Sem previsão de recuo do Ibama, Petrobras deve retirar sonda da costa do Amapá nesta terça-feira (6)
Empresa já gastou R$ 1,2 bilhão com operação no litoral do estado; licenciamento para exploração de petróleo na margem equatorial foi indeferido pelo órgão ambiental
A Petrobras informou que vai retirar, nesta terça-feira (6), a sonda instalada no Amapá para investigar a existência de petróleo na chamada margem equatorial. A mobilização ocorre após negativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de conceder licenciamento para a perfuração de um poço exploratório na bacia da Foz do Amazonas.
A decisão de retirada leva em consideração um gasto de R$ 3,4 milhões por dia para manter os equipamentos no local. De acordo com a Petrobras, foram gastos R$ 500 milhões somente com a manutenção do equipamento contratado para perfurar poços na região.
Depois de negada a licença, a Petrobras ainda enviou pedido de reconsideração ao Ibama com ajustes ao projeto, incluindo uma unidade adicional de despetrolização da fauna em caso de acidentes e plano de contingência. O Ibama já havia alegado que a estatal não apresentou uma avaliação ambiental de área sedimentar (AAAS), estudo que mostra se a área é ou não apta para a exploração de petróleo e gás natural diante dos riscos e impactos ambientais associados.
Procurado pela CNN, o instituto ainda não respondeu a respeito da expectativa de avaliação do pedido de reconsideração.
A discussão sobre a possibilidade de exploração de petróleo no Amazonas colocou em lados opostos o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a ministra do Meio ambiente, Marina Silva.
De acordo com a Petrobras, diante da falta de respostas, a sonda será deslocada para projetos instalados na região Sudeste do país.
Impasse
A cerca de 170 km da costa do Amapá e a uma profundidade de 2,8 km em alto-mar, a margem equatorial é considerada uma provável nova fronteira energética, que abrange cinco bacias em alto-mar, entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. Essa região é uma extensão de bacias na costa da Guiana e do Suriname, na qual já atuam 24 empresas.
A Petrobras considera que o investimento na Foz do Amazonas é necessário para avaliar o potencial petrolífero da margem equatorial. A estimativa é que a região possa ter reservas de até 30 bilhões de barris de petróleo, quantidade que poderia reverter a tendência de queda da produção a partir de 2029, garantindo a soberania energética.
Ambientalistas criticam o projeto e consideram que há poucos estudos que comprovem a segurança do empreendimento. Em audiência na Câmara dos Deputados, Ricardo Fuji, representante da WWF Brasil, sustentou que ainda não há evidências claras de que existam reservas significativas de petróleo e gás na região, mas, em caso positivo, alertou para futuros impactos na atividade pesqueira e aumento da demanda por serviços, além dos riscos de vazamento.