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    Usina Angra 3 poderá ter “pool” de financiamento com cerca de R$ 25 bi para finalizar obras

    A Eletrobras deixou de controlar as usinas nucleares no processo de privatização, mas ainda mantém compromissos relacionados a elas

    Reuters

    Os cerca de R$ 25 bilhões necessários para finalizar a construção da usina nuclear Angra 3 poderão ser financiados por um “pool” de agentes, incluindo bancos públicos nacionais, agência de fomento internacional e outras opções como debêntures incentivadas, disseram à Reuters o presidente da Eletronuclear e outras pessoas que acompanham o processo.

    A ideia é que esse financiamento inclua os atuais credores do projeto, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal, mas também novas alternativas de captação, como debêntures incentivadas, disse uma das fontes.

    “Os estudos apontam que uma parte dos recursos deve ser captada com risco do Tesouro Nacional, via ENBPar (estatal que controla as usinas nucleares e Itaipu), e o remanescente, via Eletrobras”, disse uma das fontes em condição de sigilo.

    A Eletrobras deixou de controlar as usinas nucleares no processo de privatização, mas ainda mantém compromissos relacionados a elas — a empresa negocia com a União sua saída desses ativos no âmbito da conciliação sobre poder de voto do governo na Eletrobras.

    Procurada, a Eletrobras não comentou o assunto imediatamente.

    O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deverá discutir em setembro sobre a retomada da obra.

    Segundo Raul Lycurgo, presidente da Eletronuclear, hoje controlada pela ENBPar, um banco de fomento francês BPI também poderá fazer parte do “funding” de Angra 3.

    “O BNDES da França já disse que tem disponível recursos… e tem outros bancos dispostos. Caixa e BNDES já financiaram, o que a gente pode fazer também é pré-pagar esse investimento… Ao pagar antes, podemos refinanciar a juros e condições melhores”, afirmou Lycurgo à Reuters.

    Cerca de R$ 25 bilhões ainda serão necessários para a conclusão da terceira usina nuclear brasileira, um projeto que se iniciou na década de 1980 e teve suas obras paralisadas e reiniciadas algumas vezes ao longo dos anos.

    Projetada com 1,4 gigawatt (GW) de potência, Angra 3 tem aproximadamente 67% das obras civis já realizadas. Os estudos de modelagem para finalização do empreendimento estão sendo conduzidos pelo BNDES e devem ser entregues até a semana que vem.

    Estimativas anteriores apontavam que a obra de Angra 3 consumiria pelo menos mais R$ 20 bilhões, mas os cálculos foram atualizados por conta do aumento de preços de itens que são dolarizados ou cotados em euro.

    O presidente da Eletronuclear lembrou ainda que o preço do urânio, insumo para o reator nuclear, também subiu bastante, encarecendo o custo da conclusão da obra.

    “Alguns equipamentos com a Covid, com subida de dólar e euro, isso afeta preços. Fora isso, a gente não tinha comprado toda a primeira recarga do combustível nuclear, e o preço do urânio subiu nos últimos anos uns 100%”, disse.

    O presidente da Eletronuclear destacou ainda que vários cálculos e exercícios vêm sendo feitos para amortecer o valor da tarifa que consumidor pagará pela energia da usina de Angra 3, hoje calculada entre R$ 650 a R$ 660 por megawatt-hora (MWh).

    Equipamentos e combustíveis comprados no passado para Angra 3, mas que acabaram sendo usados por Angra 2, serão abatidos, em valores que chegam aproximadamente R$ 1,4 bilhão, apontou o executivo. Também podem ajudar a melhorar a tarifa da usina a aprovação de projetos com incentivos tributários ao setor.

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