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    Madonna importa porque sua mensagem é relevante, diz biógrafa da artista

    Novo livro retrata a cantora como artista e ativista; Rainha do pop encerra turnê "The Celebration Tour" com show na Praia de Copacabana

    Mylene Guerrada CNN

    Os fãs de Madonna que querem conhecer mais a vida da cantora, que encerra a turnê “The Celebration Tour“, tem uma nova biografia à disposição. “Madonna: Uma vida rebelde” acaba de sair no Brasil pela editora BestSeller.

    Após cinco anos de pesquisa e dezenas de entrevistas, a jornalista americana Mary Gabriel foi além da vida de popstar. A biografia fala sobre a Madonna artista, ativista, transformadora de comportamentos e traça um paralelo dos 40 anos de carreira de Madonna Louise Ciccone com a história cultural do mundo.

    Em entrevista à CNN, Mary Gabriel explica: “Alguns artistas vivem em uma bolha protetora, protegidos do mundo. Madonna é o oposto. Seu trabalho reflete e responde ao que está acontecendo ao seu redor, seja onde ela está vivendo, o que está acontecendo na política e socialmente no mundo, ou o que está acontecendo em sua vida pessoal.”

    “Se o trabalho dela não for contextualizado, se não soubermos que ela escreveu sua famosa música ‘Like A Prayer’ durante tempos de racismo desenfreado nos Estados Unidos, não podemos entender a importância da obra ou sua mensagem“, acrescenta a jornalista.

    A autora prossegue: “Todo mundo no mundo – ou quase todo mundo – já ouviu falar dela, e muitas dessas pessoas têm uma opinião sobre ela. Mas descobri que a Madonna que o mundo melhor conhece é a Madonna celebridade.”

    “A verdadeira Madonna, a personagem muito mais interessante, é a Madonna artista. Descobri que Madonna é pouco conhecida e entendida ainda menos. Senti que era importante contar a história dela porque essa Madonna mudou o mundo“, complementa a escritora.

    Estigma da Aids e mãe glamurosa

    Mary Gabriel lembra do papel importante da artista no início da crise da Aids, nos anos 80, quando usou sua voz e recursos para tentar acabar com o estigma e o medo em torno do HIV. Madonna perderia algumas das pessoas que mais amava para doença – entre eles, o artista plástico Keith Haring.

    A autora cita também outro momento que contribuiu para mudanças de comportamento. Em 2000, no show da turnê “Music” na Brixton Academy, em Londres, Madonna se apresentou com uma camiseta com os nomes da filha Lola (Lourdes Maria), filha do bailarino Carlos Leon, e do filho Rocco, do relacionamento com o cineasta Ruy Ritchie.

    https://twitter.com/IknoWTFhappened/status/1757420662820319551

    Mary Gabriel considera que este gesto contribuiu para a mudança do conceito de maternidade e sexualidade. Naquele momento, Madonna era a mais glamurosa das mães que trabalham: durona, musculosa, agressiva e sensual, cantando “Runnaway Lover”.

    No show, Madonna disse: “Não quero parecer insolente, mas acho que não deixei de ser sexy depois de ter filhos. Não há nada mais sexy do que uma mãe.”

    Michigan, Nova York, o mundo

    “Madonna: Uma Vida Rebelde” também percorre a infância, a vida em família, a religiosidade da mãe, a mudança para Nova York para entrar no mundo da dança e a descoberta de que poderia e queria fazer música.

    As conquistas foram realizadas em meio a diversas dificuldades para se manter em Nova York –  pegava comida na lata de lixo, morava em locais inadequados, achava uma maneira de conseguir dinheiro sem pedir ajuda para o pai.

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    Sobre como conseguia dinheiro, Madonna disse: “Eu pegava dinheiro emprestado com as pessoas. Deixava um idiota me levar para jantar e falava: ‘Você me empresta 100 dólares?’ Eu estava sempre pegando 25, 50, 100 dólares de alguém.”

    Sobre a descoberta de que queria fazer música, Madonna disse: “Eu decidi que, se seria cantora, teria que conquistar isso. Eu tinha que aprender a tocar um instrumento.”

    Primeiro, foi a bateria. Em seguida, a guitarra e a composição de músicas. O primeiro show foi como baterista na banda Breakfast Club. Mas Madonna queria mesmo era cantar e não perdeu a chance nesta apresentação.

    “Eu me levantei, cantei uma música, e a banda foi aplaudida de pé. Foi a melhor resposta que poderíamos ter”, contou Madonna. “A canção se chamava ‘I Was Born To Be a Dancer’. Então, depois que tive esse gostinho de tocar guitarra, dançar por aí e cantar, eu disse: ‘Mas não volto a tocar bateria de jeito nenhum. Quero ser a vocalista principal’.”

    Em 1982, lançou o primeiro single “Everybody”. E não parou mais. No próximo sábado (4), encerra a turnê de 40 anos de carreira com um show na Praia de Copacabana.

    Os 40 anos de carreira

    Madonna continua fazendo sucesso, atraindo multidões e levando mensagens necessárias. Nas palavras de Mary Gabriel, “Madonna é relevante porque sua mensagem é relevante“.

    E pontua: “Na  turnê ‘Celebration’, ela presta homenagem à comunidade LGBTQ global, que está sob ameaça de governos repressivos em todo o mundo. Como fez com ‘Blond Ambition’, em 1990, Madonna forçou o mundo a olhar e ouvir e, o mais importante, entender o que ela estava dizendo – que a comunidade LGBTQ é linda e talentosa e deve ser abraçada e amada, não perseguida. Isso, eu diria, é relevante, importante e emocionante.”

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    O livro aponta que “Blond Ambition” também foi uma turnê de volta à infância – ao despertar sexual que a Igreja e o pai, Tony Ciccone, consideravam pecaminoso.

    Na entrevista à CNN, Mary Gabriel disse que não era uma grande fã de Madonna quando decidiu abraçar o projeto. A jornalista contou que a coragem que acompanha a vida da Rainha do Pop foi o que mais a surpreendeu durante a pesquisa para o livro.

    “Ela começou com nada além de uma vontade forte e a crença de que tinha algo a dizer, e ela fez isso. Ela passou da obscuridade para um cenário global em pouquíssimo tempo, não porque alguém lhe desse um impulso, mas porque ela trabalhou duro para que isso acontecesse“, afirma a autora. “E, no processo, ela teve que lutar contra forças poderosas contra ela.”

    “Não houve um momento em seus 40 anos de carreira em que alguém não estivesse dizendo que ela não deveria fazer algo, que isso arruinaria sua carreira, que ela tinha ido longe demais. Ou a imprensa a criticava nos termos mais cruéis”, acrescenta Mary Gabriel. “E mesmo assim ela continuou.”

    “Qualquer pessoa normal teria desistido, porque o caminho que ela escolheu foi muito difícil. Madonna é muitas coisas, mas normal não é uma delas. Ela prospera no desafio. Ela vive para desafiar as convenções”, conclui a biógrafa da artista.

    • Serviço: Madonna: Uma vida Rebelde
    • Editora: Best Seller
    • Páginas: 845
    • Preço: R$ 119,90

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