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    Ray Dalio: há bolha no mercado e ela é quase tão perigosa quanto em 1929 ou 2000

    Para o bilionário e criador do fundo mais lucrativo do mundo, a atual bolha está na "metade do caminho" para ser tão ruim quanto a de 1929 e a de 2000

    Tamires Vitorio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Não é só para a China que uma bolha está se formando nos mercados mundiais. Para o bilionário  e criador do fundo mais lucrativo do mundo Ray Dalio, a atual bolha no mercado de ações está na “metade do caminho” para ser tão ruim quanto as de 1929, com a Grande Depressão, e 2000, com a Bolha da Internet. 

    Em entrevista ao Yahoo Finances, Dalio afirmou que o que aconteceu, “como acontece com diversos ciclos”, é que “novas ideias, novas tecnologias, e novas coisas chegam e fazem revoluções fabulosas e crescem”, o que, para ele, é ótimo —mas tem um porém.

    “Existe uma tendência de os investidores extrapolarem e não prestarem atenção ao preço, e o que acontece é que começa a emergir algo parecido com uma bolha”, disse. 

    Dalio não é o único a demonstrar preocupação com uma possível bolha nos mercados mundiais.

    No ínicio deste mês, Guo Shuqing, chefe do Partido Comunista no Banco Popular da China, afirmou a repórteres que “o país estava realmente com medo de que a bolha de ativos financeiros estrangeiros estourará algum dia”. Para Shuqing, a confiança dos mercados chineses pode ser “diretamente afetada pela volatilidade no mundo todo”. 

    Antes de Shuqing e de Dalio, os bancos de Wall Street já vinham respondendo a dúvidas de clientes em relação a um possível crash causado por descontrole na quantidade de ações no mercado — algo semelhante ao que aconteceu no ínicio do século. 

    Para Dalio, algumas das ações que estão em alta nos últimos tempos têm se beneficiado unicamente do capital especulativo. “Pelas nossas contas, a bolha não é o que era em 2000 e nem o que era em 1929. Mas está meio que na metade do caminho”, afirmou. 

    E o Brasil?

    Paulo Feldmann, professor associado da Faculdade de Economia e Administração da USP e pesquisador na Universidade Fudan, na China, entende que a probabilidade de algo como um “estouro de bolha” ou queda das bolsas acontecer é “bastante remota”.

    “Estamos justamente em um momento inverso, na medida em que a economia dos Estados Unidos começa a melhorar, com perspectivas ótimas para o segundo semestre, a China indo muito bem, e a Inglaterra se recuperando com muita rapidez da pandemia”, afirma. 

    Se acontecesse, Feldmann acredita que a situação, para o Brasil, não seria nada positiva. “Estamos em um momento muito delicado, ao contrário daquela última crise de 2008, quando estávamos em um momento muito bom, e a crise não nos pegou de uma forma muito intensa. Agora, a situação é muito diferente”, diz.

    Para Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos, com uma eventual bolha estourando, a primeira resposta dos investidores é sair de investimentos mais agressivos que, “por consequência, ofertam uma relação de risco e retorno mais deteriorada”.

    “O Brasil, com uma categoria de país emergente, acaba, por si só, sendo considerado um país que oferta risco. A consequência natural, então, seria de uma queda até mais forte que em países desenvolvidos”, diz. 

    O economista afirma que, nessas situações, também é comum que os países aumentem expressivamente suas taxas de juros para proteger suas moedas. No caso do Brasil, ao fazer isso, aconteceria uma piora na recessão. “Mas estamos em uma relação de perspectiva otimista em relação ao futuro, então acho que isso não irá acontecer”, explica Feldmann.

    A opinião de Feldmann é compartilhada por Villegas. “Nosso cenário é outro. Ainda não vejo um sinal completo de que bolhas estão próximas”, afirma. 

    A bolha de 1929

    A Grande Depressão, como ficou conhecida a crise econômica de 1929, foi o pior período da história de Wall Street. Antes de estourar, porém, a bolha foi preenchida por especulações que levaram milhares de pessoas a investir no mercado de ações. 

    Tudo estava dando certo até que, em uma quinta-feira de outubro, (que mais tarde ficaria conhecida como “quinta-feira negra”), o mercado elevou o valor das ações para níveis extremos. Com 70 milhões de títulos à venda e ninguém para comprar, os preços despencaram, a Bolsa caiu 11% e mais de 6 milhões de títulos financeiros foram vendidos —um recorde.

    Diversas empresas, pessoas e bancos foram a falência. Em dois dias, foram perdidos mais de US$ 30 bilhões. 

    A bolha de 2000

    A virada do século não trouxe carros voadores e chips capazes de armazenar toda a inteligência do mundo, mas conseguiu causar uma bolha financeira grave o suficiente para entrar na lista das piores. 

    Nela, era especulado que as companhias de internet iriam ser as próximas campeãs da chamada “Nova Economia”. Desde o começo dos anos 1990, as ações das empresas de tecnologia estavam em alta –o que mais tarde culminou no estouro da bolha da internet, pontocom, ou dotcom, como preferir. 

    Em 2000, as empresas do Nasdaq perderam 75% de seu valor de mercado. 

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