaram para manter a relação saudável e não acharem, quando mais velhos, que perderam momentos importantes de suas vidas”, finaliza a profissional.

    Tópicos