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    Nós mesmos contamos nossa história, diz criador do 1º bloco afro do Brasil

    À CNN Rádio, o presidente do Ilê Aiyê disse que transformou o que ouvia de negativo sobre população negra em positivo

    Amanda Garciada CNNLetícia Vidica

    O Ilê Aiyê é o primeiro bloco afro do Carnaval do Brasil.

    Ele foi criado nos anos 70, em Salvador, por Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, numa época em que o acesso de pessoas negras à festa se dava apenas tocando instrumentos ou carregando alegorias.

    Em entrevista à CNN Rádio, no CNN no Plural, Vovô do Ilê contou que a ideia para o bloco surgiu no bairro da Liberdade, o mais negro da cidade.

    “Numa rua de vanguarda, com manifestações culturais e religiosas, onde tudo acontecia”, disse.

    Mesmo diante do regime da Ditadura, a ideia saiu do papel: “Éramos chamados de racistas, mas conseguimos botar 100 pessoas no primeiro ano, e fomos aumentando.”

    De acordo com o presidente do bloco, ao invés de deixar “pesquisadores gringos” documentarem a vivência da população negra, “nós mesmos contamos nossa história.”

    “Usamos a música pensada por nós, trabalhada nesse resgate da autoestima do povo negro, tudo o que ouvimos de negativo mandamos de volta de forma positiva”, completou.

    Vovô do Illê afirmou que vê alguns ganhos expressivos desde a criação, com o “surgimento de outros blocos afro.”

    “O negro passou a se assumir não só em Salvador como no Brasil, esse trabalho desenvolvido com a música, de resistência”, analisou.

    Segundo ele, o negro “precisa participar da mesa de discussão.”

    Vovô do Ilê criticou o fato de Salvador, cidade mais negra fora da África, não ter um negro “em situação de destaque”.

    “Precisamos fazer nossa parte também, não só botar a culpa no branco, precisamos nos libertar do ranço da escravidão mental”, completou.

    *Com produção de Isabel Campos

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