Volkswagen investe R$ 3,3 bilhões em fabricante chinesa de elétricos
Montadora alemã acertou a compra de 5% da Xpeng para desenvolver novos modelos e alavancar as vendas
A Volkswagen comprou quase 5% da fabricante chinesa de veículos elétricos Xpeng por US$ 700 milhões (R$ 3,3 bilhões) e fechou uma parceria estratégica para desenvolver dois novos modelos enquanto tenta reverter a queda nas vendas no maior mercado automotivo do mundo.
Sujeito a um acordo final, as empresas unirão forças para desenvolver dois EVs de médio porte da marca VW para o mercado chinês, a serem lançados em 2026, disse a Volkswagen em comunicado.
A subsidiária Audi do grupo alemão também trabalhará mais estreitamente com sua parceira existente, a SAIC Motor, a maior montadora da China.
As ações da Xpeng saltaram mais de 30% na quinta-feira em Hong Kong, liderando uma ampla alta nas ações chinesas de veículos elétricos.
A China é o maior mercado individual da Volkswagen, respondendo por cerca de 40% de suas vendas globais e metade de seus lucros.
Mas a empresa enfrenta vendas fracas e concorrência acirrada de rivais locais, como BYD e Tesla – esta que é líder global no mercado de veículos totalmente elétricos.
“O Grupo Volkswagen está acelerando o ritmo de sua transformação na China, onde o grupo pretende permanecer… entre as três maiores do mercado”, informou a empresa em comunicado divulgado na quinta-feira.
A companhia reportou queda de 14,5% em suas vendas na China no primeiro trimestre. Houve uma recuperação em abril e maio, mas, no primeiro trimestre, elas ainda caíram 1,2% em relação ao mesmo período de 2022.
“Potências complementares”
Na quarta-feira, a Volkswagen disse que suas parcerias com montadoras locais visam expandir rapidamente a gama de produtos da empresa com outros modelos para a China.
“Agora estamos acelerando a expansão de nosso portfólio elétrico local e, ao mesmo tempo, nos preparando para a próxima etapa de inovação”, disse Ralf Brandstätter, membro do conselho da Volkswagen na China.
“Com a Xpeng, agora temos outro parceiro forte que é um dos principais fabricantes da China nas principais áreas de tecnologia.”
A Xpeng, fabricante chinesa de veículos elétricos estabelecida em 2015, disse na quarta-feira que a parceria foi baseada em “pontos fortes complementares”.
“Vamos compartilhar tecnologias inteligentes de EV, design de classe mundial e capacidade de engenharia uns com os outros e aprender uns com os outros”, ressaltou Xiaopeng He, presidente e CEO da Xpeng.
As tensões geopolíticas entre a China e o Ocidente estão complicando a vida de empresas como a Volkswagen, que dependem da China.
A montadora alemã enfrentou críticas por sua fábrica em Xinjiang, uma região onde grupos de direitos humanos documentaram o uso de trabalho forçado.
A China nega qualquer abuso, e a Volkswagen disse no início deste ano que não viu nenhum sinal de trabalho forçado durante uma recente visita à fábrica.
As tensões estão levando empresas e governos a considerar cadeias de suprimentos e políticas comerciais.
No início deste mês, a Alemanha anunciou que reduziria sua dependência da China em “setores críticos”, incluindo remédios, baterias de lítio usadas em carros elétricos e elementos essenciais para a fabricação de chips.
Participação de mercado em queda
A Volkswagen entrou na China em 1984 e é uma das montadoras estrangeiras de maior sucesso no país. Foi a marca mais vendida em 2019, controlando 20% do mercado.
Mas a empresa vem perdendo para os concorrentes locais, com sua participação de mercado no país caindo para 15% no ano passado.
No primeiro trimestre de 2023, a BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos apoiada por Warren Buffett, ultrapassou a Volkswagen e se tornou a maior marca em vendas na China, de acordo com dados oficiais de registro de seguros de automóveis.
A Volkswagen reduziu sua previsão de entregas globais de carros para o ano para entre 9 milhões e 9,5 milhões, após o declínio no primeiro semestre na China.
No geral, as vendas de veículos elétricos da empresa alemã aumentaram 50%, em comparação com o primeiro semestre de 2022, e até 68% na Europa, onde o grupo é líder de mercado.
A companhia disse que fortaleceria sua posição estratégica na China, incluindo o reforço de sua capacidade de mobilidade elétrica, digitalização e direção autônoma.
A Volkswagen está atualmente expandindo sua fábrica de Hefei, na província de Anhui, no leste da China, em um “centro de produção, desenvolvimento e inovação de última geração”, disse a empresa. A produção começará este ano no local.
Também está construindo uma fábrica para sistemas de bateria de alta tensão e estabelecendo um centro de desenvolvimento e aquisição para EVs inteligentes totalmente conectados na cidade.