Proporção de famílias endividadas cai a 76,9%, menor nível em mais de um ano, diz CNC
Em outubro de 2022, proporção de endividados era de 79,2%
A proporção de famílias endividadas no país recuou de 77,4% em setembro para 76,9% em outubro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em outubro do ano anterior, a fatia de endividados era de 79,2%. O nível atual é o menor desde fevereiro de 2022.
A fatia de inadimplentes também diminuiu, passando de 30,2% em setembro para 29,7% em outubro. Em outubro de 2022, a proporção de famílias com contas em atraso era de 30,3%.
“A inflação corrente mais comportada e o mercado de trabalho formal ainda absorvendo pessoas de menor instrução favorecem os orçamentos domésticos, fazendo com que menos pessoas recorram ao crédito”, explica a CNC, em nota.
“As políticas de transferência de renda mais robustas (valorização do Bolsa Família e salário mínimo, saques alternativos do FGTS) também auxiliam a renda disponível e a redução do volume de consumidores endividados.”
A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
Na passagem de setembro para outubro, a melhora no endividamento foi puxada pelas classes de renda mais baixas. Em outros grupos, a proporção variou da seguinte maneira:
- Grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos: proporção de endividados caiu de 79,4% em setembro para 78,7% em outubro;
- Classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos: proporção diminuiu de 77,9% para 77,2%;
- Grupo de cinco a dez salários mínimos: elevação de 74,3% para 74,9%;
- Grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais: estabilidade em 74,9%.
Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso recuou de 38,6% em setembro para 37,7% em outubro.
Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 27,6% para 26,8%.
No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve aumento de 22,1% para 23,2%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes ficou estável em 14,8%.
A proporção de famílias que afirmam não terem condições de pagar as dívidas atrasadas, permanecendo assim inadimplentes, ficou estável em 13,0% na passagem de setembro para outubro.
“A redução dos juros e as renegociações de dívidas começam a ser sentidas pelos consumidores. No entanto, do total de consumidores com atrasos, 48,5% estão com atrasos acima de 90 dias, proporção que ainda mostra crescimento (6,6 pontos no ano)”, ressaltou a CNC.
O cartão de crédito manteve a liderança como modalidade de dívida mais utilizada, citada por 87,0% dos entrevistados, seguida por carnês (17,0%), crédito pessoal (9,4%), financiamento de casa (8,0%) e financiamento de carro (7,8%).