Criador de ‘The Crown’ defende cenas ‘inventadas’ no seriado de sucesso
Críticos da série argumentam que últimos episódios incluem 'falsidades'


Peter Morgan, o criador de The Crown, defendeu a inclusão de cenas imaginadas na última temporada do seriado de sucesso da Netflix.
O quarto incremento, que é baseado em eventos da vida real, mas não inteiramente factuais, estreou em 15 de novembro de 2020 com uma gama de novos personagens, incluindo a princesa Diana e a então primeira-ministra Margaret Thatcher.
No primeiro episódio novo, o lorde Louis Mountbatten, interpretado por Charles Dance, confronta seu sobrinho-neto, o príncipe Charles, sobre estar envolvido romanticamente com Camilla, que era casada com Andrew Parker Bowles na época.
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Na série, Mountbatten também escreve uma carta acusando Charles, retratado por Josh O’Connor, de contemplar tamanha “ruína e desapontamento” a si mesmo e à família, e ordena que ele case com “alguma garota doce, inocente e de bom temperamento sem nenhum passado”.
No programa, Charles recebe a correspondência após descobrir que Mountbatten foi assassinado pelo IRA —mas críticos insistem que não há evidência de que carta semelhante tenha sido escrita.

O escritor Morgan falou da maneira em que o programa retrata essa interação em um episódio do podcast de The Crown, explicando que, enquanto ele “inventou” a cena, ele acredita que a interação fictícia estaria alinhada com o ponto de vista de Mountbatten.
“Eu inventei na minha cabeça —seja certo ou errado —e o que nós sabemos é que Mountbatten foi realmente responsável por puxar Charles de lado precisamente neste ponto e dizer ‘Olhe, já basta de explorar as opções. É hora de você se casar e é hora de você produzir um herdeiro'”, disse Morgan.
“Eu acho que tudo que está na carta que Mountbatten escreve a Charles é o que eu realmente acredito —sabe, baseado em tudo que li e pessoas com quem conversei, que isso representa o ponto de vista dele.
“Nós nunca saberemos se isso foi posto em carta, e nós nunca saberemos se Charles recebeu essa carta antes ou depois da morte de Mountbatten, mas neste drama em particular, é assim que decidi lidar com isso”, ele acrescentou.
Críticos do programa argumentam que a última temporada inclui uma série de ‘falsidades’.
“As pessoas realmente acreditam nisso porque é bem filmado, ricamente produzido, bem atuado por bons atores. Você não pode só desprezar como se fosse uma bobagem de um tabloide”, disse Hugo Vickers, historiador e autor do livro The Crown Dissected, à CNN.
Vickers disse à CNN que o seriado contém uma variedade de imprecisões “marotas” —incluindo cenas que mostram a rainha Elizabeth batendo de frente com Thatcher— acrescentando que os espectadores podem assistir ao programa e assumir que isso é verdade.

“Qualquer um assistindo pode dizer ‘Eu vi em The Crown, deve ser verdade’. Não é verdade”, acrescentou.
No ano passado, a família real britânica negou qualquer envolvimento com a série da Netflix, após Morgan alegar que se encontrava regularmente com “pessoas que estão bem alto na hierarquia e bem ativas dentro da organização”.
Donal McCabe, o secretário de comunicações da rainha, disse em uma carta ao jornal UK’s Times, que o Palácio de Buckingham depois encaminnhou à CNN: “A Casa Real nunca concordou em vetar ou aprovar conteúdo, não pediu para saber quais tópicos seriam incluídos e nunca expressaria um ponto de vista sobre a precisão do programa”.
(Texto traduzido, leia o original em inglês)