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    Foto do papa rasgada, troca de socos com Prince e mais: relembre polêmicas de Sinéad O’Connor

    Cantora irlandesa famosa pelo hit “Nothing Compares 2 U” morreu, nesta quarta-feira (26), aos 56 anos

    Cantora Sinéad O’Connor rasga foto do papa João Paulo II durante apresentação no Saturday Night Live, em 1992.
    Cantora Sinéad O’Connor rasga foto do papa João Paulo II durante apresentação no Saturday Night Live, em 1992. Reprodução

    Léo Lopesda CNN

    em São Paulo

    A cantora irlandesa Sinéad O’Connor morreu, nesta quarta-feira (26), aos 56 anos. A causa da morte não foi revelada.

    Ao longo dos anos de carreira, a personalidade da música famosa pelo hit “Nothing Compares 2 U” colecionou prêmios e polêmicas.

    Manifestações políticas e a foto do papa rasgada

    Por exemplo, em 1990, no contexto de reta final da Guerra Fria, ela desistiu de se apresentar no Garden State Arts Center, em Nova Jersey, porque eles tinham o costume de tocar o hino nacional americano antes dos eventos.

    A recusa à execução do hino dos EUA antes de seus shows levou a um boicote de algumas rádios americanas contra suas músicas e manifestações de repúdio de políticos. Até mesmo o cantor Frank Sinatra fez uma declaração condenando Sinéad, dizendo durante um show que queria “dar uma coça” na cantora.

    O caso foi um ensaio para uma das maiores polêmicas da cantora. Em 1992, ao se apresentar no tradicional programa da televisão americana, o Saturday Night Live (SNL), Sinéad rasgou uma foto do Papa João Paulo II enquanto interpretava a capella a música “War”, de Bob Marley.

    Ela rasgou a fotografia enquanto cantava a última palavra da música – “evil” (“mau”, em tradução literal) – e, em seguida, disse a frase: “Lute contra o inimigo real” diante de uma plateia sem reação. A intenção da cantora foi protestar contra o abuso sexual de crianças pela Igreja Católica.

    O criador do SNL, Lorne Michaels, lembra de pedir para a produção não levantar o cartaz pedindo aplausos da plateia. De acordo com os registros da emissora NBC, quase 4.500 ligações com reclamação foram feitas após a apresentação.

    Na semana seguinte, o ator Joe Pesci apresentou o programa e mostrou uma foto do papa diante seu monólogo de abertura dizendo que colou os pedaços de volta, recepcionado por aplausos. “Eu teria dado uma bofetada nela”, disse.

    Sinéad continuou usar a música para se manifestar politicamente, com destaque para suas interpretações das músicas “Don’t Cry For Me Argentina” e “Fire On Babylon”.

    Sexualidade e casamento relâmpago

    A cantora ganhou as manchetes ao contar que era lésbica, no início dos anos 2000. Anos depois, em entrevista à Entertainment Weekly, ela disse que se considerava “três quartos heterossexual, e um quarto gay”. “Eu pendo mais para os caras peludos”, acrescentou.

    Em 2011, foi anunciado que Sinéad se casou em Las Vegas com o psicoterapeuta Barry Herridge, quem ela conheceu pela internet. Dezoito dias depois, foi o casal se separou.

    “Nothing Compares 2 U” e a trocação de socos com Prince

    O maior sucesso de Sinéad O’Connor veio em seu álbum de 1990, “I Do Not Want What I Haven’t Got”: a gravação e o videoclipe da música “Nothing Compares 2 U”, uma composição do cantor Prince para seu projeto paralelo, “The Family”.

    O clipe marcante chama a atenção pela ausência de elementos, com a câmera fechada a maior parte do tempo em um plano detalhe no rosto de Sinéad, que olha para a câmera contra um plano de fundo preto.

    “À medida que a MTV chegava à sua primeira década de existência, o formato do videoclipe já havia evoluído inúmeras vezes, a ponto de as gravadoras fazerem orçamentos para os vídeos pensando no visual antes da música. Com um excesso de colorido, “Nothing Compares 2 U” serviu como um forte contraste a todo o barulho. A relativamente desconhecida cantora irlandesa Sinéad O’Connor se tornou uma superestrela instantânea com nada mais do que o poder de seu rosto e voz”, avaliou Evan Sawdey, editor do portal de crítica cultural PopMatters.

    “Ela vende cada emoção da balada dramática de Prince até o final, quando lágrimas de verdade rolam de seus olhos. Um clipe sem truques de câmera, sem ressalvas e nada mais acontecendo parecia um movimento ousado e rebelde e, por esse motivo, “Nothing” se destacou ainda mais. Uma entrega tão simples e eficaz ajudou a transformar a música em um número 1 global, ganhando até mesmo o VMA de videoclipe naquele ano”, completou.

    Prince
    Cantor Prince em cena do filme ‘Purple Rain’, / Foto: Reprodução

    Em uma entrevista à rádio norueguesa NRK, em 2014, Sinéad revelou uma interação violenta com o compositor de seu maior sucesso.

    “Eu o encontrei algumas vezes. Não nos demos bem de forma alguma. Na verdade, tivemos uma briga”, disse. Ela contou que Prince a convidou para sua casa após o lançamento de “Nothing Compares 2 U”.

    “Eu não o conhecia. Ele me chamou para sua casa – e é besteira fazer isso com uma irlandesa – ele disse que não gostava que eu dissesse palavrões em entrevistas. Então eu disse para ele ir se f*der… Ele ficou muito violento. Tive que escapar de lá às 5 da manhã. Ele deu um soco maior que o meu”, completou.

    Em outra entrevista naquele ano ela minimizou o episódio em entrevista ao apresentador britânico Graham Norton, dizendo que a história “foi muito exagerada” pela imprensa e se referiu a Prince como “um cara doce”.

    Carta para Miley Cyrus

    Em outubro de 2013, um dos tópicos mais discutidos na internet era o recém-lançado clipe de Miley Cyrus, “Wrecking Ball”, com a cantora seminua balançando em cima de uma bola de destruição.

    Miley revelou que as cenas em que aparece cantando com a câmera fechada em seu rosto foram inspiradas em “Nothing Compares 2 U”. Por isso, Sinéad publicou uma carta aberta alertando Miley sobre o tratamento a mulheres na indústria da música e os riscos de expressar sexualidade.

    “Estou extremamente preocupada com você por aqueles ao seu redor te levarem a acreditar, ou a encorajaram em sua própria crença, que é de alguma forma “legal” estar pelada e lamber marretas em seus clipes”, escreveu.

    “A mensagem que você continua disparando é que, de algum forma, é legal ser prostituída… não é tão legal Miley… é perigoso. As mulheres devem ser valorizadas por muito mais do que sua sexualidade. Não somos apenas objetos de desejo. Gostaria de encorajá-la a enviar mensagens mais saudáveis para suas colegas”, acrescentou.

    “A indústria da música não dá a mínima para você, ou qualquer um de nós. Eles vão te prostituir por tudo que você vale, e habilidosamente fazer você pensar que é o que VOCÊ queria”, completou Sinéad.

    Na época, Miley postou no Twitter uma foto de Sinéad em sua fatídica apresentação no Saturday Night Live e escreveu: “Sinéad, eu não tenho tempo para escrever uma carta aberta a você porque vou estar no Saturday Night Live. Mas se você quiser se encontrar e conversar, me avise na semana que vem.”