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    Teles, aéreas, comércio e transportadoras ainda pressionam por alíquota diferenciada na reforma tributária

    Relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que deverá ser votado pela Câmara nos próximos dias, estabelece uma lista de exceções à alíquota "cheia" do IVA

    Daniel Rittnerda CNN , em Brasília

    Na reta final de negociações em torno da reforma tributária, diversos setores da economia fazem pressão por uma alíquota diferenciada do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), argumentando que o texto proposto atualmente deverá elevar sua carga de impostos.

    O relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que deverá ser votado pela Câmara nos próximos dias, estabelece uma lista de exceções à alíquota “cheia” do IVA — que será definida posteriormente e provavelmente ficará em 25%, a fim de manter neutralidade na carga tributária da economia como um todo.

    O problema é que alguns setores alegam que vão pagar uma conta desproporcional nessa redistribuição de impostos e pedem inclusão na alíquota “diferenciada” do IVA — metade da “cheia” — ou até uma isenção completa.

    As companhias aéreas afirmam que, pagando 25% de IVA, terão um aumento de custo anual de R$ 3 bilhões a R$ 3,7 bilhões por empresa.

    “Esse peso é insustentável para empresas que estão superando com resiliência a maior crise mundial já vista na aviação”, afirma, em nota, a Abear (associação das aéreas).

    Segundo a entidade, países como Reino Unido e Chile têm alíquota zero para impostos sobre valor agregado na aviação internacional, que costuma ser tratado como excepcionalidade. Nos Estados Unidos, a alíquota é de 7%.

    As operadoras de telecomunicações também estão preocupadas com o texto da reforma. Elas querem que taxas setoriais — como o Fust, o Fistel e o Condecine — sejam incorporados na base de cálculo do IVA.

    As teles pedem ainda inclusão na alíquota diferenciada e argumentam que, se a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) for superior a 7,8%, haverá aumento da carga tributária e risco de repasse aos consumidores.

    O CBS substituirá impostos federais — IPI, PIS, Cofins — e é um dos dois componentes do chamado IVA Dual. O outro é o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que entrará no lugar do ICMS (estadual) e do ISS (municipal).

    A Conexis Brasil (associação das teles) sugere uma “trava” do CBS em até 7,8%. Diz, no entanto, apoiar a reforma como um todo e estar convencida de que ajustes podem ser feitos.

    “O avanço da reforma tributária é essencial para a expansão da conectividade no Brasil. O setor acredita que, com diálogo, é possível construir um texto que impulsione a inclusão digital e o desenvolvimento econômico”, afirma o presidente-executivo da Conexis, Marcos Ferrari.

    Para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o texto atual eleva a carga tributária das transportadoras de cargas. A entidade patronal calcula um aumento de 29% para empresas com frota própria e de 41% para aquelas que subcontratam caminhoneiros. Por isso, pede a adoção de alíquota diferenciada.

    “Ao impor ao transporte de cargas uma alíquota ‘cheia’, o legislador repassará ao consumidor final dos produtos e alimentos esse aumento de carga tributária. Vale lembrar que a cadeia de creditamento do transporte de cargas é restrita, sendo o combustível o seu principal gerador de créditos”, diz a CNT.

    O setor de comércio e serviços também pressiona no mesmo sentido. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou nota técnica com cálculos sobre o impacto do IVA de 25%, alegando que algumas áreas mais do que dobrarão o pagamento de impostos.

    Confira alguns setores que pedem tratamento especial na reforma tributária

    • Supermercados — Pedem isenção total do IVA para produtos da cesta básica e afirmam que, no formato atualmente proposto (alíquota pela metade), a carga tributária subirá 60%.
    • Companhias aéreas — Estimam aumento de R$ 3 bilhões a R$ 3,7 bilhões anuais em impostos e tributos, por cada uma das três grandes empresas do setor, com IVA de 25%.
    • Telecomunicações — Dizem que haverá aumento da carga tributária e impacto negativo aos consumidores se CBS (que substitui impostos federais) superar 7,8%. Querem alíquota com 50% de desconto e inclusão de taxas setoriais (como Fust, Fistel e Condecine) na base de cálculo do IVA.
    • Comércio e serviços — Argumentam que, com a alíquota de 25% do IVA, estão em risco 3,8 milhões de empregos no setor. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) projeta aumento da carga tributária de 171% para atividades recreativas e culturais, 62% para serviços audiovisuais, 47% para agências de viagens, 32% para o varejo de vestuário.
    • Transporte de cargas — Sem alíquota diferenciada do IVA, custo do frete aumenta e tem repercussão sobre toda a economia. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) estima elevação de impostos de 29% para transportadores com frota própria e de 41% em caso de subcontratação de caminhoneiros. Com alíquota cheia do IVA, diz que haverá repasse aos consumidores.

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