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    Flip começa hoje com 1ª homenagem a escritora negra e mulheres em destaque na programação

    Escritora francesa Annie Ernaux ganhadora do prêmio Nobel de Literatura de 2022, faz parte das convidadas para evento que chega aos 20 anos

    Carolina FariasPauline Almeidada CNN

    A Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) começa nesta quarta-feira (23) depois de dois anos de eventos on-line por conta da pandemia da Covid-19 e neste ano, pela primeira vez em 20 anos de evento, presta homenagem a uma autora negra: Maria Firmino dos Reis, responsável pelo romance que inaugura a literatura abolicionista no Brasil.

    Mas a festa também tem uma boa lista de autoras mulheres como destaques na programação, entre elas, a escritora francesa Annie Ernaux ganhadora do prêmio Nobel de Literatura de 2022, a poeta pernambucana Cida Pedrosa, a argentina Camila Sosa Villada, escritora trans que conta as histórias de seu universo em forma de fábula e escritora e professora de literatura comparada na Universidade Columbia, Saidiya Hartman importante expoente do pensamento negro contemporâneo e desenvolve pesquisas nos campos da história da escravidão e literatura afro-americana.

    Em 2020, o evento foi criticado por inicialmente escolher a norte-americana Elizabeth Bishop como homenageada devido ao histórico elogioso dela ao golpe militar de 1964. Um ano depois, optou por um tema e não uma pessoa: a Mata Atlântica.

    Já neste ano, ao festejar Maria Firmino dos Reis, mostra um compromisso de conectar pessoas das mais variadas origens e trajetórias.

    Milena Britto, integrante do trio de curadores da Flip 2022 e professora de Letras da Universidade Federal da Bahia, afirma que após duas décadas de Flip, o objetivo foi juntar passado e presente, mostrando a amplitude e a diversidade do país.

    “A escolha de Maria Firmino é uma espécie de autocrítica, no sentido de o campo literário ficar muito preso a determinados modelos. O Brasil está se revendo, se repensando e a gente traz essa questão pelo viés estético”, explicou a curadora.

    Nascida por volta de 1822, professora no Maranhão, Maria Firmino conseguiu prosseguir com sua obra mesmo diante de um cenário dominado por homens brancos. Ela morreu sem qualquer prestígio, mas teve o nome resgatado por pesquisadores a partir da década de 1970.

    Durante o evento, no sábado (26) a Nobel de Literatura estará na mesa Diamante Rubro com a brasileira Veronica Stigger, escritora, crítica de arte e professora universitária. Elas vão debater o papel da arte e a força da literatura.

    “O que é essa escrita feminina hoje? As duas são anômalas porque não estão dentro de um perfil estético. Ernaux enfrentou a crítica francesa e depois foi ganhando corpo, como a pessoa que observa o cotidiano, revisita o dia a dia, politizando o gênero. Já Verônia traz a questão do humor, é quase uma literatura do absurdo”, destaca Milena.

    A pluralidade da feira também aparece na artista escolhida como destaque, que é uma fotógrafa. A suíça Claudia Andujar precisou fugir da perseguição nazista, emigrou para os Estados Unidos e, em 1955, chegou ao Brasil, onde desenvolveu o trabalho como artista. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão as imagens de indígenas Yanomami.

    “Ela não enquadra o outro como um objeto do seu olhar, mas usa técnicas de fotografia que têm uma certa narrativa, muito próximas da literária. O ser humano aparece como um autônomo, como uma troca”, disse a curadora do evento.

    Para se programar e aproveitar a extensa lista de eventos da Flip, confira a programação aqui.

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