Documentário traça linha do tempo de fuga extraordinária de Carlos Ghosn do Japão
Em entrevista à CNN, diretor diz que caso do ex-CEO da Renault e Nissan é "sombrio, distorcido, complexo e interessante"
A história à la Hollywood de Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault e da Nissan, é retratada em um novo documentário: “Procurado – A Fuga de Carlos Ghosn”, que chega à AppleTV+ nesta sexta-feira (25). Ao todo, são quatro episódios.
Nascido no Brasil, o empresário se tornou um grande nome no mercado após comandar as duas empresas automobilísticas por quase duas décadas. Ele foi preso em 2018 pela Justiça japonesa acusado de evasão fiscal. Em prisão domiciliar no país, ele conseguiu fugir para o Líbano com a ajuda de um ex-militar norte-americano.
Posteriormente, ele foi acusado pela justiça francesa de abuso de ativos corporativos e lavagem de dinheiro.
A série documental traça paralelos de sua infância com o seu destino na prisão, narra sua ascensão na indústria automobilística, seu tempo no Japão e a briga com o Judiciário no país, sua fuga para o Líbano, o desenrolar das investigações contra ele e, por fim, as acusações na França.
Em entrevista à CNN, o diretor da série, James Jones, contou que a “fuga cinematográfica” do magnata foi o que o atraiu para o caso.
“A história dessa grande estrela dos negócios escapando do Japão escondida em uma caixa de equipamento de música chegou às manchetes em todo o mundo. Quanto mais tempo eu passava lendo sobre, ficou claro que não era apenas uma de história simples de um homem que escapou, mas havia camadas e complexidades”, disse.
“Toda a saga era sombria e distorcida, complexa e interessante. Eu adoro isso de quanto mais tempo você passa lendo e quanto mais pessoas você fala, mais perto da verdade você fica”, acrescentou.
A produção entrevistou o próprio Carlos Ghosn, que conta a sua versão da história; sua mulher, Carole; Michael Taylor, responsável pela fuga; Greg Kelly, ex-executivo da Nissan; Louis Schweitzer, presidente do conselho de administração da Renault; autoridades japonesas; advogados de defesa do empresário; e mais.
Jones destaca que ao ouvir cada entrevistado contar a história como se não soubesse de nada e ter acesso à investigação permitiu que entendesse a mentalidade de Carlos Ghosn.
Ele se via a super elite de empresários do mundo e era importante para ele concorrer. Ele queria dirigir a maior aliança automobilística do mundo e queria ser um bilionário para que estivesse no mesmo nível deles
James Jones, diretor de Procurado - A Fuga de Carlos Ghosn
Sobre a entrevista com o empresário, Jones destacou que Ghosn é um homem extremamente inteligente, com senso de humor, mas que não fala sobre seu pai e tenta desconversar sobre certas acusações.
“Ghosn não quer falar sobre o pai. Ele deixou isso bem claro. O pai dele teve alguns problemas durante sua infância no Líbano, é algo que é um segredo de família”, disse.
“Algumas das alegações, como pagamentos que foram feitos e que ele recebe de volta secretamente, ele se sentiu desconfortável ao falar sobre. Dava para perceber quando não queria responder alguma coisa, ele falava muitos detalhes, meio que tornando tudo tão confuso que você não seria capaz de usar as respostas”, afirmou.
Qual o próximo capítulo?
Para o diretor, o empresário, que é alvo de um mandado de prisão internacional da França, emitido em junho deste ano, não deixará mais o Líbano, onde vive desde sua fuga do Japão em 2019.
“Acho que Carlos jamais deixará o Líbano. Há um alerta vermelho da Interpol para ele. Ele vive uma vida confortável onde está e não quer correr o risco de voltar para a prisão. Ele está pedindo para julgarem o caso dele no Líbano, e isso nunca vai acontecer”, opinou.
James ressaltou, no entanto, que algo que assombra essa possível decisão do magnata é sua mãe, que já está em uma idade avançada e mora no Brasil.
“Ele sabe que ela está muito idosa e não está muito bem. Com tudo o que aconteceu, significa que ele nunca mais verá sua mãe.”
Assista ao trailer de Procurado – A Fuga de Carlos Ghosn