Fernando Botero, pintor e escultor colombiano, morre aos 91 anos
Morte do artista foi comunicada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro: "O pintor das nossas tradições e defeitos"
O artista colombiano Fernando Botero morreu, nesta sexta-feira (15), aos 91 anos de idade. A morte do pintor e escultor foi comunicada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, no Twitter.
Veja fotos de obras de Fernando Botero
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“Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e paz. Da pomba rejeitada mil vezes e mil vezes colocada em seu trono”, escreveu Petro.
https://twitter.com/petrogustavo/status/1702669042522186184
Botero rejeitava o título de “pintor das gordas”
“O estilo distinto de Fernando Botero de formas suaves e infladas, com mudanças inesperadas de escala, é hoje instantaneamente reconhecível. Reflete a busca constante do artista em dar volume, presença e realidade”, afirma a biografia do artista em seu site oficial.
“Os parâmetros de proporção em seu mundo são inovadores e quase sempre surpreendentes. Apropriando-se de temas de toda a história da arte – desde a Idade Média, o quattrocento italiano e a arte colonial latino-americana até as tendências modernas do século XX – Botero os transforma em seu estilo particular”, complementa.
Botero nasceu em 1932 na cidade de Medellín, na Colômbia. Seu interesse pela pintura começou ainda na juventude. Em 1949, aos 17 anos, o aspirante a artista publicou um artigo ilustrado no periódico “El Colombiano”.
O artigo, intitulado “Picasso e a inconformidade da arte”, expunha sua visão sobre a arte moderna em uma crítica positiva de um dos maiores pintores da época, Pablo Picasso, a quem Botero admirava.
Sua primeira exposição aconteceu em 1951, quando já morava em Bogotá, na Galeria Leo Matiz. No ano seguinte, foi premiado no “Salón Nacional” de Bogotá e usou o dinheiro que ganhou no prêmio e na exposição para viajar para a Europa, onde foi estudar a obra de seus antigos mestres na Espanha, França e Itália.
Seu estilo – que ficaria conhecido como “boterismo”, marcado pelas figuras “inchadas” – surgiu pela primeira vez em uma obra de 1956, durante breve estadia no México.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, em abril de 2002, Botero rejeitou a fama de “pintor das gordas”.
“Os que não entendem nada dizem que Botero é o pintor das gordas. Isso não me incomoda. Mas, se as pessoas olhassem minha obra com atenção, veriam que a deformação volumétrica que faço em uma natureza-morta é a mesma que uso em pessoas ou paisagens. Faço uma exaltação do volume, não da gordura”, disse o artista.
De acordo com a biografia oficial no site de Botero, “sua contínua atração pela Colômbia de sua juventude se reflete em pinturas enraizadas na vida colombiana de pequenas cidades – grupos familiares de classe média, chefes de estado, prelados, madonas, militares, prostitutas e naturezas-mortas opulentas com frutas exóticas”.
No início da década de 1970, vivendo em Paris, passou a produzir esculturas, sem deixar de pintar. “Seu trabalho na arte tridimensional foi uma progressão natural para um artista singularmente dedicado a expressar volume e massa. Contudo, não é a aparência de volume, mas o próprio volume, um volume tangível, que o meio da escultura oferece”, relata a biografia.