Carnaval 2025: quem foi Xica Manicongo, travesti homenageada pelo Tuiuti?
Ela foi trazida do Congo para ser escravizada em Salvador no século 16


O Paraíso do Tuiuti homenageou Xica Manicongo no Sambódromo Marquês de Sapucaí, na noite de terça (4). Mas quem foi a figura histórica que foi samba-enredo da escola?
Xica Manicongo foi considerada a primeira travesti do Brasil. Ela foi trazida do Congo para ser escravizada em Salvador no século 16 e se recusava a vestir trajes ligados ao imaginário do guarda-roupa masculino da época.
Documentada como um homem homossexual, a africana teve sua história relida e foi classificada como travesti apenas na década de 2000, pela ativista negra Majorie Marchi. Desde então, Manicongo foi abraçada pela comunidade de travestis e transexuais como símbolo de resistência.
Ela trabalhou como sapateira na capital baiana e, como suas roupas e modos não eram considerados adequados a um homem, foi acusada de sodomia e de fazer parte de uma quadrilha de feiticeiros sodomitas.
Após ser denunciada, Xica foi julgada pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, instituição da Igreja Católica responsável por punir crimes de heresia, e condenada à pena de ser queimada viva em praça pública e ter seus descendentes desonrados até a terceira geração.
Em uma tentativa de escapar da pena imposta pela Igreja, Xica abdicou de sua identidade feminina e passou a se vestir e se comportar como um homem da época.
Como foi o desfile da Tuiuti?
O Paraíso do Tuiuti enfrentou atrasos durante seu desfile nesta terça-feira (4), na Marquês de Sapucaí, no último dia de apresentações do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro.
Ao longo da performance, o tamanho dos carros alegóricos, maiores do que o comum, impactou o fluxo da escola e atrasou a entrada de alas. A comissão de frente, por exemplo, levou 55 minutos para deixar a avenida, enquanto o último carro só entrou quando o desfile já estava em 62 minutos.
Assista à ocasião:
80 MINUTOS CRAVADOS! FECHOU! DEU CERTO! A TUIUTI EM FESTA! #Globeleza pic.twitter.com/dk0KX6jB4O
— TV Globo 📺 (@tvglobo) March 5, 2025
Para cumprir o tempo regulamentar de 80 minutos, a escola precisou acelerar todas as alas na reta final, alterando o ritmo do desfile. Apesar de não perder pontos por estourar o tempo, o Tuiuti deve ser penalizado nos quesitos evolução e harmonia.
A escola levou para a avenida o enredo “Glória ao Almirante Negro”, que homenageou Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil. A comissão de frente contou com 15 mulheres trans para representar essa história. Entre elas, a deputada federal Erika Hilton, que participou do desfile.
*Com informações de Flávio Ismerim, Fernanda Pinotti, da CNN, e Vitor Soares, colaborador da CNN