Entenda a linha do tempo do apagão cibernético da CrowdStrike
Sistemas de hospitais, bancos e aeroportos foram paralisados
O apagão cibernético global desta sexta-feira (19) paralisou repentinamente muitos sistemas de computadores nos setores empresarial, de saúde, tecnologia e governamental em menos de 12 horas.
Como essa grande “tela azul” se desenrolou? Quais sistemas se recuperaram e quais ainda são afetados? Nós o detalhamos.
Madrugada de quinta para sexta
Durante a madrugada de quinta-feira (18) para sexta, vários estados norte-americanos, incluindo Alasca e Arizona, tiveram interrupções no serviço de emergência 911. Alguns hospitais também começaram a ter problemas de tecnologia durante a noite, de acordo com enfermeiras de plantão.
Entre 3h e 4h no horário de Brasília, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) anunciou que todos os voos da Delta e da American Airlines estavam suspensos.
Vários minutos depois, a FAA diz que os voos da United e da Allegiant Airlines foram suspensos, independentemente do destino.
A Spirit Airlines diz que seu sistema de reserva de voos também foi afetado pela interrupção.
Mais tarde, entre 6h e 7h, os sistemas de transporte público no Nordeste dos EUA começam a anunciar que foram impactados.
Os serviços de transporte público de Washington, DC — incluindo trens e ônibus — começam a sofrer atrasos, de acordo com a Washington Metropolitan Area Transit Authority.
Na cidade de Nova York, a Metropolitan Transportation Authority, a maior rede de transporte da América do Norte, disse que os sistemas de informação ao cliente ficaram temporariamente offline, mas os serviços de trem e ônibus permanecem inalterados.
Às 6h30, a empresa de segurança cibernética dos EUA CrowdStrike diz aos clientes que estava “ciente de relatos de falhas” de seu software em sistemas operacionais Microsoft Windows, de acordo com um aviso da empresa visto pela CNN Internacional.
O software de segurança cibernética da CrowdStrike — usado por várias empresas da Fortune 500 — detecta e bloqueia ameaças de hacking.
Entre 7 e 8 da manhã
Entre 7h e 8h em Brasília: um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse à CNN Internacional que eles estão “cientes do incidente e estão investigando a questão e os impactos”.
Uma fonte da Casa Branca familiarizada com o assunto disse à CNN que não há indícios de atividade maliciosa, embora o governo ainda estivesse investigando.
Bancos globais começam a relatar algumas interrupções de serviço, incluindo o Commonwealth Bank da Austrália, o Capitec da África do Sul e o Bank of Israel.
Os credores australianos ANZ e Westpac também foram impactados, de acordo com o Downdetector, um site que rastreia interrupções cibernéticas. O Downdetector também relatou problemas para o ASB Bank da Nova Zelândia.
O prefeito de Portland, Ted Wheeler, emitiu uma declaração de emergência em resposta à interrupção que afetou o sistema Computer Aided Dispatch do Departamento de Comunicação de Emergência, que é usado para atender chamadas de emergência.
O departamento começa a atender chamadas manualmente, de acordo com o gabinete do prefeito.
Enquanto isso, a United Airlines anuncia que está retomando “alguns voos”.
Entre 9 e 10 da manhã
A Delta Air Lines retoma alguns voos e emite isenções de viagem para clientes afetados.
Um porta-voz do Aeroporto Internacional Hartsfield Jackson de Atlanta disse que os sistemas estavam operacionais e que o aeroporto colocou pessoal adicional de atendimento ao cliente para lidar com os desafios que estavam enfrentando.
O porta-voz pediu aos clientes que “tenham paciência. Estamos tentando atender com paciência todos os passageiros. Estamos pedindo o mesmo”.
Mais tarde na manhã de sexta-feira, o Aeroporto Internacional Charlotte Douglas, um hub da American Airlines, aconselha os passageiros a não irem ao aeroporto “a menos que tenham confirmado suas informações de voo com a companhia aérea”.
Autoridades do Aeroporto Internacional de Miami, outro hub da American Airlines, também alertam os viajantes que as operações da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA foram afetadas em todo o país, “então as chegadas de passageiros internacionais estão atualmente sendo processadas manualmente em um ritmo mais lento”.
Das 10h ao meio-dia
Pouco antes das 10h de Brasília, a Polícia Estadual do Alasca e o Departamento de Polícia de Phoenix, no Arizona, disseram que os serviços em seus centros de 911 estavam novamente operacionais. O sistema de despacho auxiliado por computador de Portland também volta a funcionar às 10h.
“Em nenhum momento a capacidade da comunidade de fazer chamadas para o 911 foi impactada”, diz o gabinete do prefeito em um comunicado à imprensa. “Os serviços essenciais de salvamento de vidas dos departamentos de segurança pública, incluindo Polícia e Bombeiros, continuam.”
A Comissão Federal de Comunicações anuncia que está trabalhando com agências federais para fornecer assistência e determinar a extensão da interrupção após ter sido informada sobre “relatórios de uma falha de sistemas causando interrupções no serviço, incluindo o 911”.
O presidente Joe Biden é informado sobre a interrupção do CrowdStrike e sua equipe entra em contato com a empresa e as entidades impactadas, diz um funcionário da Casa Branca.
A equipe do presidente também está envolvida com agências “para obter atualizações setor por setor ao longo do dia e está de prontidão para fornecer assistência conforme necessário”, de acordo com o funcionário.
Por volta dessa hora, um número crescente de agências federais norte-americanas começa a se envolver e relatar interrupções de serviço.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA diz em uma declaração no X que eles estão “trabalhando com a CrowdStrike, a Microsoft e nossos parceiros federais, estaduais, locais e de infraestrutura crítica para avaliar e abordar completamente as interrupções do sistema”.
Os escritórios da Previdência Social fecham ao público, pois a agência alerta que “tempos de espera mais longos em nosso número nacional 800 são esperados”.
Em um memorando interno visto pela CNN Internacional, o Departamento de Justiça dos EUA diz que está sentindo algum impacto da interrupção da tecnologia e, embora esteja trabalhando em soluções alternativas, observa que não tem um “tempo estimado de restauração”.
As transportadoras de correio UPS e FedEx disseram à CNN que também foram impactadas pela interrupção. A UPS diz que sua companhia aérea está operacional e seus motoristas estão nas estradas, mas pode haver alguns atrasos no serviço.
Pouco depois das 12h, o CEO da CrowdStrike, George Kurtz, disse em uma publicação no X que a empresa “[entende] a gravidade da situação e lamenta profundamente o inconveniente e a interrupção”, acrescentando que o incidente não foi um ataque cibernético e que os dados dos clientes permanecem protegidos.
“O problema foi identificado e uma correção foi implantada”, afirmou. “Houve um problema com uma atualização de conteúdo do Falcon para hosts do Windows.”
Tarde de sexta-feira
O Departamento de Transporte de Massachusetts anuncia que algumas operações do Registro de Veículos Motorizados foram impactadas. Outros estados também relatam impactos em seus serviços de direção, incluindo Geórgia, Carolina do Norte, Texas e Tennessee.
Enquanto isso, vários sistemas hospitalares e de saúde dos EUA anunciaram que foram afetados pela paralisação global.
Enquanto alguns hospitais relatam atrasos nos serviços, outros cancelam algumas cirurgias não urgentes e consultas médicas.
Na Colúmbia Britânica, a Autoridade Provincial de Serviços de Saúde (PHSA) anuncia que seu sistema de saúde foi afetado e está trabalhando na implementação de planos de contingência para garantir o atendimento aos pacientes.
Por volta das 17h, o New York Blood Center, fornecedor de sangue para aproximadamente 200 hospitais no nordeste dos Estados Unidos, informou que colocou em prática uma operação de transporte de emergência para distribuir sangue.
“Os tubos de ensaio não estão chegando aos aviões de ontem e hoje, exigindo que os conduzamos”, disse o vice-presidente sênior do New York Blood Center, Andrea Cefarelli, à CNN Internacional em um telefonema. “Haverá um atraso de 12 a 24 horas para obter os resultados dos testes.”
Blood Centers of America, que depende de empresas de transporte como a FedEx, diz que enfrenta atrasos no relato de resultados de testes.
A vice-presidente executiva Jenny Ficenec diz que o uso de sangue pode estar baixo devido ao cancelamento de cirurgias eletivas por hospitais, então o atraso não deve causar nenhuma escassez, a menos que o problema persista.
A Blood Assurance, que fornece sangue para hospitais em vários estados do sudeste, incluindo Tennessee, Geórgia, Carolina do Norte e Virgínia, disse que seu embarque planejado de pelo menos 20 plaquetas foi adiado devido a atrasos e cancelamentos de voos causados pela interrupção.
“Estamos pedindo aos membros da comunidade que ajudem por meio de doações”, diz a Blood Assurance em um e-mail para a CNN. “Temos uma comunidade fantástica de doadores que sempre aparecem quando precisamos deles.”
Enquanto isso, o CEO da CrowdStrike, Kurtz, recorre às redes sociais novamente e promete aos clientes “total transparência” sobre como ocorreu a interrupção global de TI envolvendo o software da empresa.
A CrowdStrike tomaria medidas “para evitar que algo assim acontecesse novamente”, de acordo com uma declaração no site da empresa.
Entenda a falha cibernética global que afetou voos, bancos e hospitais
