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    Moraes Moreira, ícone dos Novos Baianos, morre aos 72 anos no Rio

    O músico teve um infarto fulminante e morreu enquanto dormia

    Paula Martini e Leandro Resende , Da CNN, no Rio

    Morreu nesta segunda-feira (13), aos 72 anos, no Rio de Janeiro, o músico Moraes Moreira, que marcou época com a banda Novos Baianos. 

    Moraes morreu na madrugada, enquanto dormia em sua casa no bairro da Gávea, zona sul carioca. A causa da morte foi um infarto fulminante, de acordo com informações da família do cantor e compositor, repassadas por sua assessoria de imprensa.

    Ele foi encontradado morto ao amanhecer em seu apartamento no Rio. De acordo com a filha mais velha do artista, Cissa Moraes, a família não irá divulgar o local do velório e do enterro em “respeito ao momento e a pandemia do novo coronavírus (COVID-19)”. Ainda não há definição se o corpo ficará no Rio de Janeiro ou na Bahia. Cissa pediu que os fãs “escutem a obra de Moraes Moreira” como forma de homenageá-lo.
     
    Antônio Carlos Moreira Pires nasceu em 1947, em Ituaçu (BA). Na adolescência, abraçou a sanfona e assim começou sua carreira tocando em festas de São João. Depois, mudou-se para a capital e lá conheceu o músico Tom Zé.
     
    Um dos maiores nomes da música brasileira, Moraes Moreira iniciou seu sucesso nos Novos Baianos, grupo que reuniu, em Salvador, nomes como Baby do Brasil e Pepeu Gomes. Moraes foi quem compôs grande parte das músicas, estando com o grupo de 1969 até 1975.
     
    No início dos anos 1970, os Novos Baianos lançaram o disco “Acabou Chorare”, álbum que hoje é considerado um clássico nacional por misturar ritmos brasileiros com rock psicodélico em faixas como “Preta Pretinha”, “Acabou o Chorare” e “Swing do Campo Grande”.  
     
    Moreira seguia tocando e compondo. Sua última apresentação foi em março deste ano, no complexo do Jockey Club do Rio de Janeiro. Em 2012, Moraes gravou o disco “A Revolta dos Ritmos”. Em paralelo ao lançamento, ele viajou ao lado do seu filho, Davi Moraes, com uma turnê comemorando os 40 anos de “Acabou Chorare”. Já em 2016 ele se reuniu com a banda e todos se apresentaram com um show que levou o nome do disco mais famoso do grupo.
     
    No dia 28 de março, o cantor publicou em sua conta no Facebook uma poesia, pois ela “sempre traz um alento nesses momentos”, se referindo à crise do novo coronavírus (COVID-19). Dez dias antes ele também havia contado na rede que estava respeitando a quarentena em sua casa na Gávea, no Rio, “tocando e escrevendo sem parar”. Na sequência, ele compartilhou um cordel, que nasceu ‘nasceu’ durante aquela madrugada do dia 17.mar.2020:  

    QUARENTENA (Moraes Moreira)

    Eu temo o coronavírus
    E zelo por minha vida
    Mas tenho medo de tiros
    Também de bala perdida,
    A nossa fé é vacina
    O professor que me ensina
    Será minha própria lida

    Assombra-me a Pandemia
    Que agora domina o mundo
    Mas tenho uma garantia
    Não sou nenhum vagabundo,
    Porque todo cidadão
    Merece mais atenção
    O sentimento é profundo

    Eu não queria essa praga
    Que não é mais do Egito
    Não quero que ela traga
    O mal que sempre eu evito,
    Os males não são eternos
    Pois os recursos modernos
    Estão aí, acredito

    De quem será esse lucro
    Ou mesmo a teoria?
    Detesto falar de estrupo
    Eu gosto é de poesia,
    Mas creio na consciência
    E digo não violência
    Toda noite e todo dia

    Eu tenho medo do excesso
    Que seja em qualquer sentido
    Mas também do retrocesso
    Que por aí escondido,
    As vezes é o que notamos
    Passar o que já passamos
    Jamais será esquecido

    Até aceito a Polícia
    Mas quando muda de letra
    E se transforma em milícia
    Odeio essa mutreta,
    Pra combater o que alarma
    Só tenho mesmo uma arma
    Que é a minha caneta

    Com tanta coisa inda cismo…
    Estão na ordem do dia
    Eu digo não ao machismo
    Também a misoginia,
    Tem outros que eu não aceito
    É o tal do preconceito
    E as sombras da hipocrisia

    As coisas já foram postas
    Mas prevalecem os reles
    Queremos sim ter respostas
    Sobre as nossas Marielles,
    Em meio a um mundo efêmero
    Não é só questão de gênero
    Nem de homens ou mulheres

    O que vale é o ser humano
    E sua dignidade
    Vivemos num mundo insano
    Queremos mais liberdade,
    Pra que tudo isso mude
    Certeza, ninguém se ilude
    Não Tem tempo, nem idade.

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