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    Retrato de Klimt desaparecido há quase um século é vendido por R$ 165 milhões

    “Retrato de Fräulein Lieser”, do artista Gustav Klimt, foi feito no ano de 1917, um ano antes da morte do artista

    Lianne Kolirinda CNN

    Um retrato de Gustav Klimt que não foi visto por quase um século foi vendido por US$ 32 milhões (R$ 165 mi).

    O “Retrato de Fräulein Lieser”, considerado uma das obras finais do pintor austríaco, criou enorme entusiasmo no mundo da arte, mas acabou sendo vendido no limite inferior da sua avaliação de 30 a 50 milhões de euros (US$ 32 milhões a US$ 53,4 milhões).

    Os lances começaram em 28 milhões de euros (R$ 154 mi), e a obra foi arrematada em 30 milhões de euros (R$ 165 mi). Isso não inclui as taxas da casa de leilões.

    O preço de venda foi menos da metade do preço obtido por outra pintura de Klimt – “Dame mit Fächer” (Dama com Leque) –, em Londres, no ano passado. O retrato, que foi o último concluído por Klimt, se tornou a obra de arte mais cara já vendida em um leilão europeu, chegando a 85,3 milhões de libras (US$ 106,4 mi ou R$ 547,7 mi).

    O “Retrato de Fräulein Lieser” há muito era considerado perdido, segundo a casa de leilões de Viena im Kinsky. No entanto, descobriu-se recentemente que era propriedade privada de um cidadão austríaco.

    “A redescoberta deste retrato, um dos mais belos do último período criativo de Klimt, é uma sensação”, disse a casa de leilões em comunicado de imprensa, no seu site, antes da sua venda na tarde de quarta-feira (24).

    A peça intensamente vívida e colorida foi documentada em catálogos de obras do artista, mas os especialistas só a viram em uma foto em preto e branco.

    Sabe-se que a jovem era membro de uma rica família judia austríaca que fazia parte da classe alta da sociedade vienense, onde Klimt encontrou seus patronos e clientes. No entanto, sua identidade não é totalmente certa.

    Os irmãos Adolf e Justus Lieser eram importantes industriais do império austro-húngaro. Os catálogos da obra de Klimt afirmam que Adolf contratou o artista para pintar sua filha adolescente Margarethe Constance. No entanto, uma nova pesquisa da casa de leilões sugere que a esposa de Justus, Lilly, o contratou para pintar uma de suas duas filhas.

    O comunicado no site do leiloeiro revela que a modelo – seja ela quem for – visitou o estúdio de Klimt nove vezes em abril e maio de 1917. Ele fez pelo menos 25 estudos preliminares e provavelmente começou a pintura em maio daquele ano.

    “O pintor escolheu um retrato de três quartos para sua representação e mostra a jovem em pose estritamente frontal, próxima ao primeiro plano, com um fundo vermelho e indefinido. Uma capa ricamente decorada com flores está pendurada em seus ombros”, disse a casa de leilões.

    Acrescentou: “As cores intensas da pintura e a mudança para pinceladas soltas e abertas mostram Klimt no auge de seu período tardio”.

    Quando o artista morreu, em decorrência de um acidente vascular cerebral, em fevereiro seguinte, a pintura ainda estava em seu ateliê — com algumas pequenas partes ainda não concluídas. Foi então entregue à família Lieser.

    Seu destino exato depois de 1925 “não está claro”, segundo a casa de leilões. “O que se sabe é que foi adquirido por um antecessor legal do expedidor na década de 1960 e passou para o atual proprietário através de três heranças sucessivas”, refere o comunicado.

    A pintura seria vendida em nome de seus proprietários austríacos, que não foram identificados, juntamente com os sucessores legais de “Adolf e Henriette Lieser com base em um acordo de acordo com os Princípios de Washington de 1998”, disse a casa de leilões.

    Estabelecidos em 1998, os Princípios de Washington incumbiram as nações participantes de devolver a arte confiscada pelos nazistas aos seus legítimos proprietários. Claudia Mörth-Gasser, especialista em arte moderna da im Kinsky, explicou a situação num email à CNN.

    Ela disse que o leiloeiro verificou a história e a proveniência da pintura “de todas as maneiras possíveis na Áustria”, acrescentando: “Verificamos todos os arquivos e não encontramos nenhuma evidência de que a pintura tenha sido exportada para fora da Áustria, confiscada ou saqueada”.

    Mas, da mesma forma, ela acrescentou: “Não temos provas de que a pintura nunca tenha sido saqueada no intervalo de tempo entre 1938 e 1945”.

    E esta é a razão “pela qual arranjamos um acordo entre o atual proprietário e todos os descendentes da família Lieser de acordo com os ‘Princípios de Washington’”, disse ela.

    Os retratos de mulheres de Klimt “raramente são oferecidos em leilões”, afirmou o comunicado de imprensa. E continuou: “Uma pintura de tamanha raridade, significado artístico e valor não está disponível no mercado de arte da Europa central há décadas”.

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