“Museu do Ipiranga era visto como um museu das elites”, diz coordenadora
Visitantes encontrarão um acervo diferente daquele exposto antes do fechamento, com 3.700 itens, a maior parte inéditos; revitalização marca também uma nova fase da curadoria
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Maquete do Museu do Ipiranga faz parte do novo conjunto de exposições • Cecília Bastos/USP Imagens
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Exposição "Uma História do Brasil" reúne obras clássicas do Museu do Ipiranga • Cecília Bastos/USP Imagens
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Produções artísticas retratam diversos momentos da história do Brasil • Cecília Bastos/USP Imagens
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Acervo tem itens com tratamento multissensorial, ampliando a acessibilidade • Cecília Bastos/USP Imagens
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Instituição tem investido na diversificação de suas coleções, para representar camadas sociais mais amplas • Cecília Bastos/USP Imagens
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Tradicional coleção de moedas e medalhas do Museu do Ipiranga • Cecília Bastos/USP Imagens
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Serão expostas coleções de louças acumuladas no acervo do museu • Cecília Bastos/USP Imagens
O Museu do Ipiranga, em São Paulo, reabre ao público na quinta-feira (8), após nove anos fechado para uma ampla reforma e revitalização. O retorno do espaço ao cenário cultural da capital paulista acontece no contexto das comemorações do Bicentenário da Independência.
No feriado do dia 7 de Setembro, haverá uma inauguração simbólica do espaço, que receberá estudantes de escolas públicas e municipais e profissionais envolvidos no projeto de recuperação. No dia seguinte, o museu volta a receber o público com a inauguração de 11 exposições permanentes.
Os visitantes encontrarão um acervo diferente daquele exposto antes do fechamento com 3.700 itens, a maior parte inéditos. Mais de 350 peças receberam tratamento multissensorial, o que irá permitir interações táteis e olfativas, como ambientes com cheiros, além de material em braile.
Os objetos datam dos séculos 19 e 20, com alguns itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial. São pinturas, esculturas, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira e duas maquetes de grande porte.
“O Museu do Ipiranga era visto como um museu das elites, porque isso é que teve visibilidade nas exposições durante muito tempo”, diz Vânia Carneiro de Carvalho, coordenadora-geral do projeto de concepção e implantação das exposições.
Segundo Vânia, a revitalização do museu marca também uma nova fase da curadoria.
Acervos contam história da sociedade
As exposições serão divididas em dois eixos “Para Entender a Sociedade”, que reúne seis mostras sobre a sociedade brasileira e processos históricos, e “Para Entender o Museu”, com cinco áreas dedicadas aos bastidores da instituição.
Prevista para inaugurar em novembro, a exposição temporária “Memórias da Independência” tem como foco os eventos históricos e sociais associados ao tema.
As obras clássicas do Museu do Ipiranga poderão ser observadas na exposição “Uma História do Brasil”. O quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo é a atração principal do espaço que começa no eixo monumental, atravessa o saguão e a escadaria do Salão Nobre.
Esculturas e pinturas retratam os bandeirantes a partir de uma perspectiva reflexiva, proposta pela curadoria orientada por Paulo Garcez Marin, pesquisador e professor do museu. Textos explicativos discutem diferentes questões por trás das representações dos bandeirantes.
A história da arte e as formas de representação dentro de determinados gêneros artísticos ganham espaço na exposição “Passados Imaginários”. Reflexões propostas pela equipe de curadoria levam os visitantes a pensar sobre os contextos de criação das obras.
As mostras “Territórios em Disputa” e “Mundos do Trabalho” apresentam relíquias e objetos que ajudam a contextualizar a organização da sociedade ao longo do tempo. As exposições apresentam uma viagem ao passado revelando profissões comuns no Brasil antigo e como a tecnologia evoluiu ao longo do tempo.
Os bastidores do museu são revelados em exposições que explicam como o conhecimento apresentado foi produzido, desmistificando a ideia de que exista uma verdade absoluta quando se fala em História.
O processo que descreve o trabalho dos organizadores de um acervo, chamado de ciclo curatorial, é descrito em detalhes com o objetivo de aproximar o espectador dos conceitos por trás da consolidação do trabalho no museu.
Moedas, medalhas, louças e até mesmo brinquedos fazem parte das mostras do eixo “Para Entender o Museu”, que aborda o processo de coleta, catalogação, restauração e exposição.
Como visitar o Museu do Ipiranga
O Museu do Ipiranga será reaberto ao público de terça-feira a domingo, a partir do dia 8 de setembro. De 8 a 11 de setembro, o funcionamento será das 11h às 16h; depois, das 12h às 18h.
As visitas podem ser feitas gratuitamente até o dia 6 de novembro, após agendamento prévio no site, disponível a partir desta segunda-feira (5).
*Com informações de Valentina Moreira, do Jornal da USP.