Entenda a briga entre os rappers Kendrick Lamar e Drake
Artistas que se ajudaram no início de suas carreiras estão em conflito há mais de dez anos
Duas das maiores estrelas do hip-hop internacional estão em conflito, e as pessoas estão tomando partido. Kendrick Lamar, 36, e Drake, 37, travaram uma batalha lírica nas últimas semanas que se intensificou no fim de semana. Os dois artistas lançaram músicas um sobre o outro – mas a briga começou anos atrás. Entenda abaixo.
Colaborações iniciais
Há muito que não se sabe sobre a briga entre os dois rappers, mas sabe-se que há história.
Em 2011, Lamar apareceu no segundo álbum de Drake, “Take Care”, na canção “Buried Alive Interlude”. Foi no mesmo ano que ele lançou seu primeiro álbum de estúdio, “Section.80”.
Os dois rappers estavam conquistando seus lugares na indústria musical na época, com Drake então mais conhecido como ator por seu papel como o estudante Jimmy Brooks na série de TV adolescente “Degrassi”.
Eles sairiam em turnê juntos e colaboraram na faixa “Poetic Justice” do segundo álbum de estúdio de Lamar, “Good Kid, MAAD City”.
Como uma das estrelas em ascensão do hip-hop, Lamar se aproveitou de seu crescente sucesso com a arrogância que se esperaria no jogo do rap durante uma participação especial no single de 2013 de Big Sean, “Control”. Vários artistas são mencionados na música, incluindo Drake.
A letra diz: “Eu tenho amor por todos vocês, mas estou tentando matar vocês”, um eufemismo para falar de superá-los profissionalmente. Lamar se autoproclama “Rei de Nova York”.
À época, Drake comentou sobre o verso à Billboard: “Eu realmente não tinha nada a dizer sobre isso. Me parece um pensamento ambicioso. Foi só isso.”
“Eu sei muito bem que Kendrick não está me assassinando em nenhuma plataforma. Então, quando esse dia chegar, acho que poderemos revisitar o assunto”, alfinetou.
Guerra entre os rappers
Eles continuaram se alfinetar dos dois lados nas músicas lançadas ao longo dos anos, mas a última briga parece ter começado em outubro de 2023, quando o rapper J. Cole colaborou com Drake na canção “First Person”. Na faixa, Cole se refere a si mesmo, Lamar e Drake como os “Três Grandes” do rap.
Drake comparou sua popularidade na indústria ao estrelato do falecido cantor Michael Jackson. Lamar aparentemente se opôs às comparações e respondeu em uma faixa colaborativa com Future e Metro Boomin, lançada em março de 2024, intitulada “Like That”.
Lamar deixa claro na música que não existe “Big Three” (Três Grandes, em português), apenas “Big Me” (Um Grande, em português). “Like That” é uma faixa do álbum “We Don’t Trust You”, que muitos acreditam estar repleto de indiretas para Drake. Os aparentes insultos surpreenderam alguns ouvintes, já que Drake e Future são colaboradores de longa data.
As coisas esquentaram ainda mais quando Future e Metro Boomin lançaram o álbum seguinte “We Still Don’t Trust You”, que a revista Billboard declarou estar “cheio de Drake, mas também de The Weeknd e A$AP Rocky.”
O cantor que ajudou a dar o pontapé inicial, J. Cole, saiu rapidamente da batalha. Ele lançou “7 Minute Drill” em um projeto surpresa “Might Delete Later”, no qual ele veio atrás de Lamar, apenas para mais tarde declarar a música fraca. Ele a removeu dos serviços de streaming, pediu desculpas publicamente e ficou quieto desde então.
Conflito recente
No mês passado, Drake lançou a faixa dissimulada “Push Ups”, na qual ele zombava de Lamar por suas colaborações com estrelas pop. Ele tem músicas com Maroon 5 e Taylor Swift, “Don’t Wanna Know” e “Bad Blood”, respectivamente.
“O Maroon 5 precisa de um verso, é melhor você torná-lo espirituoso. Então precisamos de um verso para os Swifties”, diz um trecho da música.
Lamar respondeu aos insultos em dose dupla. Primeiro foi com a música “Euphoria”, em que ele acusa o cantor de usar inteligência artificial em uma letra. Dias depois, o rapper lançou “6:16 in LA”, que muitos interpretaram como um deboche da tendência de Drake em intitular músicas com horários e locais.
As coisas ficaram cada vez mais pessoais nesta batalha de rap no sábado (4), quando Drake lançou a faixa “Family Matters”, com oito minutos. Ele faz alegações sobre abuso e infidelidade envolvendo Lamar e sua noiva, Whitney Alford, na música.
O vencedor do Prêmio Pulitzer por seu álbum “Damn” não deixou passar uma hora após o lançamento de “Family Matters” para deixar uma resposta, intitulada “Meet The Grahams” – o nome de Drake é Aubrey Graham.
Ele cita os pais de Drake, acusando-o de ter uma filha secreta. Lamar seguiu em poucas horas com outra música, intitulada “Not Like Us”, que Drake de se sentir atraído por meninas menores de idade.
No domingo (5), Drake respondeu com “The Heart Part 6”. Na canção, ele afirma que foi ele quem forneceu informações falsas a Lamar sobre uma criança secreta.
“Conspiramos por uma semana e depois passamos a informação para você / Uma filha de 11 anos, aposto que ele aceita”, diz um verso da música.
Novos capítulos da treta
No dia 4 de julho, Kendrick lançou o clipe de “Not Like Us”. Nas imagens, ele aparece destruindo uma pinhata em formato de coruja, animal símbolo da OVO, marca guarda-chuva de Drake que reúne uma gravadora e uma marca de roupas. O vídeo conta ainda com um aviso irônico (“Nenhuma puta da OVO foi feriado durante as gravações deste vídeo”, em tradução livre do inglês) e mostra imagens da família de Kendrick reunida.
A presença de Whitney Alford, noiva do rapper, e dos filhos do casal a uma resposta direta às falas contidas na música “Family Matters”, em que Drake acusa o inimigo de infidelidade. O clipe alçou novamente “Not Like Us” ao topo da Billboard Hot 100.
O rapper norte-americano se empolgou tanto com a disstrack que chegou a cantá-la cinco vezes durante o show “Pop Out: Ken & Friends”, que aconteceu na Califórnia, conforme relatou a Billboard. Kendrick também cantou “Euphoria” uma vez no show.
A treta entre os dois chegou à Copa América, quando a seleção da Argentina zombou de Drake, que havia apostado na vitória do Canadá na fase semifinal do torneio. Os argentinos liderados por Lionel Messi venceram por 2 a 0 no dia 9 de julho e postaram uma foto do time acompanhada da música “Not Like Us”. Na aposta, o canadense perdeu US$ 300 mil (cerca de R$ 1,6 milhão).
O mundo do basquete, acompanhado de perto por Drake, também entrou na briga. A seleção norte-americana celebrou a vitória sobre os vizinhos do Canadá enquanto “Not Like Us” tocava nas caixas de som da T-Mobile Arena, em Las Vegas, no dia 10 de julho.
*Com informações de Flávio Ismerim, da CNN em São Paulo, e da CNN internacional
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