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    Dia de Pixinguinha: choro é celebrado pelo país neste domingo (23)

    23 de abril é comemorado, desde 2000, como a data para celebrar um dos gêneros musicais mais importante do país

    Leandro Resende

    O próprio Pixinguinha não sabia exatamente em que dia do ano nasceu, como admitiu em entrevista ao jornalista Muniz Sodré na década de 1970.

    Sabia, sim, que nascera no Catumbi, zona central do Rio de Janeiro, em 1898, e que já era tão importante para a música brasileira àquela altura que tinha uma cadeira cativa com seu nome no bar em que respondeu às perguntas naquele dia.

    Convencionou-se que Pixinguinha nascera em um 23 de abril como este domingo, e desde 2000 se comemora, por essa razão, o Dia Nacional do Choro –gênero brasileiro por excelência e celebrado por todo o país hoje.

    Pesquisa feita pelo músico Alexandre Dias revelou, anos após a consagração da data de celebração do gênero, que, na verdade Pixinguinha teria nascido no dia 4 de maio –numa prova de que nem a data, nem a exata definição do porquê o choro se chama choro estão claras.

    Como soa, no entanto, é mais fácil de entender: violão, sopros, pandeiro, cavaquinho –a instrumentação básica que embala de Brasileirinho, de Waldir Azevedo, ao Carinhoso, de Pixinguinha, para ficar em dois choros que resumem o Brasil.

    Origem

    Para Câmara Cascudo, folclorista brasileiro, choro vem de xolo, baile nas fazendas realizado entre os escravos.

    José Ramos Tinhorão acredita que o nome derive da melancolia melódica dos violões das rodas; já Luiz Antonio Simas e Nei Lopes, no Dicionário da História Social do Samba, lembram que o choro e sua variante mais acelerada, o chorinho, contribuíram na década de 1920 para enriquecer o samba e dotá-lo de novos elementos rítmicos.

    Surgido nas décadas finais do século 19, formatado por Chiquinha Gonzaga,  Pixinguinha, Jacob do Bandolim, prosseguido por Paulinho da Viola, Luciana Rabello e Henrique Cazes, dentre muitos e muitos outros,  “o choro é a música mais importante do Brasil”.

    E quem disse isso a este repórter foi Sombrinha, um dos maiores compositores do samba e do grupo Fundo de Quintal, após apresentar-se tocando clássicos e composições suas do gênero.

    “O cara que sabe choro toca qualquer música. Sou um chorão empírico, autodidata, do botequim. O choro deveria estar em todas as universidades, para os jovens aprenderem. Tem que popularizar e ir pra rua”, afirmou o sambista/chorão após abrir o “Choraço”, série do Sesc São Paulo que homenageia o gênero com diversas apresentações até o dia 7 de maio.

    No Rio, terra de Pixinguinha, o Trem do Choro parte da Central do Brasil em direção a Olaria, bairro colado a Ramos, onde Pixinguinha viveu por 30 anos. Chorões antigos e novos, muitos formados pela icônica Escola Portátil de Música, se apresentam para celebrar o gênero.

    Comprovando o que diz Sombrinha e que estamos falando do gênero brasileiro por excelência, vai ter choro de norte a sul do país: no Anfiteatro da Beira-Mar, em Fortaleza, o Ceará celebra suas ligações com o gênero na tarde deste domingo; e no Paiol, em Curitiba, o homenageado é Waldir Azevedo, que completa 100 anos neste 2023.

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