Parintins 2022: campeão do festival folclórico será conhecido nesta segunda
Apuração das notas será realizada a partir das 14h; dez jurados avaliarão apresentações, que aconteceram após dois anos de suspensão pela pandemia
O festival folclórico de Parintins será encerrado, nesta segunda-feira (27), com a apuração das notas que definirão o campeão de 2022.
As decisões dos dez jurados serão divulgadas a partir das 14h, em cerimônia aberta ao público no Bumbódromo da Ilha Tupinambarana, no Amazonas.
“Nesse ano vamos receber as torcidas dos bois na arena, cada um do seu lado, com toda segurança”, informou o secretário de Cultura, Marcos Apolo Muniz, em comunicado divulgado à imprensa.
A secretaria abre, ao meio-dia, o portão de entrada das alegorias para o público. A equipe do órgão realizará a triagem e irá direcionar os torcedores dentro do Bumbódromo.
Os troféus de Campeão, Vice-Campeão, Galera Campeã e Galera Vice-Campeã foram feitos pelo designer parintinense Fram Canto.
As peças pesam cerca de 35 quilos, têm 90 centímetros de altura e foram feitas a partir de madeira proveniente de manejo florestal.
Relembre as noites de apresentações
Primeira noite
Mais de 25 mil pessoas acompanharam as apresentações dos bois no Bumbódromo de Parintins, na sexta-feira (24). O boi-bumbá Garantido abriu a primeira noite do 55° Festival Folclórico de Parintins, celebrando a diversidade dos povos indígenas.
O apresentador Israel Paulain iniciou a tradicional contagem do boi vermelho e branco, que acontece desde a década de 1970, lembrando as vítimas da Covid-19, entre elas, Paulinho Farinha, um dos ícones do Festival.
Além da defesa da Amazônia, o Garantido também levantou a bandeira do empoderamento da mulher, colocando, pela primeira vez, tuxauas mulheres (líderes da aldeia) para a arena do Bumbódromo.
De acordo com o presidente do bumbá, Antonio Andrade, o Garantido entrou com 120 módulos de alegoria e cerca de dois mil brincantes para contar a luta de quem defende a Amazônia.
Depois foi a vez do boi-bumbá Caprichoso que fechou o espetáculo. Com o tema “Amazônia Nossa Luta em Poesia”, o bumbá azul e branco levou para a arena um manifesto em defesa da preservação.
Ao todo, 1.500 brincantes integraram a apresentação que colocou na arena inovações e tecnologia para contar sobre a importância dos povos originários na proteção da Amazônia.
Um dos pontos altos da apresentação foi o ritual indígena Tuparí, que trouxe o pajé Erick Beltrão. O parintinense – um dos estreantes no Festival Folclórico pelo lado azul – era um dos itens individuais mais aguardados pelos torcedores do Caprichoso.
O boi da estrela também aproveitou para fazer uma homenagem ao indigenista Bruno Araújo e o jornalista britânico Dom Phillips, que foram mortos na região do Vale do Javari no incio do mês. Uma bandeira com as imagens deles foi exibida no Bumbódromo.
De acordo com o Governo do Amazonas, para colocar os bois na arena em 2022, os bumbás receberam cada um R$ 5 milhões. Cerca de 80 mil visitantes devem passar pela ilha durante o Festival e movimentar a economia local.
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Segunda noite
O Caprichoso foi o primeiro a se apresentar no sábado (26) durante a segunda noite do Festival de Parintins. A identidade cabocla foi homenageada pelo Touro Negro, que ressaltou na arena o respeito e a união entre os caboclos e a floresta.
Logo nos primeiros minutos, uma alegoria gigante do Caprichoso trazia o astro da festa azul. Em seguida, voos em drones fizeram o público vibrar.
“A gente usa a tecnologia para fazer a manutenção da nossa tradição. Para melhor contar as nossas histórias. Se nós temos condições de fazer voar na arena, nós vamos fazer”, comenta o presidente do conselho de arte do Caprichoso, Erick Nakanomi.
Outro ponto alto da apresentação foi a lenda amazônica “Os trilhos da morte”, que interagiu com a galera azulada e impressionou o público com a narrativa da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, no início do século 19, em Rondônia. Os fantasmas da ferrovia invadiram as arquibancadas.
O Garantido encerrou a segunda noite com o protagonismo negro na região norte e o movimento da Cabanagem na região do Grão-Pará.
A figura típica regional, um dos itens obrigatórios das apresentações, entrou na arena com oito módulos de até 18 metros de altura. O protagonismo negro também foi representado pelo levantador de toada, Edilson Santana.
A cantora Márcia Siqueira, uma das levantadoras do boi do povão, falou da emoção de homenagear a cultura afro e tudo que ela representa para o Brasil e para a Amazônia.
“Mais uma noite de emoção. Essa edição do Festival de Parintins, o festival dos festivais, é um retorno dessa festa tão querida, tão esperada. Todas as influências que nós temos. Uma noite emocionante, de muito axé, de muita luz, disse.
Xandoré e Ticê, lendas da etnia tupi-guarani entraram com imponência no Bumbódromo. O boi vermelho e branco contou que Xandoré era a personificação do ódio, inveja e rancor, enquanto Ticê era uma poderosa mulher capaz de enganar maus espíritos e proteger outras mulheres.
A toada, compensado chamadas as músicas nos bois, composta por Ronaldo Barbosa Jr. pede que as mulheres clamem a Ticê.
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