J.K. Rowling reacende polêmica em novo livro com personagem transfóbica
A autora de "Harry Potter" nega que "The Ink Black Heart", ainda sem data de lançamento no Brasil, seja uma resposta às críticas que ela recebeu após fazer comentários transfóbicos em suas redes sociais
A escritora J.K. Rowling voltou a receber críticas e ficar entre os assuntos mais falados do Twitter nesta semana por conta do lançamento de seu novo livro, “The Ink Black Heart”.
A história retrata Edie Ledwell, a co-criadora de um desenho animado assassinada após ser perseguida por internautas que a acusam de ser transfóbica, racista e capacitista.
Publicações no Twitter apontam um paralelo entre a personagem do livro e os ataques sofridos pela própria J.K. Rowling após ter publicado declarações transfóbicas em 2021.
https://twitter.com/pk_kenzie/status/1564630291301298180?s=24&t=2uf4IRkKKiSAppUPFcMJNg
Em entrevista ao podcast “Radio Show”, de Graham Norton, no entanto, a escritora negou que a obra fosse inspirada na própria vida. Ela disse que imaginou que os leitores pudessem ter essa impressão, mas que o livro foi escrito antes que “certas coisas” tivessem acontecido com ela.
“Falei para o meu marido: ‘Acho que todos vão enxergar isso como uma reposta ao que aconteceu comigo’. Mas genuinamente não é”, ela disse.
O livro “The Ink Black Heart” é o sexto volume da série de ficção policial “Cormoran Strike”, escrita por J.K Rowling sob o pseudônimo de Robert Galbraith, e ainda não tem data de lançamento no Brasil.
O quinto volume da série, lançado em 2020, já havia recebido críticas de internautas e ativistas dos direitos LGBTQIA+.
“Troubled Blood” mostra a história de um serial killer que se veste de mulher ao cometer seus crimes.
Na época, a organização de caridade Mermaids, que apoia crianças transgênero e suas famílias no Reino Unido, declarou à CNN que retratar pessoas travestidas como uma ameaça era “um estereótipo batido e até meio desgastado, responsável pela demonização de um pequeno grupo de pessoas que simplesmente esperam viver suas vidas com dignidade”.
O pseudônimo Robert Galbraith
A escritora já havia sido alvo de comentários por conta do nome escolhido como pseudônimo para publicar a série.
Robert Galbraith Heath foi um psiquiatra americano que praticava experimentos para terapias de conversão que pretendiam “reverter” a homossexualidade dos pacientes.
No site oficial da série de livros, J.K. Rowling explica o que a levou a escolher este nome: “Escolhi Robert porque é um dos meus nomes masculinos favoritos, porque Robert F Kennedy é meu herói. Galbraith surgiu por uma razão um pouco estranha. Quando eu era criança, eu realmente queria ser chamada de ‘Ella Galbraith’, e não tenho ideia do porquê.”
À CNN, o porta-voz da autora declarou que a alegação de que o pseudônimo teria sido escolhido por conta do psiquiatra americano é “categoricamente falsa”.