Badalada escritora espanhola de suspense é, na verdade, pseudônimo de 3 homens

Em uma premiação a Carmen Mola, três roteiristas de televisão subiram ao palco para receber o prêmio em dinheiro e revelar que a autora não existe
por: Hannah Ryan da CNN
Livros da escritora Carmen Mola em livraria na Espanha
Livros da escritora Carmen Mola em livraria na Espanha  • Divulgação

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O mundo literário espanhol foi jogado no caos depois que um cobiçado prêmio de livro foi concedido a "Carmen Mola" - uma aclamada escritora de suspense que se descobriu ser o pseudônimo de três homens.

Os roteiristas de televisão Agustín Martínez, Jorge Díaz e Antonio Mercero chocaram os convidados, que incluíam o rei Felipe e a rainha Letizia, na premiação Planeta, na sexta-feira (15), quando subiram ao palco para receber o prêmio em dinheiro e revelar que a célebre autora do crime não existia de fato.

No site do agente de Mola, a escritora - que foi comparada à estimada romancista italiana Elena Ferrante - é descrita como uma "autora madrilenha" que escreve sob um pseudônimo na uma tentativa de permanecer anônima.

A descrição de Mola no site também contém uma série de fotos de uma mulher desconhecida desviando o olhar da câmera.

Em entrevistas anteriores à mídia espanhola, Martínez, Díaz e Mercero apresentaram Mola como uma professora universitária que vivia em Madrid com o marido e os filhos.

Os romances de Mola geralmente giram em torno da personagem da detetive Elena Blanco, descrita pela editora Penguin Random House como uma "mulher peculiar e solitária" e uma amante de "karaokê, carros e sexo em SUVs".

No entanto, o livro que ganhou o prêmio Planeta não foi uma história de Blanco. É um thriller histórico chamado "La Bestia", ambientado durante uma epidemia de cólera em 1834 e que gira em torno de um assassino em série investigado por um jornalista, um policial e uma jovem.

Em entrevista com os verdadeiros autores após a revelação, o jornal espanhol El Mundo noticiou: “Não se pode negar que a ideia de uma professora universitária e mãe de três filhos, que dá aulas de álgebra pela manhã e, à tarde, escreve romances de violência selvagem e macabra, tem sido uma boa ação de marketing."

A notícia surpreendeu muitas figuras literárias - e nem todos se entusiasmaram com a notícia. Beatriz Gimeno, que se descreve como escritora e feminista - e que já foi diretora do Instituto da Mulher, órgão nacional de igualdade na Espanha -, acessou o Twitter para criticar Martínez, Díaz e Mercero.

"Além de usar um pseudônimo feminino, esses caras passaram anos dando entrevistas. Não é apenas o nome, é o perfil falso que usaram para atrair leitores e jornalistas. Golpistas", escreveu Gimeno.

Em 2020, uma filial regional do Instituto da Mulher incluiu o trabalho de Mola como parte de uma seleção de "leitura feminista" ao lado da poetisa canadense Margaret Atwood e da escritora espanhola Irene Vallejo.

Mola ainda estava listado como autora no site da Penguin Random House neste fim de semana. A CNN entrou em contato com a Penguin Random House para comentar, mas ainda não recebeu resposta.

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