Taylor Swift, RBD, The Town: shows internacionais animam fãs e movimentam economia das cidades
De hotéis a restaurantes, setores esperam aumento na demanda com eventos dos próximos meses
Os shows internacionais prometem agitar o Brasil nos próximos meses. Até o fim do ano, pelo menos sete grandes eventos são esperados, desde festivais a apresentações de bandas e de artistas solo.
Mas não são apenas os fãs que devem curtir essa movimentação — vários setores da economia também estão apostando em aumento na demanda até o fim do ano, puxados por essas programações.
André Coelho, especialista em Turismo da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que os eventos musicais e grandes shows têm ampla cadeia produtiva e impactam significativamente o movimento econômico nas regiões onde são produzidos.
“O impacto econômico direto refere-se às transações financeiras imediatas, como gastos associados à atividade, vendas de ingressos, pagamento de salários, contratação de serviços e compra de insumos”, afirma.
No que diz respeito ao impacto indireto, Coelho destaca os efeitos que os eventos têm sobre outros setores e segmentos.
“Eles surgem como resultado dos gastos diretos, criando um efeito multiplicador que se propaga por meio das interações econômicas”, diz.
Para o especialista, os resultados produzidos por shows e atividades culturais justificam os investimentos — muitos deles na casa do milhões — nesse tipo de produção.
“Não apenas pelo impacto econômico, mas também pelo efeito cultural e turístico”, finaliza.
Até o fim do ano, a agenda internacional no Brasil está cheia: em setembro, acontece o festival “The Town”; para novembro, são esperadas apresentações do RBD, Taylor Swift, The Weeknd e Red Hot Chili Peppers.
Além disso, há uma grande expectativa para o anúncio de shows da cantora Beyoncé, que poderiam ter ingressos à venda ainda este ano.
Demanda aumenta, mas inflação ainda preocupa
Doreni Caramori Júnior, presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), afirma que o aumento de eventos deste tipo no país está relacionado a uma grande “euforia” do mercado pós-pandemia.
“As pessoas ficaram dois anos sem conseguir acesso a esses produtos e, agora, o setor investiu em gerar oferta para atender a demanda”, diz.
No entanto, ele destaca que mesmo com o aumento da procura por shows, a alta inflação ainda deixa os custos muito altos para os produtores.
“O cara que tinha o palco, vendeu para conseguir manter o caminhão que transporta os equipamentos; o outro que tinha o técnico de som, o demitiu e agora tem que terceirizar. Esse conjunto de coisas gerou um aumento da inflação para o setor”, afirma.
“A Abrape espera que o setor de eventos cresça pelo menos 10% este ano, e um vetores disso é, sem dúvidas, essa temporada de shows que vem por aí. Mas, além disso, temos os eventos regionais, como carnaval e festas tradicionais, que também colaboram muito para essa expectativa”, diz.
Hotéis
Fernando Guinato, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e diretor do Sheraton WTC, afirma que desde o início do ano os eventos têm aumentado muito a procura nos hotéis de São Paulo.
“O mês de março foi excepcional por conta do show do Coldplay e depois pelo Lollapalooza, onde muitos hotéis tiveram ocupação muito próxima de 100%”, explica.
Além disso, Guinato destaca que taxas de ocupação elevada aumentam as tarifas médias dos hotéis.
Para os próximos eventos, o especialista destaca o festival “The Town”, que acontece em setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
“Já estamos tendo alta procura, e com certeza isso vai movimentar o setor tanto quanto o mês de março”.
Para o Sheraton WTC, a ocupação para o período já está quase completa, especialmente pelo staff do festival.
“Eu também já sei de outros hotéis na região que já estão com a ocupação quase esgotada. Mesmo assim, o setor pode ficar tranquilo, porque vai sobrar pra todo mundo”, brinca.
Bares e restaurantes
Matheus Daniel, líder da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), explica que os bares e restaurantes estão sempre envolvidos quando o assunto é aumento da demanda de eventos.
“Para o setor, é sempre muito positiva a movimentação das cidades, com as festas, festivais e shows, porque eles geram oportunidade de negócio”, afirma.
Além disso, o especialista explica que os bares e restaurantes que funcionam no período noturno, após o término dos shows, tendem a ter aderência ainda maior.
“O impacto do movimento é em torno de 50% acima do normal, dependendo da localização”, explica.
É tudo culpa da Beyoncé?
O economista-chefe do Danske Bank, o maior banco da vizinha Dinamarca, disse em meados de junho que a decisão da cantora de iniciar sua turnê mundial “Renaissance” em Estocolmo no mês passado levou a um aumento nos preços de hotéis e restaurantes na área, com dezenas de milhares de fãs indo à cidade.
Michael Grahn estimou que a demanda extra dos fãs de Beyoncé, conhecidos coletivamente como BeyHive, foi responsável por dois terços dos aumentos de preços observados no setor de hospitalidade em maio.
Com informações de Anna Cooban, da CNNi.