Diretor do 3º filme de Harry Potter explica mudanças na saga: “Fiquei confuso”
Alfonso Cuarón quase recusou o convite para dirigir "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" há 20 anos
O diretor de “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, Alfonso Cuarón, falou recentemente sobre as mudanças que decidiu fazer ao assumir o terceiro filme da saga — que completa 20 anos em 4 de junho — e como quase recusou o convite por desconhecer a história da franquia.
“Eu não conhecia muito bem o universo de Potter e fiquei surpreso ao receber [o convite para dirigir o filme]”, disse Cuarón em entrevista a Total Film para marcar o aniversário do longa.
“Fiquei confuso porque isso não estava no meu radar”, falou. “Converso frequentemente com Guillermo [del Toro] e, alguns dias depois, eu disse: ‘Sabe, eles me ofereceram esse filme de Harry Potter, mas é muito estranho que eles me ofereçam isso.’ Ele disse: ‘Espere, espere, espere, você disse que não leu Harry Potter?’ Eu disse: ‘Não pensei que fosse para mim’. Num léxico muito florido, em espanhol, ele disse: ‘Você é um idiota arrogante.'”
Cuarón aceitou dirigir “O Prisioneiro de Azkaban” — que é considerado por boa parte dos fãs e da crítica o melhor longa da franquia — e encarou o desafio de trazer os personagens infantis dos primeiros filmes para o mundo da puberdade enquanto Harry, Ron e Hermione entram na adolescência.
“Os dois primeiros [filmes de Harry] Potter tratam da experiência infantil”, refletiu Cuarón. “Personagens de 11 e 12 anos. Inocência. Uma pureza até na maneira como veem o perigo. Estávamos lidando com o primeiro impulso de questionar tudo, principalmente quem você é. De repente você não faz parte do todo; existe uma separação adolescente.”
Elenco “perfeito”
De acordo com David Heyman, que atuou como produtor nos oito filmes da franquia, Cuarón também passou a tratar os atores como jovem adultos no set de filmagens, e pediu uma tarefa que deixou claro como a escolha do elenco protagonista — Daniel Radcliffe como Harry, Emma Watson como Hermione e Rupert Grint como Ron — havia sido bem feita.
“Alfonso também fez com que as três crianças escrevessem redações sobre seus personagens. Dan escreveu uma página, Emma escreveu 10 ou 12 e Rupert não entregou nada. Simplesmente perfeito”, falou Heyman na entrevista a Total Film.
“Eles estavam se tornando mais conscientes da arte de atuar e queriam passar para o próximo estágio”, falou Cuarón sobre o trio de atores.
Explorando o terreno de Hogwarts
O diretor também explicou que decidiu adotar um estilo mais cinematográfico ao assumir a franquia, explorando o terreno e as paisagens de Hogwarts e do mundo bruxo.
“Eu queria ampliar as coisas. Abrir o universo. Sentir que Hogwarts está situada em um lugar geográfico, onde você pode ter a natureza ao redor do seu universo, e tornar esse universo um com essa natureza”, disse.
Cuarón falou que queria “criar uma lógica geográfica” para a escola de Hogwarts: “Você sabe, o salão principal fica aqui, e então as escadas ficam ao lado do salão principal, e se você subir as escadas você vai para os quartos… Se você for para a torre do relógio, o hospital fica a um corredor de distância, e você pode ver o pátio, e de lá você vê a ponte… e abaixo dela está a cabana de Hagrid, e o salgueiro lutador do outro lado, depois a floresta…”
“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” será reexibido nos cinemas brasileiros em 4 de junho para comemorar os 20 anos de estreia.