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    Funcionário denuncia falhas na fabricação de Boeing 787 Dreamliner

    Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) investiga o caso

    Gregory WallaceGabe Cohenda CNN

    Autoridades federais afirmaram nesta terça-feira (9) que estão investigando a Boeing após a denúncia de um funcionário sobre a fabricação de dois modelos de jatos. O empregado alega que, após realizar as queixas, ele teria sofrido retaliações por parte da companhia.

    Segundo o jornal americano The New York Times, a denúncia partiu do engenheiro da Boeing Sam Salehpour, que disse que a empresa pegou “atalhos” para fabricar os jatos 777 e 787 Dreamliner. Segundo ele, os riscos podem ser catastróficos com o passar dos anos.

    Salehpour fez uma reclamação formal à Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) em janeiro. No entanto, a denúncia não diz respeito ao modelo mais recente, o 737 Max, que teve a produção suspensa após incidentes.

    Salehpour disse nesta terça-feira que sua reclamação levanta “duas questões de qualidade que podem reduzir drasticamente a vida útil dos aviões”.

    “Não estou fazendo isso porque quero que a Boeing falhe, mas porque quero que ela tenha sucesso e evite que acidentes aconteçam. A verdade é que a Boeing não pode continuar do jeito que está. Precisa melhorar um pouco, eu acho”, afirmou, em entrevista a jornalistas.

    Segundo a advogada de Salehpour, Lisa Banks, a FAA interrogou Salehpour como parte da investigação. Por sua vez, a FAA disse que investiga todas as reclamações de denunciantes.

    “Relatórios voluntários sem medo de represálias são um componente crítico na segurança da aviação”, afirmou a FAA. “Encorajamos fortemente todos na indústria da aviação a compartilhar informações”, acrescentou.

    Um comitê no Senado também deve abordar as preocupações com a companhia em uma audiência, marcada para a próxima semana.

    A Boeing não comentou imediatamente as alegações sobre o 777, mas contestou as preocupações de Salehpour sobre o 787.

    “Essas afirmações sobre a integridade estrutural do 787 são imprecisas e não representam o trabalho abrangente que a Boeing fez para garantir a qualidade e a segurança da aeronave a longo prazo”, afirmou a empresa, em comunicado.

    Lacunas no Dreamliner

    Os aviões 787 Dreamliner da Boeing, que começaram a operar em 2011, podem ter uma vida útil de 50 anos – cerca de 44 mil voos cada, segundo a empresa.

    Mas a reclamação de Salehpour alega que as tripulações que montaram o avião não conseguiram preencher adequadamente pequenas lacunas ao unir peças da fuselagem fabricadas separadamente.

    Segundo ele, isso desgasta mais o avião, encurtando sua vida útil e arriscando uma falha “catastrófica”.

    As alegações não são inteiramente novas: durante quase dois anos, começando em 2021, a FAA e a Boeing suspenderam as entregas dos novos Dreamliners enquanto analisavam as lacunas. A Boeing disse que fez mudanças em seu processo de fabricação e que as entregas foram retomadas.

    “Incorporamos a atividade conjunta de inspeção e verificação em nosso sistema de produção para que os aviões que saem da linha de produção atendam a essas especificações”, disse a empresa.

    Os 787 Dreamliners não foram suspensos, mas a FAA chegou a investigar duas vezes questões sobre controle de qualidade durante o processo de montagem do jato. A empresa afirmou ainda que os aviões são seguros para voar.

    Os advogados de Salehpour disseram que a FAA ficou surpresa ao descobrir, por meio de sua denúncia, que as lacunas ainda eram um problema.

    “Eu literalmente vi pessoas pulando nas peças do avião para alinhá-las”, disse Salehpour. “Ao pular para cima e para baixo, você está deformando as peças para que os buracos se alinhem temporariamente… e não é assim que você constrói um avião”, acrescenta.

    Suposta retaliação

    Salehpour disse que sofreu retaliações por parte da Boeing após levantar outra preocupação sobre o 787, além de um modelo de avião diferente.

    Desta vez, a denúncia dizia que ele indicou à administração a existência de problemas de perfuração com o 787, mas foi “ignorado e transferido do programa 787 para o programa 777”.

    Em sua nova função, Salehpour disse ter descoberto um trabalho “abaixo da média” em relação ao alinhamento de peças da carroceria. Além disso, os engenheiros eram pressionados para liberarem trabalhos que ainda não haviam sido inspecionados.

    Ao todo, Salehpour disse, ao todo, os problemas envolvem mais de 400 aeronaves do modelo 777 e mil Boeings 787.

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