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    25 de julho: Novas vozes do feminismo negro ganham força nas redes

    Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha dá destaque para as novas gerações na luta histórica contra o preconceito

    Carol Raciunasda CNN*

    O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha traz à luz a luta contra o racismo e a misoginia. A partir da continuidade da luta histórica de figuras como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, o movimento feminista negro conta com jovens vozes que ecoam através de tecnologias digitais.

    Apesar da longa caminhada, estudos mostram que movimentos de resistência ainda são indispensáveis.

    Segundo a estudante e influenciadora digital Fatou Ndiaye, de 16 anos, o recorte racial é essencial para o combate a este tipo de discriminação.

    Para ela, “quando você tem mulheres negras falando de feminismo negro e trazendo essa pauta, mostra a interseccionalidade. É um grupo historicamente diferente“. “Então, quando a gente pensa em trabalho de emancipação, enquanto a mulher branca lutava pelo direito de trabalhar, a mulher negra já trabalhava para sustentar a família“, diz.

    A influenciadora digital Fatou Ndiaye / Arquivo Pessoal

    Apesar da intensa desigualdade de presença de mulheres negras em locais de destaque, elas fazem parte da maioria racial no Brasil.

    De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população brasileira é negra. Com isso, a luta contra o preconceito e por mais espaços dignos na sociedade começa junto à existência dessa população.

    Pessoas negras não se tornam ativistas, elas nascem. A partir do momento que você tem uma pessoa negra conquistando coisas e entrando em espaços, você tem um ativista ali.

    Fatou Ndiaye, influenciadora digital

    Essa necessidade não é apenas sentida na pele, mas também transparece em números. Apesar de apresentarem melhor qualidade de desempenho, mulheres ainda sofrem desafios para ter reconhecimento no mercado de trabalho, como mostra uma pesquisa do Banco Mundial.

    De acordo com o estudo, as mulheres apresentam 0,60 pontos contra 0,53 dos homens na métrica de educação e saúde, o Índice de Capital Humano. No entanto, o Índice de Capital Humano Utilizado delas é menor quando em comparação com homens, o que quer dizer que eles são mais valorizados no mercado.

    Estudos como este mostram que a discussão contra o preconceito deve alcançar a todos, o que exige a promoção de uma comunicação socialmente construtiva, como diz a influenciadora Júlia Cizar, de 24 anos.

    A forma que me comunico é basicamente como eu fiz comigo mesma. Primeiro, decidi respeitar, busquei entender e hoje eu visto a camisa. E é dessa forma, por meio do diálogo, que eu combato tanto o racismo, quanto a misoginia.”

    Júlia Czar: “Decidi respeitar, busquei entender e hoje eu visto a camisa” do combate ao racismo e misoginia/ Arquivo Pessoal

    A partir de estudos e inspirações baseadas em grandes vozes do feminismo negro, essa forma de comunicação ativista tem se intensificado cada vez mais por meio das mídias sociais, o que contribui para que a luta contra o preconceito quebre barreiras e alcance cada vez mais pessoas.

    Se hoje sou criadora de conteúdo, é porque, depois de muitas pesquisas, me entendi como uma mulher negra retinta e consigo conversar sobre esse assunto conscientizando as minhas seguidoras”, comenta Júlia.

    Admiradora de Angela Davis e Conceição Evaristo, a cantora Drik Barbosa também compreende relevância do seu discurso como um reflexo da luta que começou há muito tempo.

    A maior lição que elas deixaram é exatamente a importância de a gente falar, de botar pra fora, de trazer essa movimentação da nossa presença, da nossa voz.

    Drik Barbosa, cantora

    Júlia Cizar e Fatou Ndiaye não estão sozinhas, elas se unem a milhões de outras mulheres negras, latino-americanas e caribenhas, como Drik, que lembra de toda a força feminista que ainda resistirá.

    Essas mulheres que vieram antes me deram combustível para a luta e eu também quero servir de combustível para as mulheres pretas que virão das próximas gerações.”

    *Sob supervisão de Letícia Brito

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