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    Rock in Rio: Måneskin fala à CNN sobre liberdade, fama e primeira turnê mundial

    Banda italiana, famosa pelo hit "Beggin'" viralizado no TikTok, chega ao Brasil para apresentações no Rock in Rio, no dia 8, e em São Paulo, no dia 10

    Maria Santanada CNN

    Não importa como você pronuncie seu nome: o grupo de rock italiano Måneskin é possivelmente um dos mais famosos e bem-sucedidos da música global neste momento.

    Nesta semana, eles desembarcaram no Brasil para duas apresentações. Nesta quinta-festa (8), eles se apresentam no Palco Mundo do Rock in Rio 2022, abrindo para o headliner Guns N’ Roses.

    Já na sexta (9), a banda faz um show com ingressos praticamente esgotados no Espaço Unimed, em São Paulo.

    “Nunca estivemos na América Latina e nunca tocamos lá. Mas claro que sabemos alguma coisa sobre as pessoas de lá e sabemos que elas são… doidas. Então gostamos desse tipo de público e mal podemos esperar para tocar lá”, relata o vocalista Damiano David à CNN.

    Em 2021, o Måneskin – composto por, além de Damiano, a baixista Victoria De Angelis, o guitarrista Thomas Raggi e o baterista Ethan Torchio – venceu a maior competição de música da Europa, o Eurovision e, desde então, não olhou pra trás.

    Eles emplacaram três hits no topo das paradas de rock da Billboard: seu viral absoluto e cover do cantor Frankie Vallie, “Beggin'”, além de “I Wanna be Your Slave” e “Supermodel”.

    O grupo também fi recentemente indicados a dois MTV Video Music Awards (VMA), incluindo “Melhor Artista Revelação”.

    Eles apareceram no “Tonight Show with Jimmy Fallon”, um dos principais talk shows do mundo, e foram atração no tradicional programa americano “Saturday Night Live”.

    A banda Måneskin com a repórter da CNN Maria Santana (dir.) / CNN

    Há pouco mais de um ano, os quatro roqueiros eram músicos pouco conhecidos tocando nas ruas de Roma e brigando com outros artistas de rua por um lugar na esquina que atrairia mais pessoas.

    Agora, atrair uma multidão é tão simples quanto anunciar seu próximo show.

    Em julho, eles tocaram para uma plateia esgotada de 70 mil pessoas no icônico Circus Maximus – a maior arena de entretenimento de Roma e antigo estádio para corrida de bigas no Império Romano – e foram convidados a se apresentar em alguns dos maiores festivais de música dos EUA, incluindo Coachella e Lollapalooza.

    Eles estão começando agora sua primeira turnê mundial, que além de shows em vários pontos dos Estados Unidos, inclui Europa e a América Latina, com datas na Argentina e Chile para além do Brasil.

    Os ingressos estão vendendo rapidamente e os shows se estenderão até 2023.

    A correspondente da CNN, Maria Santana, conversou com Måneskin em Nova York antes de se apresentarem para um público menor do que 500 pessoas na intimista casa de shows “House of X” em um evento da rádio Sirius XM.

    No papo, a ascensão meteórica à fama, suas origens humildes, as próximas paradas em sua turnê mundial, o cover do “rei do rock” Elvis Presley para a trilha sonora do filme biográfico, e por que eles estão defendendo o povo da Ucrânia.

    A conversa foi editada para maior clareza.

    A primeira coisa que eu preciso perguntar é como se pronuncia o nome da banda?

    Todos: Moãn-E-Skin!

    CNN: Eu sempre ouço Men-Ei-Skin.

    Victoria De Angelis: Sim, está tudo bem.

    CNN: Então, Moãn-E-Skin?

    Thomas Raggi: Moãn-E-Skin é perfeito.

    E o que significa Måneskin?

    De Angelis: Significa luar. Eu escolhi quando começamos a tocar porque precisávamos participar dessa competição musical, e ainda não tínhamos um nome, então eles apenas me disseram para dizer palavras aleatórias em dinamarquês, e escolhemos um.

    Olhando para trás neste último ano, tenho certeza que foi absolutamente louco para vocês, de onde estavam um ano atrás e agora.

    Damiano David: Sim, tem sido uma jornada louca, mas é claro que estamos muito felizes com tudo o que fizemos, e toda vez que olhamos para trás, todos os passos, estamos superfelizes e orgulhosos.

    Qual foi a coisa mais surpreendente, talvez a mais emocionante, que aconteceu com vocês no ano passado?

    Raggi: Acho que tivemos muitos momentos incríveis durante o ano passado. Talvez uma música com Iggy Pop seja uma dessas, claro, e tocar com os Stones. Quero dizer muito, tem sido muito.

    Maneskin se apresenta no Lollapalooza de Chicago, nos Estados Unidos, em 31 de julho de 2022. / Josh Brasted/FilmMagic

    Agora vocês estão enchendo estádios com 70 mil pessoas, vendendo ingressos para 80 mil, e vocês disseram que era muito difícil para vocês encontrarem um lugar para tocar na Itália. Como era isso quando vocês começaram?

    De Angelis: Foi muito difícil porque em Roma não há uma cena de rock de verdade, então não há clubes querendo que as bandas toquem suas coisas, e também as pessoas não estão muito acostumadas a ir a shows de artistas novatos.

    Eles só vão para os famosos que eles já conhecem, então foi muito difícil e por isso começamos a tocar como artistas de rua. Estávamos sempre brigando com os outros artistas para ter o melhor lugar, e nunca ganhamos, mas… [risos].

    E então vocês fizeram o Eurovision, como isso mudou suas vidas?

    David: Acho que foi nossa primeira janela real fora da Itália. Desde aquele momento estávamos apenas baseando nossos projetos para a Itália e na Itália e essa foi a chance de estourar na Europa, depois da Europa para os EUA, e esperamos crescer cada vez mais.

    Como foi vencer pela Itália? Já se passaram 30 anos desde que a Itália ganhou o Eurovision, e então vocês ganham com o rock n’ roll, um gênero que não é muito forte lá?

    Raggi: Sim, isso é loucura.

    David: Isso foi inesperado, eu acho, para todos.

    De Angelis: Sim, todos estavam muito orgulhosos, grande comemoração.

    Muitas vezes, os vencedores do Eurovision têm aquele grande momento e depois desaparecem. O que vocês acham que os torna diferentes por terem sido capazes de pegar isso e catapultar tanto e se tornarem esse fenômeno mundial?

    David: Eu acho que, para nós, o Eurovision veio em um momento muito certo porque tínhamos acabado de lançar um álbum, então o que trouxemos para o Eurovision foi basicamente apenas uma das coisas de todo o álbum e foi fresco, e foi superautêntico para nós. Então, acho que as pessoas ficaram felizes em encontrar muita coerência entre o que levamos para o Eurovision e o que eles viram em nosso catálogo.  Eles sentiram, OK, essa não é apenas uma música viral que eles fizeram especificamente para o Eurovision, mas é apenas uma de suas músicas e então eles têm dois álbuns, e tudo faz sentido.

    Maneskin na final do 66º Eurovision, em 14 de maio de 2022. / Stefania D’Alessandro/Getty Images

    Então, vocês lançam “Beggin”, que se transforma na música de rock de maior sucesso do ano passado. Quero dizer, eu acordei todas as manhãs no último ano e tipo [cantando] “I’m beggin’, beggin’ you”… [risos]

    David: Sim, é nossa culpa, é nossa culpa [risos]. Bem, nem é nossa culpa porque nós nem o promovemos. A culpa é do TikTok. Apenas se tornou viral. Ficamos bastante chocados com isso. Quando vimos isso crescendo, ficamos tipo, “o que está acontecendo?”, e então descobrimos que era viral no TikTok e tudo o que aconteceu depois.

    Por que essa música? É um cover de Frankie Valli e do grupo The Four Seasons, e não consigo pensar em um estilo mais diferente do que vocês e The Four Seasons.

    De Angelis: Na verdade, nós tocamos no começo, quando começamos, e achamos que é muito mais desafiador e divertido fazer covers de músicas muito diferentes. Então, como agora, também estamos tocando “Womanizer” de Britney Spears, por exemplo, e achamos isso um desafio e estimulante.

    Vocês também fizeram um cover de “If I Can Dream” para o filme de Elvis. Como foi cantar uma música de Elvis? Quero dizer, você sabe, “O Rei do Rock n’ Roll”.

    David: Bem, toda vez que temos grandes momentos, tentamos não pensar muito nisso, porque então você fica ansioso e sente a pressão. Quando tivemos a chance de tocar um cover de Elvis, não sentimos que estávamos confrontando Elvis porque isso seria impossível, você não pode tentar lutar com a herança de Elvis. Ficamos superfelizes e honrados apenas por ter a chance de tocar uma de suas músicas, e nos concentramos nisso. Nos concentramos em fazer o melhor que podíamos fazer nessa música sem nem compará-la com a de Elvis, porque, claro, é intocável.

    Agora vocês têm um prêmio VMA e uma terceira música nº 1 nas paradas da Billboard, “Supermodel”. Você pode me dizer sobre o que é a música?

    De Angelis: O engraçado é que todo mundo pensa que é sobre supermodelos, mas não é. Nós a escrevemos depois de três meses em Los Angeles, onde conhecemos muitas pessoas que fingiam ser supermodelos ou superstars. Todo mundo estava muito focado na forma como eles apareciam e não em como eles realmente são ou quem eles realmente eram. Todo mundo estava apenas tentando fingir que tinha as melhores roupas, melhores amigos, melhor clube, esse tipo de coisa, e achamos um pouco estúpido, claro, mas era algo que achávamos que só era mostrado em filmes, como um estereótipo, sabe, mas quando vimos pessoalmente, achamos divertido e queríamos fazer uma música engraçada sobre isso.

    Posso dizer que ninguém em Nova York é assim. Nós somos muito reais. Se você tivesse que fazer uma música sobre Nova York, sobre o que seria?

    De Angelis: Ohhh… [risos]… precisamos passar mais meses aqui.

    David: Eu acho que seria como uma música de clube, superobscena [risos].

    Vocês cantam em inglês e italiano, mas temos muitos cantores italianos que são grandes na América Latina, e eles cantam em espanhol – Laura Pausini, Eros Ramazzotti, Il Volo. Vocês acham que algum dia cantariam em espanhol?

    Davi: Por que não?

    De Angelis: Em espanhol?

    David: Eu basicamente escuto música que soa em espanhol, então eu não voltaria atrás… [risos].

    Vocês entrarão em turnê e vão para a América Latina. Como é ir a todos esses lugares, é um choque cultural?

    David: Sim, você sabe, nós nunca estivemos, fora de Ethan, nunca estivemos na América Latina, e nunca tocamos lá, mas é claro, sabemos algo sobre as pessoas de lá, e sabemos que eles são muito loucos … [risos] … Empolgados, quentes, e nós gostamos desse tipo de público. Então, mal podemos esperar para tocar lá, e foi um dos lugares que mais me surpreendeu. Quando eu vi os lugares que estávamos vendendo ingresso, foi tipo “que p**** é essa?”, “como chegamos lá?”. Foi uma loucura, então mal podemos esperar para estar lá.

    Como a fama mudou vocês, se é que mudou?

    De Angelis: Eu não acho que isso nos mudou.

    David: Estou menos preocupado com as coisas, na verdade. Acho que estou estável… [risos].

    Maneskin no tapete vermelho da estreia de “Elvis” no 75º Festival de Cannes, em maio de 2022. / Daniele Venturelli/WireImage

    Vocês sentem que a fama, quando são tão conhecidos, vem com a responsabilidade de falar sobre certas questões políticas? Muitos artistas dizem “sou um artista, não um político ou um ativista”.

    De Angelis: Sim, para nós, acho que vem naturalmente, então quando achamos que sabemos o suficiente sobre um tópico, e achamos que nossa opinião pode, tipo, fazer a diferença ou algo que não sentimos como uma pressão ou algo. Isso vem naturalmente, e estamos felizes em fazê-lo. Além disso, se pudermos compartilhar uma mensagem positiva sobre algo que realmente importa para nós, ficaremos felizes em fazê-lo. Se não, também não sentimos a pressão de ter de fazê-lo.

    Vocês fizeram uma música em apoio à Ucrânia, “We’re Gonna Dance on Gasoline”, como vocês se sentem sobre essa situação?

    David: É realmente difícil dizer isso porque nos sentimos muito mal com isso, mas também sabemos que temos um enorme privilégio, sem preocupações, não estamos preocupados que algo aconteça conosco. Então, se pudermos espalhar conhecimento sobre isso, ficamos mais do que felizes, e sentimos que temos de fazê-lo porque isso é algo que está acontecendo hoje e se podemos fazer algo hoje, tem mais valor.

    Uma de suas primeiras músicas foi “Zitti E Buoni”, que significa “Shut Up and Behave”. Não parece que vocês vão se calar ou se comportar tão cedo.

    De Angelis: Não, de jeito nenhum.

    Qual o próximo passo?

    De Angelis: Não sei, nos sentimos muito livres. Só queremos continuar tocando. Temos tantos shows e turnês incríveis pela frente, então acho que realmente vamos aproveitar e obter toda a inspiração possível disso e depois transformá-la em música. Não queremos estabelecer metas específicas, mas apenas queremos continuar e ver o que acontece e continuar melhorando e fazendo o que achamos certo.

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