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    Empresas devem fazer mais para proteger a biodiversidade, diz Fórum Econômico Mundial

    Organização listou principais passos em diferentes setores da economia para um futuro de impacto positivo na natureza e bilhões de dólares em geração de valor

    Aline Scherercolaboração para a CNN

    Diante de novas catástrofes climáticas, com enchentes ocorrendo de forma simultânea em vários países, o Fórum Econômico Mundial chama atenção dos líderes empresariais para intensificar as ações de transição para a economia de baixo carbono, tornando as empresas mais resilientes.

    A Organização Internacional para a Cooperação Público-Privada, mais conhecida por sua reunião anual em Davos, nos alpes suíços, sempre em janeiro há 53 anos, divulgou orientações para setores específicos a fim de proteger a biodiversidade.

    “Construir um mundo de impacto positivo na natureza significa mudar a forma como a natureza é vista, substituindo o antigo mantra de simplesmente minimizar os impactos negativos por uma nova abordagem que restaura, protege e valoriza a natureza”, disse em seu site.

    O conceito de travar e reverter a perda de biodiversidade até 2030 é a missão central do Plano de Biodiversidade, ou Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal. Adotado durante a Conferência de Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), no Canadá em 2020, a COP15, o acordo histórico inclui quatro objetivos e 23 metas.

    A Meta 15 destaca explicitamente a necessidade de avaliação e divulgação obrigatórias por parte das empresas. E a ONU fez um apelo nesta quarta-feira (22) para que todos, incluindo a iniciativa privada, participem ativamente da implementação do Plano de Biodiversidade.

    “Líderes empresariais podem transformar os seus negócios para ajudar a proteger a natureza e gerar impacto positivo”, diz o Fórum Econômico Mundial.

    De acordo com a organização, a natureza sustenta a economia global. Mais da metade do PIB mundial – US$ 44 trilhões – depende moderada ou altamente da natureza através da utilização de água, minerais e regulação climática, por exemplo.

    O Relatório de Riscos Globais de 2024 do Fórum Econômico Mundial assinala que os riscos ambientais representam metade dos 10 principais riscos nos próximos 10 anos e classifica a perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas como o terceiro maior risco global para a humanidade.

    A pesquisa do Fórum Econômico Mundial mostra que investir numa economia positiva para a natureza poderia gerar US$ 10,1 bilhões em oportunidades de negócio anualmente e criar 395 milhões de empregos até 2030 através, por exemplo, da utilização da agricultura regenerativa, da gestão florestal sustentável e do desenvolvimento de cadeias de abastecimento mais transparentes. Isto ajudaria a transformar os três setores da economia responsáveis ​​por quase 80% da perda de natureza: alimentos, infraestrutura e energia.

    Com o apoio da consultoria de gestão Oliver Wyman, o Fórum Econômico Mundial desenvolveu três relatórios setoriais específicos, centrados em como empresas de produtos domésticos e bens de consumo; cimento e concreto, e produtos químicos, podem beneficiar a natureza e a biodiversidade.

    Estes relatórios fazem parte de uma série maior, que abrange 12 setores diferentes, produzida em colaboração com a coalizão Business for Nature e o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável.

    Produtos domésticos e de higiene pessoal

    Além de atender necessidades básicas e contribuir para o bem-estar, os produtos domésticos e de higiene pessoal geram aproximadamente US$ 700 bilhões em vendas, segundo pesquisa da consultoria Oliver Wyman.

    Mas os fabricantes utilizam quantidades significativas de água e outros recursos naturais, provocam alterações na utilização dos solos, poluição – especialmente por plásticos, e emissões de gases de efeito de estufa.

    Para reduzir o seu impacto na natureza, as empresas do setor doméstico e de cuidados pessoais devem melhorar a gestão da água; adquirir matérias-primas de forma responsável; influenciar o comportamento do cliente no uso e descarte do produto; apoiar a conservação e restauração da natureza; e expandir práticas de economia circular, como a logística reversa, inovação e colaboração.

    Adotar essas cinco ações prioritárias poderiam gerar ao setor US$ 62 bilhões por ano de valor adicional até 2030.

    Materiais de construção

    O concreto – que é produzido principalmente com cimento – é o segundo material mais consumido no mundo depois da água.

    E não há previsões de redução de fabricação deste material. Embora algumas empresas do setor já operem sob rígidas regulamentações, o setor tem forte impacto na natureza, devido ao grande volume de emissões de gases com efeito de estufa, da utilização de água doce e do desequilíbrio ecossistema que causa durante sua fabricação.

    A produção de concreto é responsável por 9% do uso global de água industrial.

    Para reduzir o seu impacto na natureza, as empresas do setor de materiais de construção devem melhorar a gestão da água; reduzir emissões; fortalecer a recuperação, a reabilitação e a gestão da biodiversidade; expandir as práticas de economia circular, por exemplo, utilizando resíduos de demolição na produção de cimento; e acelerar a inovação em áreas como matérias-primas e ofertas de produtos.

    Com essas iniciativas, que incluem a adoção de novas tecnologias e formas de fabricação, as empresas do setor poderão desbloquear US$ 44 bilhões por ano de valor adicional até 2030.

    Produtos químicos

    Os produtos químicos são utilizados em quase todos os processos industriais e diariamente em quase todos os lares. As vendas globais deste segmento totalizam cerca de US$ 4 trilhões por ano, fornecendo materiais essenciais para 95% de todos os produtos manufaturados em todo o mundo.

    Mas o setor contribui para a perda de biodiversidade, a partir da poluição, das emissões de carbono, da utilização de água doce e do uso da terra em todas as fases da sua cadeia de valor.

    Como outras indústrias, também depende de ativos ambientais para funcionar e crescer, como o abastecimento de água, biomassa, recursos minerais e energéticos.

    Para reduzir o seu impacto, as empresas do setor químico devem reduzir o risco de poluição e os impactos negativos, por exemplo, através da inovação dos produtos, da circularidade e da educação dos clientes; aumentar a eficiência da produção e a utilização de energias renováveis; melhorar a gestão da água; adquirir matérias-primas de forma responsável; apoiar a conservação e restauração da natureza. Ao realizar estas cinco ações prioritárias, o setor químico poderá desbloquear US$ 320 bilhões em oportunidades de negócio anuais até 2030, através de mudanças como a utilização de matérias-primas recicladas.

     

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