Crítica: “Os Anéis de Poder” oferece espetáculo, mas carece de poder dramático
Série da Amazon começa com prólogo extenso de uma vasta e custosa batalha contra as forças de Sauron e seu subsequente desaparecimento; por enquanto, não mostra que valeu todo o investimento
Tendo colocado centenas de milhões na montagem de uma versão em série de “O Senhor dos Anéis”, a Amazon mostrou que investiu seu dinheiro na produção, mas não na narrativa, com um belo prelúdio que poderia deixar todos, exceto os Hobbits mais devotados, se sentindo entediados.
“The Rings of Power” (“Os Anéis de Poder”) deve ser uma fonte de considerável curiosidade, mas em meio a um ataque de streaming de grande orçamento, isso parece indigno de reinar sobre todos.
De fato, algumas das deficiências de “Os Anéis de Poder” ecoam do prelúdio de “Game of Thrones” da HBO, “House of the Dragon” (A Casa do Dragão), que brilha mais em comparação. Com base nos episódios iniciais, a distância entre os personagens que o público conheceu na trilogia de Peter Jackson e seus homólogos ancestrais parece ainda mais pronunciada.
O formato da série – os episódios serão lançados semanalmente após a estreia em duas partes – também tende a atrair alguns maus hábitos contra até mesmo os filmes notoriamente longos de Jackson, com interlúdios lentos e um segundo episódio que se desenrola em várias frentes sem parecer que muita coisa está acontecendo, relativamente falando.
Entusiastas do mundo ornamentado de J.R.R. Tolkien sem dúvida serão tentados a se deleitar com a abordagem secular deste conto, que começa com um prólogo extenso sobre uma vasta e custosa batalha com as forças de Sauron, e seu subsequente desaparecimento.
Enquanto alguns esperam por uma paz duradoura, a guerreira élfica vingativa Galadriel (Morfydd Clark) permanece vigilante, convencida de que, como ela diz, “o mal não dorme. Ele espera”.
Como “A Casa do Dragão”, “Os Anéis de Poder” procurou apresentar mulheres e pessoas de cor com mais destaque, enquanto capitalizava as qualidades eternas dos Elfos, entre outras coisas, para fornecer conexões apesar do lapso de tempo entre essas séries e filmes.
No geral, os Elfos ocupam um papel aprimorado, incluindo o soldado Arondir (Ismael Cruz Córdova), que também se torna mais proeminente à medida que as linhas de batalha começam a ser traçadas.
Mesmo assim, apesar de uma abordagem episódica e planos para várias temporadas, a série não se traduz inicialmente em personagens mais atraentes e, depois de pegar o público na história, o acúmulo em direção à cerne da história caminha lentamente.
Gradualmente, “Os Anéis de Poder” apresenta uma variedade de personagens que representam os mundos dos Homens, Elfos, Anões e um subconjunto de Hobbits conhecido como Pés Peludos (uma distinção que, esperamos, não estará no final).
Às vezes, à medida que a série navega por eles, começa a parecer “O Senhor dos Mapas”, espalhando imagens dos vários reinos pela tela enquanto navega de um local para outro.
Esses locais refletem o escopo da produção em sua grandeza, enquanto as feras míticas apresentadas na verdade se mostram um pouco mais desiguais.
Até agora, o investimento da Amazon foi usada a serviço de narrativas relativamente sem inspiração, carentes em urgência narrativa. As expectativas levantadas pelo título tornam-se assim uma faca de dois gumes, particularmente por causa do tanto que tem sido feito para promover o esforço gigantesco que isso prometia ser.
Quanto à batalha épica que aguarda, “Os Anéis de Poder” ainda pode estar à altura na ocasião. No entanto, apesar dessas belas e arrebatadoras vistas da Terra-média enquanto a música aumenta e a câmera se move sobre eles, após a introdução inicial, é difícil resistir à tentação de dizer: “Acorde-me quando chegar lá”.
“Os Anéis de Poder” estreia em 2 de setembro no Amazon Prime.
