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    Buba de “Renascer” ser trans é doloroso, diz associação de pessoas intersexo

    Abrai alega que houve um apagamento da causa intersexo no remake da novela com alteração da personagem original, de 1993

    Pedro N. Jordãoda CNN , São Paulo

    A Abrai (Associação Brasileira de Intersexos) afirmou que a personagem Buba, da novela “Renascer“, ter deixado de ser intersexo para se tornar uma mulher trans no remake gerou um “impacto doloroso” na comunidade intersexo.

    Em entrevista à CNN, Thais Emília de Campos, presidente da associação, falou sobre como a comunidade intersexo recebeu a notícia da mudança.

    “As pessoas intersexo sentem como um apagamento. Talvez as pessoas da produção da novela não tenham percebido, no momento de mudar a personagem, o quanto isso traria um impacto doloroso para as pessoas intersexo”, afirmou Thais.

    Na primeira versão da novela, em 1993, sob autoria de Benedito Ruy Barbosa, Buba era uma pessoa intersexo, naquela época chamada de hermafrodita (termo que não se usa mais hoje em dia).

    No remake de 2024, sob releitura de Pedro Luperi, no entanto, Buba não é mais intersexo, mas uma mulher trans.

    Segundo a Abrai, Buba era a única personagem intersexo que existia e, por isso, era famosa mundialmente, servindo de representatividade para a causa.

    “A Buba sempre foi a personagem-referência, numa novela de mais de 30 anos. Muitos médicos utilizaram a personagem Buba para explicar para as famílias o que é uma pessoa intersexo“, continuou a presidente da Abrai.

    “Muitos sentiram como se tivessem suas identidades perdidas. Já existem outros personagens trans, porém a única personagem intersexo que havia em alguma novela, e até mundialmente conhecida, era a Buba”, completou.

    Thais  reforça ainda que o argumento das pessoas intersexo não é contra a causa trans. Para elas, as duas causas deveriam andar de mãos dadas, inclusive no enredo da novela.

    “A pauta trans é importante. Mas não precisa fazer uma luta apagando outra. Vamos fazer lutas juntas. Afinal, muitas pessoas são trans e intersexo.”

    A presidente afirma que entende que seria “perfeitamente possível” fazer uma personagem trans e intersexo. “Na própria diretoria da Abrai, quase todas as pessoas são trans e intersexo. Isso traria visibilidade para as duas causas”, pontuou.

    A decisão da mudança foi do autor da nova versão do folhetim, Bruno Luperi, que acredita que a questão da transexualidade tem mais visibilidade atualmente, sendo melhor compreendida pela população.

    A CNN entrou em contato com a TV Globo para tentar falar com Luperi sobre a mudança, mas foi informada de que ele não tem data disponível no momento para entrevistas.

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