Rosa Magalhães: relembre os desfiles marcantes da carnavalesca
Artista assinou mais de 40 desfiles em 50 anos de carreira no Carnaval e idealizou a cerimônia de encerramento das Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016
A artista Rosa Magalhães, uma das pioneiras da história das escolas de samba no Brasil, morreu nesta quinta-feira (25), aos 77 anos, vítima de um infarto. Trabalhando com o Carnaval desde 1971, é a carnavalesca com mais títulos no Sambódromo carioca, assinando mais de 40 desfiles.
Além disso, ela idealizou, também, a cerimônia de encerramento das Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016, que homenageou a cultura popular brasileira com samba, forró e frevo.
Relembre desfiles realizados por Rosa Magalhães.
1982 — Império Serrano
O enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, vencedor do grupo Especial, explorava a visão de Rosa e Lícia Lacerda — as carnavalescas — sobre a descaracterização das escolas de samba e o desprezo pelo papel do sambista.
As fantasias dos componentes foram costuradas em uma sala na própria quadra da escola pela figurinista, devido ao baixo orçamento da agremiação.
Em entrevista à Globo em 1982, Rosa Magalhães explicou o enredo: “Está desdobrado em três fases: o período em que as escolas eram vinculadas aos temas históricos, na Praça XI (local onde eram feitos os primeiros desfiles no Rio de Janeiro); a fase das narrativas do folclore, na Candelária, e, por fim, o surgimento dos enredos imaginativos, ou o fantástico no carnaval”.
2001 — Imperatriz Leopoldinense
Abordando a cana-de-açúcar e derivados, como a cachaça, o enredo da carnavalesca Rosa Magalhães dividiu a história da cana em seis fases, desde os mouros, que começaram o cultivo, até a homenagem a Carlos Cachaça, um dos fundadores da escola de samba carioca Mangueira.
2013 — Unidos de Vila Isabel
Desfile responsável pelo terceiro título da escola carioca, com o nome de “A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo – ‘Água no feijão que chegou mais um'”, tem letra composta por Martinho da Vila, Arlindo Cruz e outros compositores, interpretada por Tinga.
Pela produção, Rosa Magalhães recebeu o reconhecimento de “Melhor Carnavalesca” nos prêmios da Veja Rio e Troféu Tupi Carnaval Total.
2023 – Paraíso do Tuiuti
Último Carnaval de Rosa Magalhães como carnavalesca apresentou o enredo “Mogangueiro da Cara Preta”, que conta as histórias e lendas da Ilha de Marajó, no Pará, e registra a cultura marajoara de Mestre Damasceno.
Para o desfile foram criadas mais de 30 esculturas de animais amazônicos, indianos e até mitológicos em alegorias que contaram a história da chegada do búfalo indiano ao Brasil.
Veja as homenagens prestadas pelas organizações do Carnaval
Imperatriz Leopoldinense
A Escola que Rosa Magalhães esteve em 1984 — quando recebeu o Estandarte de Ouro de personalidade — e entre 1992 e 2009, período em que foi presenteada com cinco títulos do Carnaval do Rio de Janeiro, fez uma publicação em homenagem a personalidade.
“Rosa promoveu desfiles inesquecíveis aos olhos do público e de toda a crítica, e sempre estará marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e principalmente por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo. É e sempre será referência para todos os amantes do espetáculo que ela também ajudou a construir”, escreveu o grêmio na legenda.
Unidos de Vila Isabel
Grêmio em que Rosa conquistou o primeiro lugar, em 2013, com o enredo “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo” prestou suas condolências com fotos da artista com troféu e durante desfiles.
Sabrina Sato, rainha da bateria da escola de samba, comentou “Pra sempre Rosa Magalhães… obrigada por eternizar tantos momentos únicos do nosso carnaval”.
Portela
“Rosa Magalhães fez uma linda história no carnaval carioca, a Professora da faculdade de Belas Artes conquistou sete títulos em 50 anos de carreira”, homenageou a escola em sua publicação. A figurinista assinou em 1977 seu primeiro desfile na escola de samba com o enredo “Festa da Aclamação”, com o vice-campeonato e no ano seguinte, assinando o desfile com o tema “Mulher à brasileira”.
Em 2018 e 2019, Rosa também foi responsável pelo desenvolvimento do enredo da Portela, ambos os anos ficando no quarto lugar.
Liesa
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) divulgou em seu Instagram uma homenagem à artista. Parte do espetáculo desde 1971, Rosa viu a criação da organização, que foi fundada em 1984.