“Adão Negro” traz The Rock como anti-herói em busca de vingança na DC
Filme que estreia nesta quinta (20) evoca o assunto do imperialismo sob uma camada de muita ação e CGI



Raramente um filme de super-herói transcende a mensagem feijão-com-arroz de “precisamos salvar o mundo”, mas, ao menos, alguns deles tentam.
É o caso de “Adão Negro”, filme que, juntamente com The Batman (2022) e Coringa (2019) marca o começo de mais uma tentativa de expansão do Universo Cinematográfico da DC.
Estrelado por Dwayne Johnson, ou The Rock, o filme conta a história de uma figura lendária, Teth-Adam, escolhida pelos deuses para libertar da escravidão o povo de Kahndaq, uma nação com mais de 5 mil anos de existência. O “herói”, porém, usa seus poderes para buscar vingança contra o tirano que aprisiona seu povo, resultando na destruição quase total do país.
Com super-força, velocidade, teletransporte e auto-cura, Teth-Adam é aprisionado e permanece desse jeito por milênios.
Já na era contemporânea, Adão Negro é libertado e precisará continuar sua missão de salvar seu povo, mas, dessa vez, controlando melhor seus poderes.
Apesar de um início um tanto denso e explicativo demais, o grande trunfo do filme é funcionar sozinho. Não é necessário ver outras dezenas de produções da DC para entender o que se passa. Dito isso, as participações de outros personagens do Universo funcionam bem, dentre eles há: Senhor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Ciclone (Quintessa Swindel). Juntos, eles formam a ‘Sociedade da Justiça’, uma das primeiras legiões de heróis da DC Comics.
Tal grupo, porém, não é bem-vindo em Kahndaq. A região está sob a ocupação militar de uma gangue de mercenários internacionais chamados de “Intergangue”. Os heróis querem deter Adão Negro, enquanto seu povo quer o anti-herói no comando.
Frases direcionadas à Sociedade da Justiça como “esse não é o seu país”, “onde vocês estavam quando nossa nação foi ocupada décadas atrás?” iniciam uma interessante discussão sobre imperialismo histórico e “heróico” que, infelizmente, é rapidamente ofuscada por diversas sequências de ação recheadas de CGI (em inglês, computação gráfica).
Um dos maiores feitos da equipe de efeitos visuais, inclusive, é o de diminuir o tamanho ‘The Rock’, que treinou pesado para o papel. Sem os poderes, ativados pela palavra “SHAZAM!”, Teth-Adam é um homem de físico normal, sem as montanhas de músculos que Dwayne Johnson acumula. Em um primeiro momento, um ‘The Rock’ “fraco” causa estranhamento, mas tais cenas passam rápido e voltam a dar lugar ao ator que comia sete refeições por dia para manter o físico para o novo filme.
E tal tamanho não é desperdiçado. Adão Negro é chamado de anti-herói por vários motivos, um deles sendo o uso da extrema violência; o personagem mata seus inimigos, o que não é aprovado pela ‘Sociedade da Justiça’ e nem por nenhum super-herói que se preze. Nem mesmo pela Motion Picture Association, que exigiu alguns cortes em sequências de violência exarcebada, do contrário, “Adão Negro” teria a classificação R, ou seja, seria permitido apenas para maiores de 18 anos.
Tal agressividade, portanto, não passa despercebida por Amanda Waller (Viola Davis), oficial do alto comando americano que coordena diversas legiões de heróis.
Por fim, na famigerada cena pós-créditos (não se preocupe, ela aparece rapidamente), um diálogo entre Amanda e Adão Negro presta um dos maiores fan services da nova fase da DC que, claro, arrancou aplausos e gritos na sala de cinema.