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    40% dos cursos médicos de especialização no Brasil são EAD, aponta USP

    Cursos pós-graduação lato sensu à distância são mais curtos que presenciais e não dão título de especialista

    Rafael Saldanhada CNN

    Cerca de 40% dos cursos médicos de especialização no Brasil são realizados à distância, segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

    A informação é do projeto “Demografia Médica no Brasil 2025”, feito pela USP em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). As instituições analisaram mais de 2 mil cursos de pós-graduação lato sensu (PGLS).

    Segundo a pesquisa, os cursos na modalidade Ensino à Distância (EAD) são mais curtos, em comparação com a média de tempo dos programas presencias e semipresenciais.

    • Curso EAD: 9,7 meses de duração
    • Curso semipresencial: 13 meses
    • Curso presencial: 15,4 meses

    O coordenador do estudo, Mário Scheffer, diz que a regularização das ofertas é pouco rígida.

    “Embora sejam obrigatórios o credenciamento da instituição de ensino e o registro de informações gerais junto ao MEC [Ministério da Educação], a oferta desses cursos independe de autorização ou reconhecimento de órgãos do governo”, explica o pesquisador.

    O levantamento aponta que, entre os cursos EAD, mais de 90% são oferecidos por instituições privadas. A maioria das atividades (60%) está concentrada nos estados de São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

    A FMUSP explica que há uma diferença importante entre a residência médica e os cursos de PGLS. Ao final da residência, que dura até cinco anos, o médico pode prestar um exame para obter o título de “especialista”.

    Porém, um doutor que possui apenas o certificado de pós-graduação, que tem carga horária mínima de 360 horas, não pode se apresentar como “especialista”. Segundo a universidade, esse fato tem até gerado disputas judiciais.

    O presidente da Associação Médica Brasileira, Cesar Eduardo Fernandes, afirma que a má-formação de médicos afeta diretamente a vida dos pacientes.

    “Não se faz especialista em curso de final de semana, muito menos em ensino a distância. Você precisa ter um aprendizado prático sólido, em que se adquira as competências, as habilidades e as atitudes permitidas para que, enfim, possa ser registrado como um especialista”, ressalta.

    Os autores do estudo defendem uma revisão da regulamentação dos cursos médicos de PGLS para garantir um padrão mínimo de qualidade, corpo docente e resultados acadêmicos entre as atividades.

    A pesquisa analisou 2.148 cursos de pós-graduação lato sensu (PGLS) em medicina ofertados por 373 instituições no país.

    Peeling de fenol

    A esteticista Natália Becker é ré por homicídio com dolo eventual no caso do empresário Henrique Chagas, de 27 anos, que morreu após passar por um procedimento de peeling de fenol, em São Paulo, no início do último mês de junho.

    Natália, que realizou o procedimento, fez um curso EAD para se especializar. “Ela fez um curso livre e online, com uma farmacêutica do estado do Paraná”, afirmou sua advogada Tatiana Forte.

    O curso assistido pela ré tinha carga horária de seis horas e era vendido por cerca de R$ 300.

    De acordo com a investigação, Henrique Chagas pagou R$ 5 mil para a realização do procedimento que resultou em sua morte.

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