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    Em documentário, Lady Gaga revela estupro e gravidez quando tinha 19 anos

    Estrela pop falou sobre a dor e o trauma duradouro de ser abusada quando era adolescente no 1º episódio de série criada pelo príncipe Harry e por Oprah Winfrey

    Toyin Owoseje, da CNN

    A estrela pop Lady Gaga falou sobre a dor e o trauma duradouro de ser abusada sexualmente quando era adolescente, revelando que sofreu um “surto psicótico total” anos depois de ter sido deixada grávida por seu suposto estuprador.

    A cantora vencedora do Grammy – cujo nome verdadeiro é Stefani Germanotta – relembrou sua experiência angustiante em uma aparição emocionante no episódio de estreia de “The Me You Can’t See” (O eu que você não pode ver, em tradução livre), uma nova série documental da Apple TV+ criada pelo príncipe Harry e por Oprah Winfrey que visa combater o estigma em torno da saúde mental.

    Gaga falou em meio às lágrimas ao contar o momento em que um produtor anônimo exigiu que ela tirasse a roupa antes de ameaçar destruir sua música.

    “Eu tinha 19 anos e trabalhava no ramo, e um produtor me disse: ‘Tire a roupa’”, lembrou ela.

    “E eu disse não. E eu saí, e eles me disseram que iriam destruir todas as minhas músicas. E eles não pararam. Eles não pararam de me pedir, e então eu simplesmente congelei e eu só… eu nem me lembro.”

    Gaga disse que não revelará o nome de seu suposto agressor. “Eu entendo este movimento #Metoo, eu entendo que alguns outros se sintam realmente confortáveis com isso, e eu não, eu não quero mais encarar aquela pessoa novamente. Este sistema é tão abusivo, é tão perigoso.”

    De acordo com a criadora do hit “Poker Face”, ela foi diagnosticada com transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) anos depois, ao procurar um hospital por causa de dores crônicas. Ela divulgou seu diagnóstico em 2016.

    “Primeiro, senti uma dor intensa, depois fiquei entorpecida. Depois, fiquei doente por semanas e semanas e semanas e semanas”, explicou ela.

    “E percebi que era a mesma dor que senti quando a pessoa que me estuprou me deixou grávida na esquina, na casa dos meus pais, porque eu estava vomitando e doente. Por ter sofrido abuso, fui trancada em um estúdio por meses.”

    “A maneira como me sinto quando sinto dor é como me senti depois de ser estuprada”, disse ela. “Eu fiz tantas ressonâncias magnéticas e exames. Eles não encontraram nada, mas seu corpo se lembra.”

    Gaga disse que tudo veio à tona com um colapso do qual ela levou anos para se recuperar. “Tive um surto psicótico total e, por alguns anos, não fui a mesma mulher”, revelou ela. Durante esse período – por volta de 2018 e 2019 – ela cancelou uma série de shows em sua turnê mundial Joanne.

    Nesse período ela também ganhou um Oscar, acrescentando: “Ninguém sabia [dos abusos]”.

    Gaga também falou sobre seus impulsos de automutilação: “É realmente muito real sentir que há uma nuvem negra seguindo você aonde quer que você vá, dizendo que você não vale nada e que deveria morrer. E eu costumava gritar e me jogar contra a parede.”

    A cantora disse: “Você sabe por que não é bom se cortar? Você sabe por que não é bom se jogar contra a parede? Você sabe por que não é bom se machucar? Porque faz você se sentir pior. Você pensa que vai se sentir melhor porque você está mostrando a alguém: ‘Ei, olha, estou sofrendo’. Não ajuda. Eu sempre digo às pessoas: ‘Diga a alguém, não mostre a ninguém’.”

    Agora com 35 anos, Gaga disse que seu processo de cura envolve “tentar ter certeza de que retribui com essa experiência, em vez de trancá-la e fingir [que nunca existiu]”.

    Seu caminho para a recuperação é “uma ascensão lenta”, disse ela. “Mesmo se eu tiver seis meses excelentes, tudo o que precisa é ser relembrado uma vez para me sentir mal. E quando eu digo me setir mal, quero dizer ter vontade de me cortar, pensar em morrer, me perguntar se algum dia vou fazer isso.”

    No Brasil, as vítimas de violência e abuso sexual podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.

    Além de receber denúncias de violações contra as mulheres, a central encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes, monitora o andamento dos processos e orienta mulheres em situação de violência, direcionando-as para os serviços especializados da rede de atendimento.

    Já o Centro de Valorização da Vida (CVV) fornece apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo pelo telefone 188, por e-mail, e por chat, 24 horas, todos os dias.

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