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    Filme no Festival de Berlim fala sobre a construção e destruição de cidades

    Documentário feito por diretor russo foca na arquitetura mas ignora problemas sociais e efeitos de guerras

    Thomas Escrittda Reuters , em Berlim

    Nossa paisagem feita de concreto urbano está no centro de “Architecton”, o documentário requintado, mas contraditório, do diretor russo Victor Kossakovsky. O longa examina como os seres humanos constroem e destroem seu mundo.

    “Architecton” é um dos longas que participam do Festival de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale.

    O filme apresenta imagens de drones em preto e branco de pedreiras, templos e cidades destruídas por terremotos ou ataques de mísseis ao som de uma suntuosa música de metais do compositor Evgueni Galperine. As imagens são intercaladas com cenas do arquiteto italiano Michele De Lucchi erguendo um círculo de pedra em seu jardim.

    “Açúcar e cimento, as duas drogas do nosso século”, disse Kossakovsky em coletiva de imprensa no Festival de Cinema de Berlim, onde o filme estreia nesta segunda-feira (19). O filme contrasta as grandes construções com as moradias turcas baratas derrubadas por terremotos com a resistência do templo romano de Baalbek, de 2 mil anos de idade. “Temos que parar essa catástrofe.”

    O arquiteto De Lucchi, que projetou a Ponte da Paz, em Tbilisi, lamenta que, depois de concluir seu círculo de pedra, voltará a trabalhar em um arranha-céu de concreto em Milão. “Odeio concreto porque é aridez”, diz De Lucchi. “Nada crescerá em um prédio de concreto.” Ele também desenhou como equipamentos de escritório para a Olivetti, conhecida pelas máquinas de escrever.

    O filme, um dos 20 que concorrem ao prêmio Urso de Ouro do festival, tem falhas: por exemplo, a cidade ucraniana de Mariupol, no Mar Negro, está em ruínas não porque suas casas foram mal construídas, mas porque foram atingidas por mísseis russos.

    E, embora o filme critique os projetos de concreto ruins, ele não aborda o mal social maior que é a falta de moradia.

    É uma falha que Kossakovsky, usando um broche azul e amarelo expressando solidariedade com a Ucrânia, reconhece. “Se eu colocar tudo em meu filme, ele terá no mínimo quatro horas”, disse ele. “E as pessoas não gostam de assistir a quatro horas, certo? Portanto, é uma contradição.”

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