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    “Inevitavelmente engraçado”, diz roteirista sobre filme de Zeca Pagodinho

    Em entrevista à CNN, Roberto Faustino destacou alguns dos melhores momentos do longa

    Fernanda Pinottida CNN , em São Paulo

    O que não falta no filme que promete levar aos cinemas a vida e a obra de Zeca Pagodinho são causos engraçados. Roteirista e co-produtor do longa “Deixa a Vida Me Levar”, Roberto Faustino conseguiu elencar vários deles apenas durante a entrevista à CNN.

    “O filme não é uma comédia, mas ele é inevitavelmente muito engraçado”, disse Faustino.

    “Principalmente pela irreverência e pelo mundo que ele traz representado. É um mundo muito direto onde as pessoas falam as coisas diretamente, não tem muita curva, não tem muito rodeio, e isso dá origem a personagem muito originais”, acrescentou.

    Para Faustino, uma das melhores características do longa é o mundo que ele apresenta: o subúrbio carioca da zona norte do Rio de Janeiro, no qual Zeca começou a compor as letras que se tornariam parte da história do samba no Brasil.

    Justamente por todas as boas histórias é que o roteirista decidiu escrever um filme de ficção, ou como ele mesmo descreveu, uma “ficção que abraça a realidade”.

    “Fiz questão de fazer ficção, porque as histórias são tão incríveis que eu pensei: não tem que reconstituir, tem que dramatizar isso aqui. Não dá para alguém ficar falando o que aconteceu exatamente, esse é um mundo de ação, não é um mundo de palavra”, disse Roberto Faustino.

    O partido alto de Zeca Pagodinho

    O longa vai focar no início da carreira profissional de Zeca, entre o final dos anos 1970 e o final dos anos 1980. Momento no qual o cantor lança seu primeiro álbum, após passar se recusando a cantar, mas acumulando letras de música escritas.

    “Nesse início, ele tinha muita habilidade com os versos no partido alto e tinha muita habilidade com a letra das músicas, tanto que as pessoas começaram a levar harmonias e músicas compostas para ele colocar letra”, explicou. “Então ele vai acumulando ao longo do tempo muitas músicas que ele compôs, e de repente, quando ele finalmente aceita ser cantor, foi gravar o primeiro disco e ele tinha um monte de sucesso na gaveta, e todos explodiram, né?”

    Um dos pontos altos do filme, garante Faustino, é justamente a representação do partido alto: “O partido alto acabou sendo menos conhecido no Brasil do que o pagode, mas é uma coisa muito importante porque você improvisa. Não são músicas compostas, são versos improvisados o tempo inteiro, como se fosse um duelo, um desafio. E o filme começa com um desses desafios, e termina com um desses desafios.”

    “E os versos são muito engraçados porque se apropriam desse humor que não é um humor depreciativo, não é machista, não é homofóbico, entendeu? Que passa pela brincadeira com coisas inteligentes, com imagens inteligentes, e não com a depreciação do outro”, acrescentou.

    Uma história de amor parceiro

    Outro ponto que deve surpreender os espectadores no filme é descobrir mais sobre a história de amor entre Zeca e Mônica — e os tantos causos que ela já proporcionou.

    “É um casal muito inusitado, a Mônica e o Zeca, porque eles não têm um amor romântico, nem um amor aventureiro, mas eles têm um pacto que dura até hoje. Convivendo com eles, você percebe o poder desse pacto de intimidade, de apoio, é uma química que não é muito comum. É mais pela cumplicidade, pela parceria”, explicou Faustino.

    Zeca Pagodinho e sua esposa, Mônica Silva. / Reprodução/ Instagram

    O roteirista ainda destacou duas histórias envolvendo o casal que prometem arrancar risadas no cinema e marcar a memória do público.

    A primeira é sobre o casamento de Zeca e Mônica, quando poucos dias antes o cantor (já consideravelmente famoso) perdeu a bolsa com os convites para a cerimônia e a festa acabou sendo “invadida” por centenas de desconhecidos.

    A outra mostra um dos encontros entre os dois, no início do relacionamento, quando Zeca combinou com o operador da roda gigante de um parque de diversões para travar o brinquedo no alto, e ele consegue arrancar os primeiros beijos de Mônica, enquanto ela tenta lidar com o medo de altura.

    As gravações do filme devem ter início no segundo semestre deste ano. Com direção de Mauro Lima e produção de Roberto Faustino e Marco Altberg, o longa será distribuído pela Paris Filmes.

    À CNN, Faustino deu mais detalhes sobre em que pé está a produção aqui.

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