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    É necessária uma união de esforços entre governo e empresas, diz Carlos Wizard

    O empresário, dono da Sforza Holding que controla empresas como Mundo Verde, Taco Bell e Pizza Hut, volta de Roraima para participar da luta contra a COVID-19

    André Jankavski , do CNN Brasil Business, em São Paulo

     
    Carlos Wizard
    Carlos WIzard Martins, empresário: “Todos estamos em um processo de conscientização”
    Foto: Sforza Holding/Divulgação

    O empresário Carlos Wizard Martins, dono da holding Sforza, que controla empresas como Mundo Verde, KFC, Pizza Hut no Brasil, decidiu deixar a vida dos negócios de lado nos últimos dois anos. Na época, a sua missão, juntamente com a sua esposa, foi ajudar mais de 12 mil refugiados venezuelanos que insistiam em cruzar a fronteira com o Brasil em busca de melhores oportunidades, diante de uma economia totalmente fragilizada.

    Com o fechamento das fronteiras, Wizard, que ficou conhecido assim pelo nome da tradicional escola de idiomas, o seu primeiro negócio, embarcou no combate ao coronavírus. Voltou para Campinas e, junto com a ajuda de outros empresários e diversas doações, decidiu levantar um hospital de campanha com 50 leitos de unidades de tratamento intensivo (UTIs). A estrutura é similar ao que funcionava em Boa Vista, capital de Roraima, que atendia os refugiados.

    Porém, o plano ficou para depois. A Universidade de Campinas (Unicamp) não quis assumir o hospital, que ficaria dentro do seu campus. Com isso, a prefeitura da cidade se responsabilizou pelo projeto e Wizard, então, decidiu encarar outras frentes.

    A principal delas foi a criação de uma nova estratégia para arrecadação de doações: ele decidiu criar um site para “doar” as vendas de seus livros pelo valor que a pessoa decidisse pagar. A meta é arrecadar um valor acima de R$ 2 milhões – valor que ele dobrará do próprio bolso. Os recursos seriam direcionados na montagem de outros hospitais de campanha, além da compra de máscaras e outros equipamentos médicos.

    O empresário é dono de uma fortuna de mais de R$ 2 bilhões, segundo ranking realizado pela revista Forbes. Entre as empresas que ele tem sob o seu controle, está a subsidiária brasileira da cadeia de restaurantes de comida mexicana Taco Bell. E a rede entrou no balaio da doação. A cada pedido realizado pelo delivery, R$ 1 será doado pela Taco Bell. O prazo da ação é por tempo indefinido – e Wizard acredita que é possível chegar a 100 mil pedidos por mês.

    “Todos estamos em um processo de conscientização”, diz o empresário.

     Para Wizard, é necessário que os grandes nomes da iniciativa privada entendam que também é missão deles ajudar na crise. “Os empresários cumprem um papel importante no combate ao coronavírus, pois tem liberdade de ação e econômica que possibilita ações mais rápidas”, diz Wizard. “No momento em que estamos, é necessária a união de esforços.”

    A iniciativa privada começou a entender o tamanho do problema está mais atuante na batalha contra a COVID-19. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira dos Captadores de Recursos (ABCR), que é atualizado corriqueiramente, já foram realizadas doações no montante de R$ 3,2 bilhões. Outro estudo, desta vez do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), que é uma associação criada por investidores sociais brasileiros, mostrou que o total de doação realizado pelos brasileiros foi de R$ 3,2 bilhões em 2018 – mesmo número que a doação contra o novo coronavírus.

    Apesar de relevante, ainda é um número pequeno. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, país em que esse tipo de atuação está mais enraizado na cultura, o montante foi de US$ 427,1 bilhões no ano passado, de acordo com o relatório anual Giving USA, publicado em 2019. Ou seja, passou dos R$ 2,1 trilhões.

    Os negócios pós-pandemia

    Apesar de estar afastado do dia a dia corporativo, Wizard também dá os seus palpites sobre o retorno dos negócios. A normalidade vai demorar, segundo ele. “A retomada será lenta e difícil e levará anos para atingirmos o patamar econômico do ano passado. É necessário reduzir custos e fortalecer a equipe de vendas”, diz ele.

    E, segundo o empresário, o atendimento ao cliente também precisará ser reinventado. Além disso, será cada vez mais difícil para empresas pensarem apenas nos mercados locais. Com a força da internet, os empresários precisarão entender que é necessário vender para todos os lugares e com o mesmo tipo de relação com o cliente.

    “Tem que se pensar em um negócio que atenda em larga escala”, diz Wizard.

    Sobre a escolha entre economia e saúde, que tem movimentado as discussões entre os poderes e também nas redes sociais, o empresário enxerga apenas o caminho do meio. “Temos que investir no isolamento, mas é necessário ter a mente voltada para a economia”, afirma. “Precisamos ter todas as medidas preventivas, fortalecer a imunidade da população e tomar todas as medidas de proteção.”

    A respeito das discussões políticas, decidiu não se alongar. “Não convém, hoje, ter briga políticas entre prefeitos, governadores e presidente. O momento não é político, mas de solidariedade – nós temos que salvar vidas.” 

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