Ex-CEO do Alibaba deixa divisão de nuvem da empresa em meio à reestruturação
Alibaba pretendia concluir a cisão da sua unidade de nuvem nos próximos 12 meses para torná-la uma empresa independente listada em bolsa
Daniel Zhang, o presidente e CEO de saída da Alibaba, renunciou ao cargo de dirigente da divisão de nuvem da empresa, em uma mudança surpresa anunciada poucos meses depois de assumir o papel.
As ações do Alibaba caíram 3% na bolsa de Hong Kong após o anúncio, nesta segunda-feira (11).
Zhang deixará agora totalmente a gestão central da gigante de tecnologia chinesa, à medida que esta empreende a sua maior reestruturação da sua história, no meio de um agravamento da recessão na segunda maior economia do mundo.
Há apenas três meses, Zhang, 51 anos, disse que um dos principais motivos pelos quais ele queria deixar o cargo de presidente da empresa era porque precisava se concentrar na sua divisão de tecnologia em nuvem.
“Ficamos surpresos com o anúncio”, escreveram analistas do Citi na segunda-feira. “O senhor Zhang pode ter feito esse movimento para se afastar dos holofotes públicos, na nossa opinião”, acrescentaram sem dar mais detalhes.
Eddie Yongming Wu sucederá Zhang como presidente interino e CEO de sua unidade de nuvem, disse a companhia nesta segunda-feira.
“A empresa continuará a executar seu plano anunciado anteriormente de desmembrar o Alibaba Cloud Intelligence Group sob uma equipe de gestão separada a ser nomeada”, disse a empresa em um documento à bolsa de valores.
Em maio, a Alibaba anunciou que pretendia concluir a cisão da sua unidade de nuvem nos próximos 12 meses para torná-la uma empresa independente listada em bolsa.
Joseph C Tsai, cofundador da empresa, assumiu o cargo de presidente do Grupo Alibaba, enquanto Wu assumiu o cargo de CEO e diretor, conforme nota da empresa, o executivo afirmou que a transição de liderança da empresa foi concluída.
A mudança acontece em um momento em que uma das empresas mais icónicas da China passa por uma revisão histórica no meio de uma desaceleração econômica e de uma campanha contínua do governo chinês para reduzir o que chama de “natureza monopolista” das empresas de internet.
Numa carta interna aos funcionários obtida pela CNN, Tsai disse que ele e Wu esperam abraçar “a próxima fase” do desenvolvimento do Alibaba.
“Em março passado, embarcamos em nossa reorganização mais ambiciosa nos 24 anos de história do Alibaba – “1+6+N” – a fim de posicionar a empresa para o futuro”, escreveu ele no domingo, referindo-se à estrutura organizacional do Alibaba após o reestruturação — 1 holding, seis grupos empresariais e diversos negócios.
“Sob os esforços dedicados de Daniel e de nossa equipe, a reorganização está progredindo continuamente enquanto nosso negócio continua a crescer.”
Tsai também é proprietário do Brooklyn Nets e do New York Liberty, e é presidente do South China Morning Post, um jornal com sede em Hong Kong e propriedade do Grupo Alibaba.
Reestruturação significativa
Em março, o Alibaba anunciou que se dividiria em seis unidades distintas, incluindo nuvem, comércio eletrônico, logística, mídia e entretenimento. Cada unidade seria supervisionada por seu próprio CEO e conselho de administração, e a maioria deles poderia buscar listagens ou captação de recursos separadas.
Foi a “revisão de governança mais significativa” na história da empresa, afirmou a empresa na época.
A reestruturação foi considerada pelos analistas como um esforço do Alibaba para se alinhar com o desejo de Pequim de acabar com os monopólios e reduzir a influência das empresas tecnológicas.
Analistas disseram que a saída de Zhang do negócio de nuvem foi uma surpresa, mas não deve afetar um potencial IPO da unidade.
“Nosso entendimento é que as notícias de hoje não afetam o progresso da cisão e IPO da divisão de nuvem, ou da reorganização mais ampla”, disse Jacob Cooke, cofundador e CEO da WPIC Marketing + Technologies.
Os ganhos trimestrais mais recentes do Alibaba “foram muito fortes”, com a receita geral aumentando 14% em comparação com o ano anterior e a receita doméstica do comércio eletrônico aumentando 12%.
“Apesar dos ventos económicos contrários, as vendas do comércio eletrônico chinês continuam a ter um bom desempenho e a pressão regulamentar que o Alibaba enfrentava anteriormente foi levantada”, observou ele.
Tsai disse na carta que Zhang expressou seu desejo de deixar seu papel como presidente e CEO da unidade de nuvem.
“Após uma consideração cuidadosa, o conselho do Alibaba respeitou e aceitou a decisão de Daniel”, disse ele.
Zhang estabelecerá um fundo de tecnologia com um investimento de mil milhões de dólares da Alibaba, que apoiará a estratégia da empresa-mãe de investir para o crescimento futuro e desenvolver o ecossistema tecnológico da empresa, disse Tsai na sua carta.
Zhang trabalha no Alibaba há 16 anos, durante os quais criou o festival de compras do Dia dos Solteiros, que se tornou o maior evento de compras online da China.
Ele também orientou as equipes na “transição de nossos negócios de desktop para dispositivos móveis” e enfrentou inúmeros desafios com “mão firme”, incluindo a pandemia de Covid-19 e mudanças dramáticas no ambiente de negócios mais amplo, disse Tsai.
