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    Gypsy Rose diz que ainda sofreria abusos se a mãe estivesse viva

    Caso da jovem que planejou o assassinato da própria mãe após descobrir abusos inspirou séries e filmes como "The Act", "Fuja" e “Mamãe Morta e Querida”

    Gypsy Rose Blanchard.
    Gypsy Rose Blanchard. Reprodução/ Instagram

    Elizabeth WagmeisterHarmeet Kaurda CNN

    Gypsy Rose Blanchard diz que a primeira vez que experimentou a liberdade não foi na semana passada, quando saiu da prisão — após cumprir oito anos e meio por ajudar no assassinato de sua mãe abusiva. Segundo ela, a primeira vez que experimentou a liberdade foi ao ser presa.

    “Para mim, chegar à prisão foi uma oportunidade de começar uma vida para mim mesma em termos de ganhar independência de todos”, disse ela em entrevista à CNN na quinta-feira (4), antes da estreia da série documental da Lifetime, “As Confissões da Prisão de Gypsy Rose Blanchard”.

    A história da jovem já inspirou séries e documentários como “The Act”, no Prime Video, “Mamãe Morta e Querida”, na HBO Max, “Gypsy: Uma Vida de Mentira”, na Apple TV+, e o filme “Fuja”, na Netflix.

    “Poder fazer coisas simples como fazer amigos pela primeira vez, sair ao sol, curtir um dia com os amigos, conviver com outras pessoas da minha idade”, acrescentou. “Foi definitivamente mais liberdade do que jamais senti antes em minha vida morando com minha mãe.”

    Após a liberdade condicional na semana passada, Blanchard, aos 32 anos, está finalmente sentindo a verdadeira liberdade.

    A jovem se tornou objeto de fascínio dos tabloides depois que sua mãe, Dee Dee Blanchard, foi encontrada morta a facadas em 2015 em sua casa perto de Springfield, Missouri, nos EUA.

    Uma postagem perturbadora no Facebook da conta de Dee Dee alertou as autoridades sobre o crime e, à medida que mais detalhes surgiam, os investigadores descobriram uma complexa rede de abusos, mentiras e tragédias.

    Gypsy Rose passou a infância e o início da idade adulta acreditando que sofria de uma série de doenças graves, incluindo leucemia, distrofia muscular e asma. Na verdade, sua mãe  tinha a síndrome de Munchausen, uma síndrome rara em que um cuidador finge ou exagera a doença de alguém para atrair atenção ou simpatia.

    Durante anos, Dee Dee convenceu falsamente médicos, membros da comunidade e até a própria filha de que ela estava gravemente doente. Ela manteve Gypsy Rose em uma cadeira de rodas, embora ela pudesse andar, a submeteu a inúmeras cirurgias desnecessárias e a isolou do mundo, conforme os relatos da filha em entrevistas à mídia.

    O ambiente era tão insuportável que Gypsy Rose disse que não via outra saída a não ser se livrar da mãe.

    No que ela descreve como um ato de desespero, a jovem convenceu seu então namorado, Nicholas Godejohn, a matar sua mãe enquanto ela dormia. Ela se declarou culpada de assassinato em segundo grau em 2016, e os promotores a condenaram a 10 anos em um acordo judicial, considerando as circunstâncias únicas do caso.

    Godejohn foi condenado por homicídio em primeiro grau e sentenciado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Ele admitiu ter esfaqueado Dee Dee e disse que só a matou porque Gypsy pediu, de acordo com os autos do tribunal.

    Os documentos judiciais também mostram que Gypsy Rose estava em casa no momento do assassinato e não fez nada para impedi-lo. Mas ela disse que não acha que conseguiria ter matado a mãe se tivesse que fazer isso sozinha.

    “Eu não tenho isso em meu coração. Se as pessoas me conhecessem, saberiam que não consigo nem matar uma mosca”, disse ela. “Simplesmente não é da minha natureza ser violenta.”

    Ela continuou: “Acho que é muito importante que as pessoas entendam que cheguei a um ponto de ruptura. Eu como sou, como indivíduo, nunca poderia matar alguém.”

    Gypsy Rose também disse acreditar que ainda sofreria abusos se sua mãe estivesse viva hoje. É possível que alguém tivesse percebido o que sua mãe fazia a ela, mas provavelmente não antes de seu corpo sucumbir a todos os medicamentos e cirurgias desnecessárias que sua mãe impôs, acrescentou.

    “Acho que se minha mãe ainda estivesse aqui, eu ainda estaria sob esse abuso médico pelo qual eu passava”, disse ela. “Não acho que haveria um fim à vista para mim.”

    Agora que teve anos para refletir sobre suas escolhas, Gypsy Rose disse perceber que havia outras opções além de matar sua mãe.

    Mas ela sente que o sistema falhou: na época, ela se sentia presa, como se sua vida nunca fosse mudar enquanto ela estivesse sob os cuidados da mãe.

    “Percebo que existem recursos e coisas que são implementadas para proteger as crianças de passarem pelo que passei”, acrescentou ela. “Infelizmente, todos esses falharam comigo.”

    Mesmo depois de tudo o que sofreu nas mãos de sua mãe, ela a está perdoando. Se Gypsy pudesse falar com a mãe hoje, ela disse que pediria desculpas.

    “Ela não era uma mulher má. Ela não era um monstro. Ela era apenas uma mulher doente e precisava de muitos cuidados de saúde mental”, disse ela. “Eu vejo quem ela é agora, ou quem ela era.”

    Gypsy Rose Blanchard com seu marido Ryan Anderson. O casal se conheceu e ficou noivo enquanto Blanchard estava na prisão. / Reprodução/ Instagram

    Mas agora a jovem está pronta para seguir em frente.

    E tem muito com o que se manter ocupada: além de estar recém-casada com Ryan Anderson, um homem que conheceu e por quem se apaixonou e noivou enquanto estava presa, e se reunir com sua família, ela está promovendo o novo documentário da Lifetime que retrata sua história e seu livro “Released: Conversations on the Eve of Freedom”, com publicação prevista para 9 de janeiro.

    Segundo Gypsy Rose, ela pretende usar o reconhecimento que conquistou para evitar que outras pessoas passem por situações semelhantes.

    “Vou fazer o meu melhor para realmente fazer o que é certo por qualquer pessoa que tenha passado pelo que eu passei”, disse ela.

    Este conteúdo foi criado originalmente em Internacional.

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