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    Mais de 90% dos CEO’s do Brasil são homens brancos, diz pesquisa

    Dados são da pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Page Executive

    Thais Herédia

    A gestão pela diversidade nas empresas ganha cada vez mais espaço, mas ainda está longe de ter provocado maior equilíbrio na liderança dos negócios.

    Mais de 90% dos CEO’s de companhias brasileiras são homens e brancos, com idade média de 50 anos, segundo pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Page Executive.

    O levantamento ouviu 149 executivos de empresas nacionais de grande e médio porte. Entre eles, apenas 8% eram mulheres e 9% de outras etnias. A baixa representatividade segue pelo organograma das companhias e mantém as mulheres distantes do topo.

    A equipe dos CEO’s tem em média 20 pessoas e, em 80% dos casos pesquisados, menos da metade daqueles que reportam a eles são mulheres.

    “Ainda há barreiras organizacionais implícitas e explícitas nas empresas. Uma delas tem a ver com as experiências profissionais mais valorizadas para chegar a CEO. São áreas ligadas a produtos, tipicamente vendas, marketing e financeiro. Outras áreas como jurídico e gestão de pessoas têm menos oportunidades. A concentração muito forte das mulheres em áreas de gestão de pessoas foi uma forma delas se aproximarem da liderança, mas elas ficaram paradas lá”, disse à CNN o diretor do Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, Paul Ferreira.

    O caminho para chegar à maior cadeira dos negócios é mais curto para quem já está na empresa há mais tempo como funcionário, acionista ou mesmo fundador. Apenas 31,54% dos postos vêm de indicações externas.

    Ainda assim, a maturação do profissional não é rápida. Segundo estudo, 66% dos CEOs trabalharam até 20 anos, e 68% deles trabalharam em até três empresas para chegar lá pela primeira vez.

    Esta dinâmica explica boa parte da dificuldade das mulheres subirem aos postos de liderança. Elas chegam a 47% das equipes administrativas. Caem para 42% entre os analistas e coordenadores e 37% entre os gerentes.

    Quanto mais para cima, menor a representatividade feminina nos postos. Elas são 29% entre os gerentes sêniors ou chefes de setores e apenas 23% em posições executivas, como vice presidentes.

    “Há muitas barreiras estruturais que fazem com que transição para essa posição seja mais complicada. Para chegar a CEO, por exemplo, tem que ter maior exposição a outras empresas e nós sabemos que homens mudam mais que mulheres.”, diz Paul Ferreira.

    Uma outra característica destacada pelo professor da FDC é sobre a cobrança por resultados. Segundo ele, as exigências sobre as mulheres são maiores, principalmente em tempos de crise. Paul Ferreira disse à coluna que a nomeação de mulheres para cargos de CEO’s nestes anos de pandemia diminuiu na comparação com anos anteriores.

    As 8 mulheres CEO’s dentre as 149 empresas ouvidas pela pesquisa da Fundação e a Page Executive são brancas, tem entre 40 e 60 anos, tem equipes entre 5 e 20 pessoas. Aqui há uma diferença promissora para aumento da diversidade, já que há mais mulheres neste grupo que reporta diretamente ao chefe executivo.

    A adoção de políticas de diversidade não só de posições dentro das empresas, mas também na busca por novos profissionais, já é uma realidade no Brasil.

    Para o diretor da Fundação, o processo caminha, mas com muita lentidão. O recrutamento pode ser uma boa oportunidade para aumentar a diversidade, não só pelo gênero, como pelas etnias também.

    “Existe uma preocupação cada vez maior por parte das empresas e um movimento ativo em busca de diversidade nas lideranças, c-level e conselho. A diversidade passa por gênero, uma bandeira sendo levantada há muito tempo, por etnia, com mais movimentos afirmativos, e de pensamento. Mesmo dentro de um gênero ou grupo étnico é preciso buscar pessoas com backgrounds e origens diferentes. Isso ajuda a trazer olhares distintos e formas de pensar para as empresas”, diz Maira Campos, diretora executiva da Page Interim.

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