Para indústria, pior desempenho em 6 anos é resultado de juros altos
No centro desse cenário, estão juros em patamares elevados, cujos efeitos colaterais passam por uma maior inadimplência e redução do poder de compra do brasileiro, diz a CNI
A queda na demanda tem frustrado empresários da indústria, onde a produção atinge o menor índice desde 2017, seguindo tendência de desaquecimento em 2023. No centro desse cenário, estão juros em patamares elevados, cujos efeitos colaterais passam por uma maior inadimplência e redução do poder de compra do brasileiro, diz a CNI.
Esse momento foi capturado pela associação em dados divulgados nesta quinta-feira, que ligam o resultado, sobretudo, à alta dos estoques.
“As indústrias produziram para atender uma certa expectativa de demanda. Como ela não se concretizou, houve o acúmulo de estoques indesejados”, disse a confederação à CNN em nota.
Segundo a CNI, a taxa de juros tem um papel importante na redução dessa demanda. “Produtos mais caros, que as pessoas costumam pagar de forma parcelada, ficam ainda mais caros, com parcelas mais elevadas”.
“Também tem o endividamento e a inadimplência, relativamente altos, que fazem com que algumas famílias paguem juros mais altos e sofram com a redução de renda disponível”.
“Remédio amargo”
Parte desse movimento está ligada ao impacto tardio da política monetária contracionista do Banco Central Brasileiro, atualmente em 13,75% ao ano— maior patamar desde janeiro de 2017.
A Selic é a taxa de juros de referência da economia brasileira. Ela é definida pelo Banco Central e serve como uma espécie de piso para todos os outros juros praticados no país – tanto os dos empréstimos quanto os dos investimentos.
Ela é a ferramenta básica do BC para cumprir a sua principal missão: controlar a inflação do país. Quando os preços começam a subir demais, o Banco Central eleva os juros, o que encarece o crédito e leva as empresas a fazerem menos investimentos e as pessoas a comprarem menos.
Isso faz com que a demanda perca força gradualmente, desaquece a economia e, por consequência, ajuda a inflação a voltar a baixar.
*Publicado por Ligia Tuon